SPCD inicia Temporada 2024 no Teatro Sérgio Cardoso

Em junho, a Companhia sobe ao palco com dois diferentes programas que integram a temporada batizada como ‘Tornar Visível o Invisível’

  • Data: 11/06/2024 13:06
  • Alterado: 11/06/2024 13:06
  • Autor: Redação
  • Fonte: São Paulo Companhia de Dança
SPCD inicia Temporada 2024 no Teatro Sérgio Cardoso

Odisseia

Crédito:Jane Couto

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A São Paulo Companhia de Dança (SPCD) – corpo artístico da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, gerido pela Organização Social Associação Pró-Dança – inicia, este mês, sua nova Temporada no Teatro Sérgio Cardoso. Os dois diferentes programas serão apresentados de 21 a 23 e 28 a 30 de junho. O TSC é um equipamento cultural também da Secretaria, com gestão da Amigos da Arte.

Serão obras clássicas e contemporâneas que revelam toda a diversidade do repertório da companhia. Além dos espetáculos, a programação inclui as já conhecidas atividades educativas, com espetáculos gratuitos, palestras e, ainda, ações de acessibilidade, como audiodescrição das obras e intérprete de libras durante as palestras aos sábados. Os ingressos já estão à venda e podem ser adquiridos a partir de R$ 25 pelo link.

Programação 2024

Intitulada Tornar visível o invisível, esta temporada foi inspirada pelo poema de Orhan Pamuk e sua definição de amor; “O amor é a capacidade de tornar visível o invisível e o eterno desejo de sentir o invisível em nós próprios”. Orhan Pamuk

“A dança é um diálogo sem palavras, onde cada gesto, cada salto, cada pirueta é uma frase carregada de significado. Ao assistir a um espetáculo, somos transportados para um espaço onde o tempo externo parece suspender-se, deixando-nos à deriva em um oceano de emoções que transbordam dos artistas e ecoam na plateia”, nos conta Inês Bogéa, diretora artística da São Paulo Companhia de Dança.

As apresentações têm início em junho, quando a SPCD sobe ao palco do Teatro Sérgio Cardoso com dois programas diferentes. De 21 a 23, a SPCD apresenta Le Chant du Rossignol (2023), de Marco Goecke; Odisseia (2018), de Jöelle Bouvier; além de uma estreia de Jomar Mesquita, batizada como Yoin.

Le Chant du Rossignol traz a assinatura de Marco Goecke, com movimentos rápidos que somem no espaço escuro do palco. Segundo o coreógrafo, “os ingredientes dessa peça são: um canto, um pássaro, a urgência de voar, a natureza que vive e morre, a fragilidade que é leve como uma pluma. Uma peça que está no ar, que é um sopro. Se pudéssemos segurar um pássaro na mão, sentiríamos o seu tremor, sua vontade de fugir, sua fragilidade aliada a um poder que nos permite ter vontade de voar também”, conta.

Já Odisseia é uma viagem, um reencontro consigo mesmo. Movida pela questão dos migrantes da atualidade, a coreógrafa constrói uma estrutura dramática e poética que aborda temas como mudança, transição, partida e a esperança de uma vida melhor. Jöelle Bouvier explica que procurou misturar fragmentos das Bachianas Brasileiras com a composição de Bach, Paixão Segundo São Mateus. Ao final temos, na voz de Maria Bethânia, a música Melodia Sentimental e o poema Pátria Minha. A obra tem coprodução de Chaillot – Théâtre National de la Danse, na França.

Para encerrar a semana, a inédita Yoin, que levanta questões em quem interpreta e em quem assiste. Qual é a sensação que fica após cessado o estímulo? Os mínimos e mais sutis, os dolorosos ou longevos. O som da gangorra, o cheiro do café da avó, toques, as imagens que parecem permanecer ou persistir. Aqueles que gostaríamos de guardar em uma cristaleira, em um relicário. E como nos transformamos quando tais estímulos deixam de ser reais, mas persistem na nossa cristaleira interior… Yoin.

“Ao revisitar as referências usadas para criar a obra Mamihlapinatapai – primeira criação que fiz para a São Paulo Companhia de Dança – me deparei com outra conotação do significado dessa palavra tão instigante: aquele momento de reflexão em volta do fogo, após os avós transmitirem suas histórias e conhecimentos para os mais jovens. Ou seja, mais uma vez: a sensação que fica após cessado o estímulo. E o que fazemos com o que ficou, com as nossas ancestralidades, perdas, gozos, suspiros, arrepios, dores… que guardamos no nosso relicário: Yoin. Essa nova criação nos faz retornar, portanto, ao início desse meu encontro com esses artistas e refletir sobre as sensações que ficaram em nós e as que deixamos no público. O que ficou das experiências passadas de cada um, das nossas ancestralidades, quais legados nos foram transmitidos e por nós embalados. Nos transformamos em novas versões de nós mesmos, após cessados os estímulos que nos perpassaram ou nos atravessaram”, comenta Jomar.

A trilha sonora metaforiza esse universo, com versões de músicas cujas interpretações originais marcaram o cenário musical brasileiro. O que elas se tornaram após transformadas por novos olhares. O figurino utiliza o upcycling em uma analogia com as novas e melhores versões que podemos criar de nós mesmos a partir dos resíduos das experiências vividas, que guardamos nas nossas cristaleiras interiores. A iluminação simboliza a fogueira de forma contemporânea, em volta da qual os saberes e ancestralidades são transmitidos para nos transformar. Yoin também diz da própria dança que, com sua efemeridade, deixa suas marcas e sensações, após fechadas as cortinas, para o público embalar nos seus relicários.

“Sinto as minhas sinapses como fios desencapados em curto-circuito e penso em descrever o cheiro do café que minha mãe torrava e o mal estar que sinto agora com uma cápsula de espresso na mão. Olho as minhas mãos e pergunto se a minha linha do tempo diminuiu ou se foi minha mão que cresceu. Onde eu via que teria dois filhos, vi tantas linhas menores cruzadas e não sei quantos filhos eu tive e tenho. De tantos cuidei, só para descuidar de mim e conto quantos malmequeres dediquei a mim mesma. Como me assentar de um jeito torto,” reflete o coreógrafo.

A obra inédita Yoin, de Jomar Mesquita, é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria Da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e São Paulo Companhia de Dança via Lei de Incentivo à Cultura e Pro-Mac – Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais. Patrocínio BAIN e Itaú. Apoio Giuliana Flores.

Na semana seguinte, de 28 a 30 de junho, o público confere Petrushka (2023), de Goyo Montero; Memória em Conta-Gotas (2023), de Lili de Grammont; e Gnawa (2009), de Nacho Duato.

Um dos balés mais populares do cenário mundial, estrelado por Vaslav Nijinsky, em 1911, Petrushka, conta a história de amor e ciúme de três bonecos que ganham vida. Este é o tema da nova criação do coreógrafo espanhol Goyo Montero para a SPCD. Nesta releitura inédita, bonecos infláveis gigantes ganham novos contornos – Petrushka, Bailarina e Lutador –, contam esta história de amor, morte, alegria, tristeza, rejeição e manipulação. Petrushka ama a Bailarina, mas ela prefere o Lutador, que mata Petrushka, cujo fantasma aparece quando a noite cai. “É um teatro dentro de outro teatro, para que eu possa contar essa história de diferentes perspectivas”, fala o coreógrafo. Essa é a segunda montagem de Goyo Montero para a SPCD, para quem já criou Anthem (2019).

Já Memória em Conta-Gotas é dançada ao som dos clássicos de Lindomar Castilho, como “Você é Doida Demais”, “Vou Rifar Meu Coração” e “Linda” – revisitados e modernizados pelo compositor Ed Côrtes. A coreógrafa Lili de Grammont, cria sua 1ª obra para a SPCD, a partir de um dos casos passionais mais conhecidos no país: o feminicídio de Eliane de Grammont, sua mãe, por Lindomar Castilho, seu pai. A dramaturgia da obra é construída a partir de pinceladas de memórias de Lili com relação a história. “A narrativa não é direta e tão pouco intenciona contar a história. É uma inspiração, recheada de sentimentos e complexidades. Memória em Conta-Gotas expõe vulnerabilidade e tristeza, mas acima de tudo dialoga sobre como seguir com coragem e esperança”, diz ela.

Por fim, Gnawa é uma peça que utiliza os quatro elementos fundamentais – água, terra, fogo e ar – para tratar da relação do ser humano com o universo. A obra apresenta o reiterado interesse de Nacho Duato pela gravidade e pelo uso do solo na constituição de sua dança. Os gnawas são uma confraria mística adepta ao islamismo, descendentes de ex-escravos e comerciantes do Sul e do centro da África, que se instalaram ao longo dos séculos no norte daquele continente.

Atividades Educativas

Quarenta e cinco minutos antes dos espetáculos, o público interessado em se aprofundar nas histórias e nos bastidores das criações poderá conversar com a diretora da Companhia, Inês Bogéa, em palestras gratuitas sobre os processos criativos das obras. As conversas têm duração de cerca de 30 minutos e, aos sábados, contará com a presença de intérpretes de libras. A Temporada apresentará ainda Espetáculos para Estudantes e Terceira Idade, que acontecem nos dias 21 e 28 de junho, às 15h. A atividade é gratuita mediante inscrição prévia no site.

A temporada Tornar Visível o Invisível é realizada pelo Ministério da Cultura e o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria Da Cultura, Economia e Indústria Criativas e São Paulo Companhia de Dança via Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal União e Reconstrução. Patrocínio Itaú. Apoio Giuliana Flores.

Serviço

Teatro Sérgio Cardoso

Endereço: R. Rui Barbosa, 153 – Bela Vista, São Paulo – SP, 01326-010

Horários: sexta, às 20h | sábado, às 16h e às 20h | domingo às 16h

Capacidade física: 827 lugares

Acessibilidade: Sim

Ingressos: balcão – R$ 50,00 (inteira), plateia lateral – R$ 70,00 (inteira) e plateia central – R$ 80,00 (inteira) | à venda via Sympla

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  • Data: 11/06/2024 01:06
  • Alterado:11/06/2024 13:06
  • Autor: Redação
  • Fonte: São Paulo Companhia de Dança









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