Reitora da Unesp propõe cota para deficientes e trans, e plano contra evasão
Iniciativas visam promover maior diversidade e garantir a permanência de estudantes na universidade
- Data: 19/11/2024 10:11
- Alterado: 19/11/2024 10:11
- Autor: Redação
- Fonte: Estadão
Crédito:Divulgação/Governo de SP
Maysa Furlan, docente de Química do câmpus de Araraquara, que se prepara para assumir a reitoria da Universidade Estadual Paulista (Unesp), manifestou a intenção de estabelecer uma nova pró-reitoria voltada à inclusão e permanência estudantil. Este órgão terá o objetivo de intensificar o foco em ações afirmativas, abrangendo áreas como inclusão social, saúde, atividade física e alimentação saudável.
A Unesp está em processo de discussão sobre a implementação de cotas para pessoas com deficiência e transsexuais, medida que, segundo Maysa, deverá ser concretizada em breve. Este movimento segue exemplos recentes das universidades Federal de São Paulo (Unifesp) e de Brasília (UnB), que introduziram cotas para pessoas trans, e da Estadual de Campinas (Unicamp), que adotou cotas para pessoas com deficiência.
Em relação ao financiamento universitário, a futura reitora expressou confiança na capacidade de negociação com o governo estadual, liderado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), mesmo após tentativas de flexibilização no repasse de verbas às universidades estaduais. As instituições paulistas – Unesp, USP e Unicamp – atualmente recebem 9,57% da arrecadação do ICMS.
Com a reforma tributária prevista para extinguir gradualmente o ICMS a partir de 2026, discute-se um novo modelo de financiamento para as universidades. Em agosto, os reitores das três principais instituições públicas paulistas apresentaram uma proposta preliminar ao governo estadual.
Em entrevista recente, a professora destacou a importância do reconhecimento do papel das universidades pelo Estado e a necessidade de assegurar um orçamento contínuo para manter a excelência acadêmica. A autonomia universitária é apontada como um diferencial crucial para a qualidade e liderança científica no cenário latino-americano.
Ela também ressaltou os esforços das universidades em garantir uma resposta eficaz às demandas sociais através da ciência e educação. A utilização crescente do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) tem contribuído para avanços significativos em pesquisa, potencializando a interdisciplinaridade e internacionalização acadêmica.
A gestão atual da qual faz parte tem focado no resgate econômico da universidade, enfatizando o acolhimento e diálogo contínuo. Planos futuros incluem estratégias para redução da evasão escolar através de programas como mentorias entre alunos.
A Unesp se destaca pela diversidade intrínseca à sua estrutura. Antes mesmo da obrigatoriedade legal, já implementava um sistema de cotas e atualmente investe significativamente na permanência estudantil. A criação planejada da nova pró-reitoria visa consolidar essas iniciativas como políticas institucionais robustas e duradouras, promovendo bem-estar e inclusão universal na comunidade universitária.
Além disso, essa pró-reitoria pretende coordenar esforços para prevenir discriminações e assegurar acessibilidade plena às pessoas com deficiência, dialogando constantemente com a sociedade civil para aprimorar as políticas afirmativas sob uma perspectiva interseccional.