Rede de apoio é fundamental para sucesso do aleitamento materno
Diadema promove ações de acolhimento e auxílio no enfrentamento dos desafios; programação do Agosto Dourado segue até dia 31 de agosto
- Data: 22/08/2023 20:08
- Alterado: 22/08/2023 20:08
- Autor: Renata Nascimento
- Fonte: PMD
Crédito:Mauro Pedroso/PMD
“Sempre soube que o leite materno é muito importante, então eu quis sim amamentar. Mas a prática foi um pouco diferente e mais complicada do que imaginava”, relata a vendedora Fabiana de Oliveira Rodrigues Pinto, mãe do Lorenzo. Muitas vezes, a decisão de oferecer o melhor alimento para o bebê – o leite materno –vem carregada de dúvidas e desafios. Para acolher, preparar e empoderar a mulher que deseja amamentar, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) promove inúmeras atividades no mês do Agosto Dourado, de incentivo ao aleitamento materno.
Entre elas, o grupo de Orientação sobre Cuidados com o Recém Nascido (RN) e aleitamento materno, da Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque Reid, que Fabiana participou no último dia 10. Após o nascimento de Lorenzo, ela comprou bombinha de extração de leite, forneceu na mamadeira, no copinho e chegou a usar fórmula. Conforme a produção de leite foi aumentando, ela se sentiu mais confiante. “Para ele não ter confusão de bicos, permaneci somente alimentando no peito e, graças a Deus, está dando certo”, relata a moradora do Centro que teve apoio do esposo, mãe e irmãs nesse período. “Tenha paciência e seja persistente, pois o bebê acabou de nascer”, encoraja Fabiana.
A gerente da UBS Parque Reid, Nelize Dahmen, avalia que a família tem a tarefa de contribuir e facilitar para que esse período seja o mais tranquilo quanto possível para a mãe. “A presença do pai e seu apoio emocional são importantes para saúde da mãe que amamenta. O aleitamento materno estreita esse vínculo da família como um todo, como um núcleo familiar”, ressalta.
Retorno
A enfermeira da UBS São José, Amanda Gabrielle de Aquino Silva Miguel, é mãe do Noah, de um ano e 10 meses. Até hoje, ele se beneficia de todos os nutrientes como proteínas, carboidratos, gorduras e anticorpos presentes no leite materno. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses e complementar até os dois anos.
Entretanto, a volta ao trabalho é um dos principais fatores que influenciam o desmame precoce. A prevalência do aleitamento materno exclusiva cai de 70%, no primeiro mês de vida do bebê, para 26% no quarto mês, segundo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI). “Infelizmente, o cenário atual não é ideal para a mãe que deseja manter o aleitamento, principalmente devido condições previstas na CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), com apenas quatro meses de licença maternidade, dificultando o aleitamento exclusivo até os seis meses, mesmo para a mãe que consegue realizar a ordenha no ambiente de trabalho e armazenar o leite extraído”, avalia Amanda.
Já a enfermeira Priscilla Nascimento Groba enumera alguns dos desafios. “Mudanças de horário e rotina, introdução de novo cuidador para o bebê, dificuldade em ordenha no ambiente do trabalho, fragilidade emocional por permanecer longe do bebê, ausência de rede de apoio no trabalho ou de pessoas chaves que compreendam o momento em que a funcionária está passando”.
As duas profissionais atuam na orientação da amamentação durante o pré-natal, consultas de puericultura (após o parto), grupos de lactantes e garantem que o aleitamento tem estimulado durante todo o ano. Em agosto de 2022, elas participaram de roda de conversa sobre os desafios da amamentação e, neste mês, também estão à frente de ações do Agosto Dourado na UBS.
Para Priscilla, mesmo sendo tutora da Estratégia Amamenta Alimenta Brasil (EEAB) desde 2016, a amamentação da filha Manuela – hoje com dois anos – não foi como o esperado. “Tive fissura mamilar, mesmo com a pega adequada, mas insisti no aleitamento exclusivo e tive muito apoio da pediatra e obstetra, que se tornaram minha rede de apoio mais expressiva no primeiro mês”, conta.
A realidade trouxe novas cores para a atuação profissional. “Enriqueceu muito minha prática como enfermeira, pois me aproximaram mais do humano, das fragilidades que a mãe enfrenta, do ruído de comunicação que existe de palpites nem sempre técnicos e agregou sensibilidade e visão emocional de todo o processo”, valoriza Priscilla.
Rede de Apoio
O apoio da família, ou qualquer que seja a rede de apoio que a nutriz tenha, é de muita importância, é onde ela primeiro vai recorrer quando houver dúvidas, quando o cansaço e desânimo baterem, ou quando quiserem simplesmente compartilhar ideias e experiências. “Uma rede de apoio empoderada, fortalecida e orientada acabam por ser complemento da formação do bebê e suporte para a mulher”, garante Priscilla.
Políticas públicas como alojamento compartilhado – quando mãe e bebê ficam juntos durante toda a estadia no hospital – e a hora de ouro – quando o recém-nascido é colocado ao corpo da mãe na primeira hora após o parto para contato pele a pele e primeira mamada – são realidade na maternidade do Hospital Municipal de Diadema (HMD). Para valorizar as mães, o GT Humaniza SUS preparou programação especial no dia 16, com palestras, brincadeiras, brindes e participação dos palhaços da “A Esperada Companhia”.
“Para mim, a rede de apoio foi fundamental para a continuidade do aleitamento exclusivo até os seis meses e também no momento de introdução alimentar, respeitando as decisões e limites estabelecidos”, lembra a enfermeira Amanda.
Programação
Até o final do mês, estão previstas formações para profissionais, palestras, rodas de conversa, oficinas para mães que retornarão ao trabalho, grupos de gestantes, introdução alimentar, shantala (técnicas de massagem indiana para bebê), entre outras ações. Confira a programação completa em https://portal.diadema.sp.gov.br/wp-content/uploads/2023/08/Programacao-9o-Agosto-Dourado-08-08-2023-atualizado.pdf.
Durante todo o ano
Embora o Agosto Dourado seja o mês de destaque, a temática deve ser desenvolvida ao longo do ano “em qualquer oportunidade que houver junto à família que se prepara para receber o bebê. Também destaco que a educação em saúde deva ser oferecida a todos, desde crianças até idosos, a fim de desconstruir tabus, preconceitos e ideias erradas que a comunidade acaba tendo, por falta de orientação correta”, finaliza Priscilla.