Datena acena a Tarcísio e critica Nunes com tom de candidato na TV às vésperas de prazo para se afastar
A lei impede apresentadores em TV e rádio de continuarem no comando de programas a partir de domingo (30).
- Data: 28/06/2024 20:06
- Alterado: 28/06/2024 20:06
- Autor: Redação
- Fonte: FolhaPress/Joelmir Tavares
José Luiz Datena (PSDB)
Crédito:Reprodução
O apresentador José Luiz Datena, lançado pelo PSDB pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, deu uma série de recados políticos nesta sexta-feira (28) durante o “Brasil Urgente”, programa que apresenta na Band e do qual, por imposição da legislação eleitoral, precisa se afastar depois deste sábado (29) para concorrer.
A lei impede apresentadores em TV e rádio de continuarem no comando de programas a partir de domingo (30), com a intenção de manter a paridade de armas na disputa. Datena informou que está saindo de férias e deve emendar o período com uma licença para o período de campanha, até outubro.
Questionado pela Folha de S.Paulo, durante o programa desta sexta, se estará à frente da atração neste sábado, Datena respondeu por mensagem que “provavelmente não”. Em outras vezes nas quais ensaiou ser candidato, ele expressou a desistência ao surgir na TV depois do prazo fixado por lei. Se aparecer no ar na segunda (1º), não poderá mais disputar.
No programa, ele avisou que o repórter Lucas Martins ficará em seu lugar durante o período de afastamento da Band.
O jornalista já desistiu de concorrer na última hora em quatro eleições, mas desta vez afirmou que irá “até o fim”. O PSDB trabalha com a informação de que ele está convicto e planeja montar nos próximos dias a equipe que cuidará da campanha, para que o pré-candidato comece a atuar como tal. Pesquisas têm animado o partido –ele marcou 17% em levantamento da Quaest nesta semana.
Datena afirmou confiar no governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que apoia Ricardo Nunes (MDB), e criticou o pré-candidato à reeleição, a quem se referiu como “esse cara”. Sem fazer alusão ao plano de se candidatar a prefeito, ele disse estar “do lado do povo”, reforçou o tom linha-dura na segurança pública e repudiou extremismos na política.
Falou, no entanto, que não poderia ser acusado de estar fazendo campanha, porque sempre adota tom incisivo e se coloca como porta-voz da população. A propaganda eleitoral será permitida somente após o dia 16 de agosto, quando as candidaturas já estiverem registradas na Justiça Eleitoral.
“Eu confio demais no Tarcísio porque ele é um forte candidato a presidente da República”, disse Datena sobre o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também apoia Nunes. O apresentador repetiu ter confiança no governador para dar condições às polícias para combater a criminalidade.
Em vários momentos, também cobrou investimentos na GCM (Guarda Civil Metropolitana), que é de responsabilidade da prefeitura. Disse que ela, como todas as demais forças de segurança, precisa ser mais bem equipada e valorizar seus profissionais com remuneração melhor.
“Nós não poderíamos ter entregado a cidade de São Paulo ao crime organizado, e entregamos, infelizmente”, afirmou, reiterando uma das bandeiras de sua pré-candidatura, o combate à infiltração do PCC e de outras organizações na prefeitura e nos serviços públicos.
Datena procurou dar um tom local a muitos de seus comentários, falando sobre “a cidade” enquanto emendava reclamações sobre a insegurança nas ruas, com ar de indignação diante do noticiário policial exibido no programa, e a baixa qualidade dos sistemas públicos de saúde e educação.
“Tem que ter segurança pública em todo lugar, principalmente a periferia, que esses sacanas [ladrões] roubam na periferia pra caramba. O povão se ferra na periferia, os coitadinhos se ferram toda hora”, disse, reivindicando a segurança como “um direito” da população. “O crime dominou a cidade.”
A certa altura, mandou um abraço ao “pessoal da ZL [zona leste]”, afirmando que a região está “abandonada, como a cidade inteira, ao deus-dará”. Lamentou ainda que “o pobre seja relegado a um quinto plano nesse país”.
As críticas a Nunes foram explicitadas durante entrevista com um representante do sindicato dos motoristas de ônibus sobre a greve na capital anunciada para a próxima quarta-feira (3). Datena não citou o nome do prefeito, mas disse que “esse cara” mantém uma política de subsídios para empresas do setor que não garante a qualidade do serviço nem para funcionários nem para passageiros.
O jornalista disse esperar que, “já que esse cara está em campanha”, ele tenha juízo e atenda às demandas da categoria e evite a paralisação. “Eu não estou brigando contra prefeito, não estou brigando contra ninguém. Eu estou brigando é pelo povo de São Paulo”, observou.
Datena afirmou ainda que “aí chega ano de eleição e quer fazer benevolência com passagem gratuita aos domingos”, referindo-se ao Domingão Tarifa Zero, programa da gestão Nunes. O jornalista sugeriu incompetência da atual administração para gerenciar o sistema.
Nesta quinta-feira (27), ao comentar a pesquisa da Quaest em que apareceu tecnicamente empatado em primeiro lugar com Nunes e Guilherme Boulos (PSOL), Datena tinha falado que sua candidatura defenderá investimentos em saúde e educação “para o pobre” e “tirar o crime organizado da prefeitura e dos serviços públicos”.
“PCC não vai mais mandar nos ônibus de São Paulo”, declarou o jornalista, em um áudio distribuído pela assessoria do PSDB, falando ainda em “acabar com essa bandalheira”.