Jovens da Fundação CASA ressignificam olhar na exposição “Geografia das Ancestralidades”
Com intermediação do artista Jerona Ruyce, um dos expositores, adolescentes visitaram mostra na última sexta-feira
- Data: 01/07/2024 17:07
- Alterado: 01/07/2024 17:07
- Autor: Redação
- Fonte: Fundação CASA
Crédito:Marcelo Machado/Fundação CASA
A importância de conhecer o passado, seus ancestrais e ressignificar a história, por meio de objetos e obras de arte, além do encontro inédito com o artista Jerona Ruyce. Assim foi a experiência que 15 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em quatro centros da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA) na Região Metropolitana de São Paulo, interior e litoral, tiveram na última sexta-feira (28/06) ao visitar a exposição coletiva “Geografia das Ancestralidades”, em cartaz no Paço das Artes, em São Paulo.
No grupo, estiveram jovens dos CASAs Guarulhos; Sorocaba II, de Sorocaba; Laranjeiras, de Mogi Mirim; e Peruíbe, do litoral paulista. O Paço das Artes é uma instituição que pertence à Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.
Por cerca de uma hora e meia, os jovens se aprofundaram nas narrativas artísticas que possuem como base os levantamentos biográficos dos 11 artistas envolvidos, que vivem em diferentes regiões do Brasil. A exposição, com curadoria de Renata Felinto, traz nas obras aspectos da ancestralidade afrodiaspórica, com elementos das artes visuais de 1960 até à contemporaneidade.
“Quando soubemos da visita, já ficamos na expectativa de saber o que iríamos ver. Ao chegar aqui, vimos todas as imagens e artes e tirei as minhas próprias conclusões (no primeiro momento). Depois, o artista explicou seu ponto de vista e abriu a nossa visão”, afirmou o jovem Fábio (nome fictício), de 18 anos, do CASA Sorocaba II, de Sorocaba. “A arte me mostrou outros tipos de ângulos e visões, pois tudo o que vimos não é exatamente como é.”
Durante a abordagem com os adolescentes, o artista Jerona Ruyce destacou a importância da valorização da ancestralidade, inclusive como meio de condução para o futuro. “A exposição traz esta mensagem também: de que nos esquecemos da nossa herança, da nossa ancestralidade, mas quando a buscamos nos processos de criar, nos conectamos com ela”, afirmou.
Ruyce ainda salientou a importância de os jovens em internação frequentarem espaços públicos que ofereçam acesso à cultura e à arte, mesmo ainda internados. “Tenho uma alegria enorme em vê-los no Paço das Artes e conduzi-los pela exposição, porque, mesmo ainda dentro de uma medida socioeducativa, estão tendo a vivência real de que existe um lugar além da periferia e da Fundação CASA, que é o espaço de arte, tão necessário para nossa vida coletiva e intelectual. Eles saem daqui mudados, refletindo um pouco mais sobre as suas realidades”, avaliou o artista.
Para a presidente da Fundação CASA, Claudia Carletto, a experiência traz impactos positivos para os adolescentes. “O acesso à cultura é um direito que os jovens também possuem e que, com o apoio de parceiros como o Paço das Artes, conseguimos viabilizar o contato com um universo distinto e profundo para eles”, pontuou.
A “Geografia das Ancestralidades” é uma exposição coletiva que promove reconexões, utilizando memórias compartilhadas, conscientes e inconscientes, além de promover o diálogo entre estilos e processos criativos experimentais.