Criolo fecha segunda noite da Expo Internacional Dia da Consciência Negra
Público se divertiu em dia que teve dança, groove, atividades para toda a família e muita celebração e combate ao racismo estrutural
- Data: 24/11/2024 13:11
- Alterado: 24/11/2024 13:11
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Criolo durante apresentação na Expo Internacional Dia da Consciência Negra
Crédito:Divulgação
O segundo dia da Expo Internacional Dia da Consciência Negra foi recheado de manifestações que lembram o passado, que fincam um pé no presente, mas sempre com o olhar em um futuro melhor para pretas e pretos da cidade de São Paulo e do Brasil. O evento da Prefeitura de São Paulo, realizado por meio da Secretaria Municipal de Relações Internacionais (SMRI), dentro da política pública São Paulo: Farol de Combate ao Racismo, se consolida como o espaço para todas as manifestações afro-brasileiras. Samba, hip-hop, charme, moçambique, coral afro, e tudo aquilo que lembre e celebre a potência negra. “Ainda temos muito a avançar quando falamos de racismo estrutural, mas somos um povo alegre, que se manifesta através da arte, da gastronomia, da moda, da religiosidade e de tantas outras formas. Respeitem a cultura afro-brasileira, ela é de todos nós!”, lembra a gerente de projetos e responsável pela Expo, Elaine Gomes.
Memória e tradição
“Quem é que guarda a memória do samba?”, pergunta o baluarte e compositor da Vai-Vai, Fernando Penteado, na música “Tributo à Velha Guarda”. Na sequência, o coral de pastoras responde: “é a velha guarda, seu moço”. Diferente do samba carioca em seu andamento e na sua resistência, em São Paulo o batuque dos nossos tambores está relacionado com o carnaval de rua, as escolas de samba e a influência do samba de bumbo. Nascido no Centro, na região da Liberdade e da Praça da Sé, o samba paulistano desde 1991 tem no Sambódromo do Anhembi o seu epicentro.
Para os sambistas a história e a ancestralidade dos griôs celebrada em um evento como a Expo fortalece cultura de aquilombamento e resistência dos negros em SP. “O preconceito que o samba e os negros sofreram eu vejo como aprendizado. Cultuar o passado sim, mas sem deixar de olhar para o futuro, andar para frente. Andar para frente é bom, né? Temos que evoluir sempre e é isso que estamos fazendo”, explica Raimundo Pereira, o Mercadoria, de 82 anos, que é o responsável pelo departamento da velha guarda da LigaSP das Escolas de Samba, além de ser um dos quatro fundadores da entidade que organiza o carnaval paulistano.
Segundo Mercadoria, o samba sempre foi uma forma de crônica social, que explica a cidade e a vida das pessoas. No caso dos negros, isso muitas vezes significou se mover fisicamente, conforme São Paulo se adensava. Essa “diáspora” dos pretos dentro da cidade por conta do crescimento da metrópole, também foi cantada nos ritmos sincopados dos bambas, como na música do sambista Geraldo Filme: “Vou sambar noutro lugar”. A letra diz: “Surgiu um viaduto, é progresso/ eu não posso protestar/ Adeus, berço do samba/ eu vou me embora/ vou sambar noutro lugar”.
É som de preto…
O funk cheio de representatividade do Ball Room, a ancestralidade de Godê Lima, os passinhos do Baile Black Bom, os sucessos do Pagode 90, a tradição do Coral Afro e os embalos de Paula Lima, Leo Maia e de Claudio Zoli, enfim, ritmos e sons que passam por boa parte da contribuição da música negra brasileira. “Sempre fui maluco pelo som do Claudio Zoli. Acho que todo mundo que tem a minha idade tem alguma história boa para contar ao som de ‘Noite do Prazer’, né?”, brinca o advogado Sandro Garcez de Lima, 49, morador da Vila da Saúde na Zona Sul, que curtia o show na companhia da esposa Silmara Pereira de Lima, 42, e dos filhos Juan, 12, e Gael, 9.
A noite terminou com um catártico show do rapper e compositor de MPB, Criolo, filho de imigrantes cearenses que fixaram residência na região do Grajaú, Zona Sul da capital paulista. O público que esperou e lotou a pista do Anhembi se emocionou e cantou junto com cantor que desfiou diversos de suas músicas mais conhecidas como ‘Convoque seu Buda’, ‘Esquiva da Esgrima’, ‘Linha de Frente’ e ‘Povo Guerreiro’, comprovando que ao contrário do que diz um de seus maiores sucessos “existe sim muito amor em SP”.
Serviço:
Evento: Expo Internacional Dia da Consciência Negra
Quando: 22 a 24 de novembro, das 10h às 22h
Onde: Distrito Anhembi, Pavilhão 3, portão 38
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