Alta dos alimentos: pesquisa de preço ainda vale a pena?
Comparativo realizado pelo ABCdoABC, em três redes de supermercados de Santo André, mostra variação de até 94% no preço dos mantimentos
- Data: 23/03/2023 09:03
- Alterado: 23/03/2023 09:03
- Autor: Be Nogueira
- Fonte: ABCdoABC
Crédito:
A elevação no preço dos alimentos é uma realidade no Brasil desde o início da pandemia. Na época, o colapso econômico causado pelo COVID-19 era a justificativa para o desequilíbrio entre a renda média da população e o valor da cesta básica. Mas hoje, mesmo com a vacinação e a queda do contágio do vírus, os preços nas prateleiras continuam desproporcionais à renda dos trabalhadores.
No início do mês março, a equipe de reportagem do ABCdoABC, realizou uma pesquisa de preço em três supermercados de Santo André. A partir de uma lista de itens básicos, como: arroz, feijão, macarrão, molho de tomate, café, achocolatado, óleo de soja, leite integral, açúcar, farinha de trigo e sal, o resultado foi uma diferença de 16,96% entre a compra mais cara (R$85,10) e a mais econômica (R$72,76). Os três produtos com maior variação de preços foram a farinha de trigo, molho de tomate e sal.
O levantamento foi feito em dois grandes varejistas e um atacadista da região. Na apuração usamos a mesma lista de compras em todos, sem predileção de marcas, apenas com o objetivo de encontrar o menor preço de cada produto. A compra total, em um dos varejistas foi de R$85,10, no outro de R$74,36 e no atacadista ficou em R$72,76. A opção mais econômica, neste caso na rede atacadista, se deu pela diversidade de marcas disponíveis, consequentemente ofertando maior variedade de preços.
As taxas sobre os alimentos estão relacionadas a diferentes questões, tanto nacionais quanto internacionais. Episódios climáticos, crise hídrica, preço dos combustíveis, tudo influência.
“O repasse (das taxas) no valor dos alimentos é algo natural. Mas temos empresários negociando o valor para evitar uma evasão de consumidores. E há distribuidores que precisam diluir esse custo extra gerado por vários fatores, como a inflação. É normal que o mercado, em primeira instância, absorva esse aumento sem repassar ao consumidor. Existe uma tratativa para entender e absorver essa alta na margem de lucro, mas quando não é possível, o repasse se torna inevitável”, explica Marlon Glaciano, educador e planejador financeiro.
O índice do IPCA (índice que calcula a média de preço de um conjunto de bens de consumo e serviços de um país) apresentou alta de 1,31% entre janeiro e fevereiro deste ano. E nos últimos 12 meses, o acumulado foi de 5,63%. Enquanto a taxa dos alimentos, também nos últimos 12 meses – mesmo em desaceleração- atingiu 10,61%, o dobro do IPCA.
A maior preocupação em relação ao custo dos alimentos é quando comparado ao salário mínimo, que precisa ser suficiente para suprir as despesas básicas de uma família, desde alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene a transporte, lazer e previdência. O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), estima que o salário mínimo necessário para suprir as despesas de uma família de quatro pessoas, em 2023, equivale a R$6.641,58, enquanto o salário atual é de R $1.302,00.
Marlon, concorda que a pesquisa de preço é um dos caminhos para economizar, mas faz um alerta sobre a cultura da compra do mês, “nesse momento econômico vale a pena aproveitar promoções e descontos sazonais e principalmente dividir as compras por períodos menores, tendo em vista que existem muitas campanhas de desconto. Para pequenas famílias, compras semanais ou quinzenais podem ser uma boa estratégia. Já para grandes famílias, é preciso avaliar os itens de maior consumo para checar se compensará uma compra no atacado”.
Deixamos a lista completa, com as descrições dos produtos pesquisados, em uma tabela comparativa em reais e em porcentagem.
Atacadão |
Carrefour |
Coop |
Diferença entre o mais caro e o mais barato (%) |
|||||
Produto |
Peso |
Marca |
R$ |
Marca |
R$ |
Marca |
R$ |
|
Arroz Branco |
5kg |
Tio Lano |
19,59 |
Solito |
20,99 |
Campeiro |
19,99 |
7,15% |
Feijão Carioca |
1kg |
5 Estrelas |
7,59 |
5 Estrelas |
7,49 |
Kicaldo |
8.99 |
20,03% |
Macarrão |
500g |
Vitarelli |
2,85 |
Adria |
3,10 |
Mamma |
2,69 |
15,24% |
Molho de Tomate |
300g |
SoFruta |
1,29 |
Predilecta |
2,49 |
Fugini/Predilecta |
1,69 |
93,02% |
Café Tradicional |
500g |
Bom Jesus /Brasileiro |
13,98 |
Brasileiro |
16,79 |
Pilão |
16,99 |
21,53% |
Achocolatado |
370g/380g |
Nescau |
7,43 |
Nescau |
8,89 |
Toddy |
9,29 |
25,30% |
Óleo de Soja |
500ml |
Concórdia/ Vitalice |
6,99 |
Vitalice |
7,79 |
Vitalice |
7,79 |
11,44% |
Leite Integral |
1L |
Qualitá |
4,59 |
Italac |
4,59 |
Jussara |
4,49 |
2,23% |
Açúcar Refinado |
1Kg |
Guarani |
3,18 |
Caravelas/Guarani |
3,69 |
Alto Alegre / Da Barra |
3,89 |
22,33% |
Farinha de Trigo Tradicional |
1Kg |
Margarida |
3,49 |
Sol |
6,79 |
Venturelli |
5,99 |
94,56% |
Sal Refinado |
1Kg |
Lebre |
1,78 |
Globo |
2,49 |
Itialho |
1,55 |
60,65% |
Total |
72,76 |
85,10 |
74,36 |
16,96% |