Primeira mesa de quinta na Flip tem mediação tortuosa e debate que não decola
O encontro reuniu a crítica cultural Flora Süssekind e a dramaturga francesa Marion Aubert, com mediação da professora da Universidade de Berkeley Natalia Brizuela.
- Data: 23/11/2023 13:11
- Alterado: 23/11/2023 13:11
- Autor: Maurício Meirelles
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Divulgação
O primeiro debate da Flip nesta quinta-feira (23) foi marcado por uma tenda esvaziada, com cerca de cem pessoas, e uma conversa com dificuldade de decolar, diante de perguntas confusas da mediadora.
O encontro reuniu a crítica cultural Flora Süssekind e a dramaturga francesa Marion Aubert, com mediação da professora da Universidade de Berkeley Natalia Brizuela.
Aubert chegou a comentar pelo menos duas vezes não ter certeza de que entendeu os questionamentos.
“Marion, queria continuar um pouquinho com o que você falou, pedindo para você falar nesse eu, que nunca é só um eu, são muitas vozes na verdade, muitos eus”, iniciou Brizuela em certo momento.
“No teatro, o texto teatral tem a singularidade de estar lá para de corporalizar, para cobrar um corpo, para entrar num corpo, para ter uma voz, ou muitas na verdade, porque a encenação não é feita só para uma voz. Essa questão das múltiplas vozes, múltiplos corpos que transformam o texto teatral O que você pensa?”
A mediação foi marcada por diversas perguntas com o mesmo perfil, com discursos abstratos, pouco claros e que ou terminaram em perguntas triviais ou num pedido para que as convidadas comentassem.
Em anos anteriores, a Flip já chegou a divulgar em seu site um decálogo de dicas para uma boa mediação, escrito pelo jornalista Ángel Gurría-Quintana, tido como um dos melhores entrevistadores da festa literária. Entre os conselhos, estão o de ser breve e saber a hora de parar.
A conversa ensaiou esquentar no momento de perguntas do público, quando alguém enviou um questionamento sobre o espaço da crítica no debate público brasileiro o que mereceu um comentário contundente de Süssekind, uma das principais críticas em atividade no país.
“Estamos vivendo uma cultura em que as pessoas [os artistas] se contentam em ser celebridades toscas”, afirmou ela, que lança no evento o livro “Coros, Contrários, Massa”, pela Cepe Editora.
“Não é só a crítica teatral. Só lemos ‘releases’ toscos que as pessoas recebem das editoras. É como se bastasse para as pessoas dizerem que sua peça é maravilhosa no Instagram”, afirmou ela, que dá aulas de teoria do teatro. “Os próprios alunos se contentam com o comentário de qualquer um.”
Desde o ano passado, a Flip acontece nesta época do ano antes da pandemia, o evento acontecia em julho.
A mudança de data tem feito o evento ser marcado pelo calor. Na tenda principal, onde os ingressos custam R$ 130, o ar condicionado não parecia dar conta da temperatura, mesmo com o espaço longe da lotação. O público assistiu boa parte da conversa entre Süssekind e Aubert se abanando com leques.