Plano Municipal de Arborização: Santo André quer 60.000 árvores nas vias
A prefeitura divulgou hoje os detalhes do Plano Municipal de Arborização Urbana, que ainda deve passar por consulta pública. Evento contou com a presença de representante da ENEL
- Data: 16/01/2024 20:01
- Alterado: 16/01/2024 21:01
- Autor: Rodilei Morais
- Fonte: ABCdoABC
Apresentação do Plano Municipal de Arborização Urbana de Santo André
Crédito:Rodilei Morais/ABCdoABC
A prefeitura de Santo André divulgou hoje (16) os detalhes do Plano Municipal de Arborização Urbana, política pública com a qual o município pretende lidar com as mudanças climáticas e seus eventos extremos. A problemática da queda de árvores — e a decorrente interrupção da distribuição de energia — também foi abordada: para discutir a questão, o evento de lançamento contou com a participação do diretor de relações institucionais da ENEL, Marcos Augusto Mesquita Coelho.
O novo Plano Municipal de Arborização Urbana foi apresentado pelo prefeito Paulo Serra e pelo secretário de Infraestrutura e Serviços Urbanos, Vitor Mazzeti Filho, que estiveram acompanhados ainda do vice-prefeito Luiz Zacarias e Marialice Batelli Mugaiar, diretora do Departamento de Manutenção de Áreas Verdes de Santo André. Embasado em metodologias e estudos científicos, a prefeitura realizou um levantamento completo das árvores que ocupam as vias na macrozona urbana da cidade. A partir deste diagnóstico, o poder público pretende remover espécimes inapropriados — que apresentam risco de queda ou não cumprem seu papel ecológico — e plantar novas mudas, preferencialmente de espécies nativas.
Paulo Serra afirma que muito do que foi exposto no plano já incorpora questões debatidas por ele na COP28, evento das Nações Unidas realizado em Dubai, no final de 2023, reunindo líderes mundiais para tratar das mudanças climáticas. Pela primeira vez na história, a ONU abriu a possibilidade de participação a municípios — e Santo André marcou sua presença no evento. “Várias soluções que ainda não chegaram ao Brasil com tanta intensidade, nós conseguimos antecipar e trazer para a cidade,” declarou Serra.
A arborização em Santo André hoje e daqui a 15 anos
De acordo com o diagnóstico realizado pela prefeitura e apresentado pelo secretário Vitor Mazzeti, a área urbana de Santo André conta hoje com quase 40.000 exemplares de árvores em suas vias — o valor desconsidera, portanto, as que estão inseridas em praças, parques e lotes públicos ou particulares. Na média, para cada quilômetro de via, Santo André tem, portanto, 40 árvores.
Este cenário, porém, não é homogêneo — bairros como a Vila Valparaíso, Casa Branca e Vila Scarpelli ultrapassam a marca de 80 árvores por km, enquanto o Cata Preta, Jardim Santo André e Sítio dos Viana apresentaram números quase insignificantes de espécimes nas ruas. É objetivo da prefeitura chegar a 60.000 árvores plantadas nos próximos 15 anos, equalizando melhor, também, a sua distribuição ao longo do território.
O aumento da cobertura vegetal na cidade está de acordo com o consenso científico sobre as ações a serem tomadas para lidar com as mudanças climáticas. As árvores atuam como reservatórios do carbono que está em excesso na atmosfera, promovem um maior conforto térmico às pessoas e ainda ajudam a combater enchentes — tanto por amortecer a queda da chuva com sua copa quanto pela permeabilidade da área onde estão plantadas permitir que mais água seja absorvida pelo solo.
E as quedas de árvores?
Com as recentes tempestades, que contarão com ventos de velocidade superior aos 90 km/h, uma preocupação natural da população quando se trata da arborização urbana é a questão das quedas de árvores e da interrupção da energia elétrica. O Plano Municipal de Arborização Urbana pretende abordar isso através da substituição de espécies consideradas inadequadas para a cidade por outras que se enquadrem no que o ambiente urbano necessita.
Vitor Mazzeti explica que o processo de arborização das vias de Santo André começou há muito tempo, quando não havia uma preocupação com a aptidão de cada espécie ao local em que elas eram plantadas. Isso fez com que espécies exóticas — como a uva-japonesa, o ligustro e o ficus — se tornassem comuns nas ruas da região apesar de serem problemáticas do ponto de vista urbanístico de hoje. O secretário conta, por exemplo, que existem pragas que atingem estas espécies mas que árvores nativas são imunes — é preciso, portanto, remover as inadequadas e plantar novas.
O Prefeito Paulo Serra declarou que substituir os 14.000 indivíduos de espécies impróprias para o ambiente urbano de Santo André por 14.000 mudas é um objetivo a ser cumprido até o ano de 2039. Segundo o gestor municipal, esse prazo poderia ser menor — executável em até mesmo um ano — porém adianta-lo deixaria a cidade completamente descoberta, o que vai contra os objetivos do Plano Municipal de Arborização.
A iniciativa foi elogiada por Marcos Augusto, da ENEL, que agradeceu o convite para participar do evento, afirmando que as concessionárias de energia elétrica não costumam ser chamadas para a discussão da arborização urbana nos municípios.
Como contribuir com o Plano Municipal de Arborização Urbana
De acordo com o secretário Vitor Mazzeti, a partir de amanhã (17), toda a sociedade civil pode deixar suas opiniões sobre o Plano de Arborização Urbana através de um link no site da prefeitura municipal de Santo André. Para ter acesso ao formulário de opiniões, porém, será necessário que os interessados leiam as principais partes do texto e respondam algumas questões de verificação. A prefeitura indicou ainda a intenção de fazer uma audiência pública presencial no final deste processo.
O Prefeito Paulo Serra declarou ainda que outras legislações municipais que tratam sobre o território — como a Lei de Uso e Ocupação do Solo e o Plano Diretor, cujas discussões sobre a revisão acontecem ainda este semestre — estarão totalmente alinhadas com os objetivos do Plano de Arborização de tornar Santo André mais verde.