Dia da Mulher: uma das primeiras maquinistas do Estado de São Paulo hoje é supervisora de tráfego na ViaMobilidade
Elisabeth Quintiliano da Silva, de 58 anos, iniciou na Fepasa em 1993 e trabalha há cerca de 30 anos nas Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda
- Data: 07/03/2024 21:03
- Alterado: 07/03/2024 21:03
- Autor: Redação
- Fonte: ViaMobilidade
Crédito:Divulgação
Há cerca de 30 anos, as Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda são a segunda casa de Elisabeth Quintiliano da Silva, de 58 anos. A supervisora de tráfego da ViaMobilidade iniciou a carreira na ferrovia como uma das primeiras mulheres maquinistas do Estado de São Paulo.
Em 1993, Elisabeth ingressou em uma turma composta por 15 maquinistas, sendo 12 homens e 3 mulheres, pioneiras na função naquele momento. Quando se inscreveu para a vaga, tinha o desafio de sustentar sozinha sua filha de 20 dias. Assim, viu na ferrovia a grande oportunidade para não deixar faltar o sustento de sua casa e, neste contexto, entrou para a história.
“Meu vizinho do prédio, em Carapicuíba, era mecânico de locomotivas e me falou sobre a oportunidade, vendo que eu tinha acabado de ter minha filha. Mesmo com as dificuldades do puerpério e a recuperação do parto, decidi fazer a inscrição. Foi uma oportunidade para eu ter um bom trabalho e criar minha filha sozinha”, relembra Elisabeth, emocionada.
Na época, o processo seletivo incluía triagem por altura, teste de força, prova de raciocínio lógico, conhecimentos gerais e um exame psicotécnico. Elisabeth passou em todas as etapas e conciliou o período de treinamento com a rotina de cuidados da filha recém-nascida, com a ajuda da mãe.
Quando iniciou a atuação como maquinista, deixava a filha na creche, na Estação Júlio Prestes, e seguia para sua rotina. Vencendo o cansaço diário, criou sua filha, que hoje está com 30 anos, colhendo os frutos do trabalho na ferrovia.
Mudança de cenário
Em um universo com quase 400 homens, Elisabeth passou por diversas situações desafiadoras no início da carreira. “A gente ouvia comentários, tanto dos nossos pares quanto de passageiros. Quando tinha alguma falha, mandavam a gente ir pilotar fogão ou lavar louça. Eram coisas que aconteciam na operação e poderiam acontecer com qualquer um, mas falavam essas coisas para mim porque sou mulher. Só que eu nunca me abalei com isso”, relembra.
Com o passar dos anos, Elisabeth foi notando cada vez mais mulheres na ferrovia e em outros setores, como motoristas de ônibus e de táxi, por exemplo. Hoje, o cenário é outro: ao entrar no vestiário feminino, as operadoras e supervisoras se deparam com um espaço organizado e limpo, com absorventes, cremes e outros itens de higiene que tornam o ambiente acolhedor. Além disso, a presença de mulheres na operação e liderança está cada vez maior.
“Sempre trabalhei nas Linhas 8 e 9 e posso dizer que hoje em dia o cenário é completamente diferente. Nunca mais passei por problemas de machismo e discriminação. O ambiente de trabalho é mais seguro, tem muito mais mulheres e me sinto acolhida”, afirma Elisabeth.
“A ferrovia foi um presente para mim. Tudo o que eu tenho veio daqui e me sinto muito realizada, tanto como pessoa quanto financeiramente. Quando alguém me pergunta o que eu sei fazer de melhor em minha vida, a resposta é clara: uma é cozinhar e outra é ser ferroviária”, finaliza a supervisora de tráfego, que também é formada em Gastronomia.
Valorização das Mulheres na Mobilidade
A ViaMobilidade entende a importância de valorizar a capacitação e o desenvolvimento das mulheres que atuam no sistema ferroviário. Além de uma campanha permanente para aumentar a contratação de mulheres, a concessionária formou, no ano passado, sua primeira turma exclusiva de operadoras de trem.
Outra ação de destaque é uma parceria com o SENAI-SP Mariano Ferraz para disponibilizar vagas de aprendizagem em Mecatrônica no complexo de educação profissional com o intuito de expandir o conhecimento de jovens profissionais mulheres de 18 a 22 anos em áreas de manutenção.
Já neste mês de março, a empresa preparou uma série de atividades para estimular a troca de experiências entre as colaboradoras, fomentar a sororidade e reforçar a importância do desenvolvimento de lideranças femininas. Para isso, todas as mulheres que trabalham nas linhas 8 e 9 vão participar de uma roda de conversa que irá abordar temas como maternidade, relação família e carreira, o enfrentamento da desigualdade entre homens e mulheres, trajetória profissional, organização na rotina do dia a dia e liderança. Também fazem parte da programação do mês aulas de defesa pessoal e espaço para massoterapia.