A Vida das Bonecas Vivas tem sessão gratuita em Santo André

Inspirado nas Living Dolls, o espetáculo de dança-teatro traz uma leitura contemporânea do butô e kabuki, tendo Helena Ignez como atriz convidada.

  • Data: 19/01/2024 14:01
  • Alterado: 19/01/2024 14:01
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
A Vida das Bonecas Vivas tem sessão gratuita em Santo André

A Vida das Bonecas Vivas

Crédito:Dani Sandrini

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A Vida das Bonecas Vivas, espetáculo de dança-teatro concebido e dirigido por Dan Nakagawa, tem apresentação gratuita no Teatro Conchita de Moraes, em Santo André, no dia 26 de janeiro de 2024, sexta, às 19h. Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados 1 hora antes de cada sessão.

A montagem segue para o Teatro Cacilda Becker, em São Paulo (27 e 28 de janeiro, sábado, às 21h, e domingo, às 19h), Teatro Municipal Glória Giglio, em Osasco (18 de fevereiro, domingo, às 19h) e Teatro Elis Regina, em São Bernardo do Campo (22 de fevereiro, quinta, às 20h). Estas são as primeiras apresentações presenciais realizadas na região metropolitana, desde a estreia online.

A montagem traz Helena Ignez como atriz convidada em participação gravada em vídeo, Bogdan Szyber na provocação cênica, Lucas Vanatt como dramaturgista e Anderson Gouvea na coreografia. O elenco destas apresentações é formado por Alef Barros, Anderson Gouvea, Lucas Vanatt, Ricke Hadachi e Vivian Valente.

Com estética recheada de referências do butô, do kabuki e da dança contemporânea, A Vida das Bonecas Vivas parte do movimento das Living Dolls para tratar de existências humanas à margem de uma sociedade que cerceia a diversidade e a subjetividade. A encenação surge como uma resposta-celebração para uma existência possível no mundo patriarcal e embranquecido.

A Vida das Bonecas Vivas é inspirado na comunidade global Living Dolls, na qual homens se vestem com máscaras, roupas de silicone e seios protéticos a fim de se transformarem em bonecas vivas. Surgido nos anos 80, atualmente o movimento tem mais adeptos na Alemanha, Reino Unido e EUA. A montagem investiga questões existenciais, de identidade, filosóficas e artísticas na construção psíquica da personalidade em busca de um duplo como forma de transcender a própria existência. E, pelas sutilezas, tensões cênicas e subjetivas, revela a maneira como a instauração dessa nova persona afeta a identidade e, por consequência, a dança do corpo transformado.

Em um lugar atemporal, o enredo fala de pessoas que precisam existir de forma oculta. Borrando as fronteiras entre dança, teatro e performance, Dan Nakagawa traz para o espetáculo a mesma desconstrução do olhar normatizante em relação à sexualidade, gênero, expressão artística e, principalmente, ao modo a expandir e discutir as novas formas de existência que estão além dos padrões estabelecidos. A encenação ocorre em um ambiente que imprime a ideia de sonho. Os atores-bailarinos-performers são envolvidos por atmosferas lúdicas nas quais a cor branca sugere o infinito. O figurino remete à vestimenta plastificada da cultura Living Dolls, trazendo uma mobilidade contida para os corpos e, ao mesmo tempo, conferindo-lhes uma estética ora lírica, ora grotesca e ora bufônica. A trilha sonora também é criação de Nakagawa para o diálogo direto com as coreografias.

O encenador afirma que o espetáculo faz uma incursão nesse universo, partindo da pesquisa dos movimentos e das gestualidades desses homens em seus trajes de borracha, como uma “segunda pele”, fisicamente restritivos, mas libertadores ao possibilitar uma nova persona. O diretor conta que buscou elementos em sua ancestralidade oriental para construir a estética das cenas. “Fui buscar caminhos na expressão e intensidade do butô, no qual o ‘estado’ de dança passa pela necessidade da morte para o renascimento, e visitei o kabuki, com sua dramaticidade fluida em canto, dança e expressiva maquiagem, para chegar com liberdade a um conceito mais pop, mais contemporâneo, nesse híbrido de dança e teatro, onde movimentos e sons geram os estados físicos no performer”, afirma Dan, e explica ainda que o texto é coreografado, que a palavra é resultado do estado físico desses performers em cena.

Segundo o diretor, as personagens de A Vida das Bonecas Vivas vão ao encontro de sua sombra, de seu duplo, tendo por base conceitos da psicanálise como o ‘estranho-familiar’, de Sigmund Freud, o ‘nosso outro no espelho’, de Jacques Lacan, o ‘retornar a si pela experiência do outro’, de Antonin Artaud. Ele conta que usou também como referência os trabalhos do dramaturgo e coreógrafo grego Dimitris Papaioannou, da companhia de dança Cena 11 e do performer e coreógrafo japonês Hiroaki Umeda para trazer à tona perspectivas de um renascimento identitário que transponha os limites do engessamento social e dos papéis desempenhados diariamente.

A Vida das Bonecas Vivas teve sua pré-estreia em apresentação remota pelo YouTube, em novembro de 2020, devido às restrições impostas pela pandemia, permanecendo online por três meses, até março de 2021. Em 2023, a montagem circulou por unidades do SESI São Paulo, passando pelas unidades de Ribeirão Preto, São José dos Campos e Campinas.

As apresentações de 2024 integram circulação do espetáculo por cidades paulistas, viabilizada pelo Edital nº 02/2023 – Teatro / Circulação de Espetáculo do ProAC – Programa de Ação Cultural, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.

Dan Nakagawa & o projeto

O primeiro contato de Dan Nakagawa com o tema (living dolls) foi por meio do documentário O Segredo das Bonecas Vivas. “Fiquei fascinado, intrigado com aqueles homens de meia idade e seus hábitos secretos de se vestirem de bonecas com um vestuário de látex, exclusivamente confeccionado para esse movimento. Eles, geralmente, ficam em casa, em suas vidas ordinárias, cada um em sua relação com seu avatar-boneca e, com suas máscaras, transcendem o quê são, para além de suas existências. Isto é arte: anular-se para descobrir outra persona”, revela.

As motivações para esse projeto vêm de uma contínua pesquisa por Dan já no seu primeiro espetáculo Não Ia ser Bonito?, no qual explorou questões existenciais em torno do conceito de realidade e memória. E seguiu em Normalopatas, que questionava um sintoma coletivo de normalidade e normatização, bem como em seu recente trabalho, O Aniversário de Jean Lucca, inspirado na linguagem coreográfica do teatro kabuki e no conceito “lógica do condomínio”, uma analogia do psicanalista Christian Dunker.

Desde 2017, o diretor vem desenvolvendo trabalhos em Estocolmo, Suécia, estreitando as trocas culturais entre a sua arte provocadora e brasileira com o teatro e a dança suecos. Por duas vezes consecutivas, foi convidado a lecionar teatro e performance na Stockholm Academy Of Dramatic Arts, em 2017, mesmo ano em que colaborou como diretor na montagem da peça Tjuvar, de Dea Loher, com direção de Ulrika Malmgren. Em 2018, dirigiu a leitura dramática de O Aniversário de Jean Lucca, de sua autoria, com atores e bailarinos suecos e, no ano seguinte, dirigiu no MDT – Moderna Dansteatern (Teatro de Dança Moderna de Estocolmo) a performance de dança-teatro Wonderful Days – A Work In Progress com artistas da Suécia, Brasil e Inglaterra.

Serviço 

Espetáculo: A Vida das Bonecas Vivas

Duração: 80 min. Classificação: 16 anos. Gênero: Dança-teatro.

Ingressos: Gratuitos. Bilheteria: 1h antes das apresentações. 

SANTO ANDRÉ

26 de janeiro – Sexta, às 19h

Teatro Conchita de Moraes

Praça Rui Barbosa, 12 – Santa Teresinha. Santo André/SP.

Tel.: (11) 4979-4370. Capacidade: 220 lugares. Acessibilidade: Sim. 

SÃO PAULO

27 e 28 de janeiro – Sábado, às 21h, e domingo, às 19h

Teatro Cacilda Becker

Rua Tito, 295 – Lapa. São Paulo/SP.

Tel.: 3864-4513. 198 lugares. Acessibilidade: Sim. 

Apresentações em fevereiro: 

OSASCO

18 de fevereiro. Domingo, às 19h

Teatro Municipal Glória Giglio

Av. dos Autonomistas, 1533 – Vila Campesina.

SÃO BERNARDO DO CAMPO

22 de fevereiro. Quinta, às 20h.

Teatro Elis Regina

Av. João Firmino, 900 – Assunção.

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  • Data: 19/01/2024 02:01
  • Alterado:19/01/2024 14:01
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