‘Para um escritor, escrever mal é um pecado’, diz Jon Fosse, ganhador do Nobel
Escritor norueguês ganhou reconhecimento por ‘suas peças e prosas inovadoras que dão voz ao indizível’
- Data: 05/10/2023 09:10
- Alterado: 05/10/2023 09:10
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Ganhador do prêmio Nobel deste ano, Jon Fosse
Crédito:Divulgação
O escritor norueguês Jon Fosse foi o grande vencedor do Prêmio Nobel de Literatura nesta quinta-feira, 5. O reconhecimento vem por “suas peças e prosas inovadoras que dão voz ao indizível”, segundo a Academia Sueca. Fosse é dramaturgo, poeta e romancista. Ele possui livros publicados no Brasil, como É a Ales, com o selo da Companhia das Letras, além de peças montadas no País. Em novembro, a editora Fósforo planeja publicar o romance Brancura.
O autor também já deu uma entrevista a Ubiratan Brasil para o Estadão em 2016. A conversa ocorreu pouco antes de Fosse lançar o romance Melancolia pela editora Tordesilhas.
À época, o escritor refletiu sobre a literatura, sua própria criatividade e os “deveres” de sua profissão. “A literatura existe quando um conteúdo e uma forma criam um universo único, governado pelas próprias leis”, declarou ele.
Para Fosse, conteúdo e forma, na literatura, são inseparáveis, “como alma e corpo no ser humano”. Ele descreveu que, ainda, é necessário transformar conteúdo e forma em “uma unidade com uma força transcendental”.
O escritor descreveu suas inspirações, como Samuel Beckett, a quem chamou de “pai literário”, e Tarjei Vesaas. Quando perguntando sobre como decide se irá escrever peças de teatro ou prosa, ele respondeu: “Simplesmente, começo a escrever. […] Quando escrevo, ouço. E, num determinado momento, sinto que a peça ou o trabalho de prosa está ali, pronto, só tenho de colocar no papel o mais rápido possível, antes que desapareça.”
Fosse expressa firmeza ao definir o que considera ser a única obrigação de um escritor: “escrever bem, do modo mais autêntico possível.”
Ele também é seguro ao negar que a literatura de ficção pode se misturar com o factual. Para ele, existem distinções claras entre História, literatura e jornalismo. “A literatura é mentir de maneira que seja verdade”, descreve.
“Jornalismo é jornalismo. Literatura é literatura. Esta distinção sempre existirá e estou certo que veremos a diferença de modo mais claro no futuro. Hoje a História está muito interessada em detalhes. A literatura está assumindo seu lugar?” questiona.