Mauro Cid atesta participação de Bolsonaro em plano golpista ao STF
Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas sob a acusação de tentativa de golpe contra o Estado
- Data: 22/11/2024 17:11
- Alterado: 22/11/2024 17:11
- Autor: Redação
- Fonte: Metrópoles
Jair Bolsonaro e Mauro Cid
Crédito:Alan Santos/PR
Em depoimento recente ao Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava ciente de um plano para um golpe de Estado. A declaração foi feita ao ministro Alexandre de Moraes na última quinta-feira, 21 de novembro, com o objetivo de esclarecer divergências entre sua delação e as investigações em curso.
Durante a audiência, Cid foi interrogado sobre informações obtidas pela Polícia Federal (PF), que resultaram em uma operação na terça-feira anterior. Conforme relatórios da PF, integrantes do governo Bolsonaro teriam participado de um complô visando a eliminação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e do próprio ministro Alexandre de Moraes.
Os defensores legais de Mauro Cid, no entanto, negam que ele tenha confirmado a participação ou conhecimento prévio de Bolsonaro como líder de um plano para eliminar autoridades. O depoimento de Cid ao STF durou mais de três horas. Após a sessão, seu advogado, Cezar Bittencourt, declarou que Cid “reiterou o que já havia dito anteriormente”. Vania Adorno Bittencourt, também advogada e filha de Cezar, assegurou que Bolsonaro tinha conhecimento apenas sobre a trama golpista.
O STF confirmou que o ministro Alexandre de Moraes considerou válida a colaboração premiada de Cid, apontando que ele conseguiu esclarecer as omissões e contradições destacadas pela Polícia Federal.
Esta foi a segunda vez na semana que Mauro Cid prestou depoimentos. Na terça-feira anterior, dia 19, ele esteve na sede da Polícia Federal em Brasília após os investigadores terem recuperado arquivos apagados dos dispositivos eletrônicos do militar.
No mesmo dia 21, a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas sob a acusação de tentativa de golpe contra o Estado. O relatório foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes. Entre os indiciados estão ex-ministros como Braga Netto e Augusto Heleno, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Em resposta à coluna de Paulo Cappeli no Metrópoles, Bolsonaro criticou o inquérito conduzido por Moraes, acusando-o de manipular depoimentos e realizar prisões sem fundamentos legais claros. Os 37 indiciados enfrentam acusações por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe e formação de organização criminosa. As investigações indicam que o grupo operava por meio de seis núcleos distintos.