Espetáculo Levante faz apresentações gratuitas em Santo André

Montagem traz à cena a história de amor e resistência de dois casais de mulheres brasileiras em diferentes tempos e a luta do movimento lésbico-feminista do Brasil

  • Data: 30/09/2024 14:09
  • Alterado: 30/09/2024 14:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
Espetáculo Levante faz apresentações gratuitas em Santo André

LEVANTE

Crédito:Laís Catalano Aranha

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Vencedor da 8ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo, o espetáculo LEVANTE, texto de Andrezza Czech, surgiu a partir do Núcleo de Dramaturgia da Escola Livre de Teatro de Santo André. Após dois anos da estreia, a montagem finalmente chega em Santo André com apresentações gratuitas dias 9 e 10 de outubro, quarta-feira às 20h e quinta-feira às 18h e 20h, no Teatro Conchita de Moraes.

A sessão das 18h do dia 10 de outubro, quinta-feira, é acessível em libras e audiodescrição e contará com bate-papo do elenco com o público após a apresentação. No dia 2 de outubro, a dramaturga e atriz Andrezza Czech ministra uma oficina sobre dramaturgia na Escola Livre de Teatro de Santo André.

No ano em que se completa 60 anos do golpe militar no Brasil, LEVANTE – direção e cenografia de Eliana Monteiro (vencedora do Prêmio Shell de Teatro de melhor cenografia pelo espetáculo Agropeça, do Teatro da Vertigem) –, mostra a história de amor e resistência de dois casais de mulheres brasileiras em diferentes tempos. Enquanto duas vivem os principais atos do movimento lésbica-feminista nos anos 1980, durante a ditadura civil militar, as outras passam por situações semelhantes nos tempos atuais.

LEVANTE também traz a recuperação histórica de mulheres lésbicas artistas e ativistas do período da ditadura, como Cassandra Rios e Rosely Roth. Cassandra foi a escritora mais censurada durante a ditadura civil militar (36 dos seus 50 livros foram censurados), e ainda assim foi a primeira escritora brasileira a vender mais de um milhão de cópias de livros, superando na época escritores como Jorge Amado e Clarice Lispector. Já Rosely Roth foi uma das mais importantes ativistas lésbicas do período, sendo destaque no Levante no Ferro’s Bar quando subiu em uma cadeira no dia da invasão do bar e discursou contra o preconceito e a violência.

Além de ser a autora de LEVANTE, Andrezza Czech também é a idealizadora da montagem e está em cena ao lado das atrizes Jéssica Barbosa (indicada ao prêmio Shell de Teatro 2023 como melhor atriz por Em Busca de Judith), Julianna Gerais e Sol Faganello. A peça possui uma equipe artística inteiramente formada por lésbicas, bissexuais, pansexuais, transmasculines e pessoas não-binárias.

Luta urgente

Para Andrezza Czech, a volta do espetáculo aos palcos em 2024 quando completaram-se 60 anos do golpe civil militar brasileiro, recupera a memória de mulheres que resistiram e lideraram protestos como o Levante no Ferro’s Bar, ocorrido em 19 de agosto de 1983, data que posteriormente deu origem ao Dia do Orgulho Lésbico. O levante no Ferro’s Bar, um dos principais marcos da história do movimento lésbica-feminista é um dos eventos centrais abordados na peça.

Andrezza também enfatiza a importância do espetáculo se apresentar em Santo André, já que foi no Núcleo de Dramaturgia da Escola Livre de Teatro de Santo André, que o texto nasceu. “Inicialmente, o texto tinha o objetivo de recuperar momentos e eventos marcantes do movimento lésbica-feminista do período da ditadura militar brasileira, mas fui ampliando a história para a contemporaneidade, trazendo características como o tempo espiralar e o espelhamento para a narrativa como forma de denunciar o quanto a luta pela nossa existência e nossos direitos ainda é urgente”, destaca ela.

“LEVANTE trata também de histórias de amor. Essas personagens espelhadas e suas falas simultâneas apontam para uma narrativa de carinho e presença”, explica a diretora Eliana Monteiro.

O espetáculo, que integrou recentemente a programação do Festa 66 – Festival Santista de Teatro, na cidade de Santos, também faz apresentações em Ribeirão Preto e Jundiaí. A temporada itinerante acontece com apoio do Edital Lei Paulo Gustavo SP – Difusão Cultural.

O Levante no Ferro’s Bar

O Ferro’s era o principal local onde as lésbicas se encontravam entre os anos 60 e 80 em São Paulo. Foi lá que, em 23 de julho de 1983, quando Rosely Roth e outras ativistas vendiam o ChanacomChana (primeiro folhetim lésbico do país), os donos do bar proibiram com violência a venda do jornal. Em 19 de agosto do mesmo ano, as mulheres do GALF (Grupo de Ação Lésbica Feminista) organizaram o que hoje é conhecido como o Levante no Ferro’s Bar, manifestação que foi um marco na luta do movimento LGBTQIAPN+ por seus direitos, considerada o “pequeno Stonewall brasileiro”.

Rosely, assim como outras ativistas, inspiraram a criação das mulheres de LEVANTE. O espetáculo surgiu com o objetivo de relembrar principais atos do movimento lésbica-feminista durante a ditadura militar brasileira a partir do encontro entre duas mulheres: um amor que começa na primeira manifestação LGBTQIAPN+ do Brasil (realizada em frente ao Theatro Municipal de São Paulo em 13 de junho de 1980), resiste à Operação Sapatão (ocorrida em 15 de novembro de 1980, quando a Polícia Militar foi às ruas de São Paulo com o objetivo de prender o maior número possível de lésbicas), e se fortalece na luta do levante no Ferro’s Bar.

Oficina de dramaturgia

No dia 2 de outubro, quarta-feira, das 19h às 22h, na Escola Livre de Teatro de Santo André, acontece a oficina Dramaturgia das Dissidências: Criação de uma escrita desviante a partir de autores LGBTs brasileiros contemporâneos em parceria com o Núcleo de Dramaturgia da Escola Livre de Teatro, coordenado pelo dramaturgo e roteirista Daniel Veiga. A atividade gratuita ministrada por Andrezza Czech receberá até 20 pessoas selecionadas a partir de formulário com currículo e carta de intenção (será priorizada a seleção de pessoas que se autodeclarem negras, indígenas, amarelas, LGBTQIAPN+ e PcDs). Destinada a amadores, estudantes e artistas da cena (teatro e performance), escritores, jornalistas e outros interessados na escrita dramatúrgica voltada para o tema, a oficina terá duração de três horas, sendo dividida em três momentos: referências/teoria, prática e compartilhamento de criação.

Serviço:

Apresentação

LEVANTE

9 e 10 de outubro, quarta-feira às 20h e quinta-feira às 18h e 20h (a sessão das 18h é acessível em libras e audiodescrição e contará com bate-papo após a apresentação).

Teatro Conchita de Moraes – Praça Rui Barbosa, 12 – Santa Terezinha, Santo André.

50 minutos | 14 anos | Gratuito (ingressos distribuídos uma hora antes de cada sessão na bilheteria do teatro).

Oficina

DRAMATURGIAS DAS DISSIDÊNCIAS: Criação de uma escrita desviante a partir de autores LGBTs brasileiros contemporâneos

2 de outubro, quarta-feira, das 19h às 22h.

Escola Livre de Teatro de Santo André – Praça Rui Barbosa, 12 – Santa Terezinha, Santo André.

180 minutos | 16 anos | Gratuito

Sinopse:

Dois casais de mulheres em diferentes tempos, tentando ocupar os mesmos espaços. Enquanto umas passam pelos principais atos do movimento lésbica-feminista durante a ditadura militar brasileira, outras se recusam a sucumbir à violência dos tempos atuais. Da Operação Sapatão e o Levante no Ferro’s Bar nos anos 1980 a um episódio de lesbofobia ocorrido em 2018, LEVANTE traz o amor e a luta de mulheres lésbicas que existem, resistem e insistem em rir onde esperam suas lágrimas.

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  • Data: 30/09/2024 02:09
  • Alterado:30/09/2024 14:09
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