Grito da Diversidade de Diadema leva 15 mil à Praça da Moça
Muita música, diversão e conscientização foram a tônica do evento, cujo tema foi “Nosso Voto É Nossa Voz, Garante o Melhor Para Nós”
- Data: 19/06/2024 13:06
- Alterado: 19/06/2024 13:06
- Autor: Redação
- Fonte: PMD
Crédito:Dino Santos
Cerca de 15 mil pessoas passaram pela Praça da Moça, no último domingo (16), para gritar por conscientização e respeito. Foi o 14o Grito da Diversidade LGBT+, organizado pela associação Viva a Diversidade, com apoio da Prefeitura de Diadema por meio da Coordenadoria de Políticas de Cidadania e Diversidades (CPOCD) e várias secretarias municipais, como a de Cultura, de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, de Governo, de Segurança Cidadã e de Saúde.
“A festa é de vocês,” celebrou Lélia Batista, presidente da Associação Viva a Diversidade, que atua em Diadema há 20 anos. “Nós trabalhamos porque queremos um mundo melhor. E em nome de toda essa galera aqui, eu gostaria de agradecer à Prefeitura pelo apoio e toda a estrutura que viabilizou este evento por mais um ano,” afirmou ela, chamando a atenção para o tema do Grito: Nosso Voto É Nossa Voz, Garante o Melhor Para Nós.
“Diadema vem realizando grandes avanços,” completou Robson de Carvalho, titular da CPOCD. “Hoje nós temos o Ambulatório DiaTrans que atende cerca de 400 pessoas, estamos em plena campanha de retificação de nome gratuita também para a população trans, já encaminhamos 700 pessoas LGBT+ para o mercado de trabalho, ou seja, esta é uma gestão igualitária e parceira, que assume compromissos com a diversidade, envolvendo todas as secretarias.”
“Vamos dialogar sempre com a sociedade civil, com cidadãos e cidadãos como a Lélia, que orientam, ensinam e formam essas gerações a não ter preconceito, não ter ódio no coração e eu que tenho muito a agradecer por esta parceria,” afirmou o prefeito José de Filippi Jr. à multidão. “A Prefeitura de Diadema tem uma postura definida com relação à defesa da diversidade e isso fica nítido nas ações da nossa Coordenadoria de Cidadania e Diversidades e em eventos deste porte.”
Um domingo colorido
O evento começou às 14h e contou com oito horas de muita música e diversão, shows de drag queens e bailarinos, entremeados por sets de DJs da região. A apresentação ficou por conta das drags Luanna Rangell e Dindry Buck, que tinham a dura tarefa de manter a animação do público até o final. E deram conta.
“É muito importante esses movimentos de orgulho e diversidade fora da capital,” pontuou Dindry, que é de São Paulo, lar da maior parada LGBT+ do mundo. “São nas cidades vizinhas e no interior que a população mais precisa de informação e formação e é aí que eventos como o Grito se mostram importantes, ao receber essas pessoas, trazê-las para o movimento e lhes dar voz e poder enquanto cidadãos e cidadãs.”
E, por mais um ano, os participantes puderam comprar bebidas, alimentos e artesanatos em barracas de empreendimentos solidários, coordenadas pela Casa da Economia Solidária, ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SEDET), e o programa Coopera Diadema.
O skatista Natan Guerra, 26, veio de São Paulo curtir o Grito, já pela segunda vez. “É importante prestigiar cada evento que luta por direitos LGBT, pois é um movimento de resistência, é importante estar junto,” contou. “E além de Diadema ser uma cidade importante na luta social, os diademenses são muito receptivos.”
Receptividade também foi a palavra-chave para a Secretaria de Saúde, que colocou o Programa Municipal de IST, Aids e Hepatites na Praça da Moça, em ações de orientação, testagem e acompanhamento. “Nosso objetivo foi chamar a atenção e conscientizar a população, especialmente os jovens, sobre a importância de usar camisinha, fazer o teste de HIV e o iniciar o tratamento, em caso de soropositividade,” apontou Alexandre Yamaçake, coordenador do programa. Mais de 100 testes foram feitos ao longo do dia.
Os amigos Thallys Gustavo, 23, Vitor Maick, 23, e Lucas Alves, 26, todos de Diadema, chegaram cedo na praça. “Vamos ficar até acabar,” prometeram. Para o trio, o Grito é um espaço de liberdade (Lucas), orgulho (Vitor) e atitude (Thallys). “E beijo na boca também!” Já Junior Delaô, 35, celebrava vestido de Lanterna Verde. “Hoje é o nosso dia, dia de mostrar quem e o que a gente é!” Roupas coloridas, fantasias e bandeiras das mais diversas era o que mais se via por ali. Isadora, 13, desfilava embrulhada em uma bandeira pansexual. “Eu não tenho preocupação com gênero,” disse ela. “E o Grito é assim, bem inclusivo, eu gosto bastante.”
Tão inclusivo que teve até pedido de casamento. Luciane Zanon, 42, aproveitou o momento para subir ao palco e lançar a proposta para a namorada Amanda do Nascimento, 29. “Estamos juntos há 4 anos e eu estava esperando o momento certo. Simplesmente soube que hoje era a hora. Ela não sabia de nada,” contou Luciane. E a resposta? “Sim, claro! Agora é planejar a festa e montar nossa casinha,” sorriu Amanda, ainda envergonhada de ter subido no palco de surpresa.
O ponto alto da noite ficou por conta dos aguardados shows da cover de Gloria Groove e da Grag Queen, simplesmente a vencedora do concurso Queen of the Universe, que trouxe a coroa de melhor drag do mundo para o Brasil, e apresentadora do programa Drag Race Brasil.
E enquanto Gloria Groove cover e seus bailarinos fizeram o povo dançar, Grag chamou o público para cantar junto. E a multidão, afinada, acompanhou vários de seus lançamentos a plenos pulmões.
“A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão, arte e igualdade,” resumiu Filippi, parafraseando o cantor Arnaldo Antunes, que se apresentara em Diadema na noite anterior. “Fora com o preconceito, fora com a perseguição a qualquer cidadão, independente de sua cor, orientação sexual, religião, todo ser humano tem que ser respeitado. E sabe por quê? Porque tem um coração que bate no peito. Igual cada um de nós.” Foi ovacionadíssimo.