Theatro Municipal de São Paulo estreia nova montagem da ópera O Navio Fantasma
O palco do Theatro Municipal de São Paulo apresentará récitas nos dias 17, 18, 19, 21, 22, 24 e 25 de novembro, encerrando a temporada de óperas em 2023.
- Data: 16/11/2023 14:11
- Alterado: 16/11/2023 14:11
- Autor: Redação
- Fonte: Theatro Municipal de São Paulo
Navio Fantasma
Crédito:Stig de Lavor/Divulgação
Em grande produção, Der Fliegende Hollander (O Navio Fantasma), clássico em três atos com composição musical e libreto de Richard Wagner, terá nova montagem no Theatro Municipal de São Paulo, em uma bela mistura entre o enredo que vai do realismo à ficção fantástica, e inspiração nas graphic novels e na Escandinávia do século XX em sua concepção visual. No palco, a tecnologia multimídia das projeções ajudarão a contar a história do marinheiro amaldiçoado. Com direção cênica do argentino Pablo Maritano, responsável pela montagem de O Cavaleiro da Rosa no Theatro Municipal em 2022, a ópera terá direção musical de Roberto Minczuk com a Orquestra Sinfônica Municipal, Mário Zaccaro como regente do Coro Lírico e Desirée Bastos na cenografia e figurino.
Com dois elencos, nos dias 17, 19, 22 e 25, as apresentações incluem os solistas: Hernán Iturralde no papel do O Holandês; Carla Filipcic como Senta; Kristian Benedikt interpretando Erik. Enquanto nos dias 18, 21 e 24, o espetáculo terá Rodrigo Esteves no papel de O Holandês; Eiko Senda desempenhando o papel de Senta; Ewandro Stenzowski interpretando Erik. E em todas as datas: Luiz-Ottavio Faria como Daland; Giovanni Tristacci no papel de Timoneiro; e Regina Mesquita interpretando Mary. A apresentação tem uma duração total de aproximadamente 140 minutos, sem intervalo. Os ingressos variam de R$ 12 a R$ 158 (inteira).
A ópera O Navio Fantasma se passa em uma aldeia pesqueira na Noruega, onde um navegador holandês amaldiçoado por blasfemar contra Deus é condenado a vagar pelo mar eternamente, a menos que encontre uma mulher que lhe dedique o amor eterno. Ao chegar ao porto, o holandês oferece uma fortuna em ouro e joias a Daland, outro navegador, em troca da mão de sua filha, Senta. A garota já conhecia a lenda do marinheiro amaldiçoado, mas é cortejada por Erik, um caçador, que fica enciumado toda vez que ela faz referência ao holandês, seja admirando seu retrato ou cantando a famosa Balada do Holandês.
Em sua autobiografia Mein Leben (Minha Vida), lançada em 1839, Wagner conta que pela Noruega em uma viagem de navio com sua esposa, a atriz Wilhelmina Planner, motivada por uma fuga do compositor por conta de um grande acúmulo de dívidas. O músico e sua esposa enfrentaram uma tempestade a bordo, remetendo o alemão a lenda do navegador amaldiçoado. Anos depois admitiu que conheceu essa história através da versão do poeta alemão Heinrich Heine. De toda maneira, O Navio Fantasma foi para Wagner uma obra divisora de águas em sua carreira. “A partir de agora se inicia minha carreira como poeta, dou a adeus a mera posição de construtor de textos para ópera”, escreveu no texto Eine Mitteilung an meine Freunde (Uma mensagem para meus amigos), em 1851.
É entendendo a importância desta ópera para o compositor, e para a música ocidental como um todo, que Pablo Maritano, diretor cênico, explica o mote da produção. “Foi, como disse Ernst Bloch, é com o Fliegende Holländer que ‘Wagner se descobriu a si mesmo’. A jornada do holandês marca o início da jornada wagneriana na criação operística”, pontua.
Essa nova fase do compositor é expressa em certas inovações: utiliza o recurso do leitmotiv, temas musicais fragmentados, que transportam a narrativa dramática com a sua carga identitária. Às vezes são personagens, às vezes são ideias, às vezes são objetos. Por outro lado, temos o mar, que embora não tenha motivo musical, permeia toda a obra: é o enquadramento de toda a obra, com a sua hostilidade ameaçadora.
“É também a apresentação do tema do marginalizado, tanto no Holandês, cujo nome sequer sabemos, quanto Senta, são duas pessoas completamente incompreendidas”, explica Pablo. Pessoas que vão viver suas dificuldades até encontrarem a redenção em uma causa extremamente nobre: o amor.
Para Desirée Bastos, figurinista e cenógrafa, a produção terá um tom que contrasta a dureza e realismo do mundo comum com o tom “sobrenatural” do holandês. “A ideia da realidade fantástica se inicia com a chegada do holandês. Ele é o elemento que vai trazer essa magia para o espaço. A ideia de trabalhar com figurino mais realista é que quando testemunham a chegada desse holandês acontece um contraste, e no palco todo o universo das projeções e que vão ter inspiração no universo das graphic novels”, explica.
Dessa forma, a concepção da nova montagem optou por se ancorar em um tempo que pudesse ser entre o período em que a obra foi composta e nossos anos atuais, tendo como enfoque referências mais do século XX. Em contraste com a natureza fantástica da história, os figurinos têm formas mais secas, utilizando muitas sobreposições de peças, que vão dar muito a ideia do inverno, remetendo ao lugar escandinavo de onde vem a lenda.
Segundo Andrea Saturnino, diretora do Theatro Municipal de São Paulo, o encerramento da temporada representa a conclusão grandiosa de mais um ano de exitosa temporada lírica. “Foi um ano marcado pela diversidade, tivemos uma ópera brasileira inédita, quatro das oito produções de óperas foram dirigidas por mulheres, incluindo as óperas Fora da Caixa e ainda fizemos uma versão histórica de O Guarani com concepção do Ailton Krenak”, relembra.
Foi na temporada de 1957 que o público de São Paulo viu pela primeira vez O Navio Fantasma. Esta última estreou no Theatro Municipal de São Paulo em 17 de agosto de 1957, com a Companhia de Ópera Alemã, Orquestra Sinfônica Municipal e Coros Municipais sob a regência do maestro Alexander Krannhals. De lá para cá tivemos outras duas montagens, em 1977 e 1984.
“Optamos por encerrar com um clássico adorado. Wagner é um músico que faz parte do Theatro Municipal de São Paulo desde sua arquitetura: aqueles sobem as escadarias para a Sala de Espetáculos podem ver dois painéis representando cenas da mitologia nórdica que fazem alusão às óperas do compositor alemão”, finaliza a diretora. Entre novas obras e montagens de trabalhos essenciais, o Municipal continua seu objetivo de trazer a música operística para um dos principais palcos do Brasil, uma oportunidade única de rever ou até mesmo conhecer um clássico em sua melhor forma.
Serviço
Ópera Der Fliegende Holländer – O Navio Fantasma, de Richard Wagner
17/11, 20h (sexta-feira)
18/11, 17h (sábado)
19/11, 17h (domingo)
21/11, 20h (terça-feira)
22/113, 20h (quarta-feira)
24/11, 20h (sexta-feira)
25/11, 17h (sábado)
Duração total aproximada 140 minutos (sem intervalo)
Classificação indicativa Não recomendado para menores de 12 anos – Pode conter histórias com agressão física, insinuação de consumo de drogas e insinuação leve de sexo.
Ingresso de R$ 12,00 a R$ 158,00 (inteira)
Theatro Municipal de São Paulo
Praça Ramos de Azevedo, s/nº
Sé – São Paulo, SP
Capacidade Sala de Espetáculos – 1503 pessoas