Testamos a Ford Ranger 2020 – Bruta com sutilezas

Para ganhar competitividade, linha 2020 da Ford Ranger incorpora tecnologias e mantém os preços

  • Data: 29/06/2019 10:06
  • Alterado: 29/06/2019 10:06
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Agência AutoMotrix
Testamos a Ford Ranger 2020 – Bruta com sutilezas

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O mercado brasileiro de picapes anda cada vez mais disputado. A liderança, desde 2015, está com a Toyota Hilux, que teve 30,8% de “share” no segmento das picapes médias feitas sobre longarinas – se forem computados os modelos com chassi em monobloco, o primeiro lugar ficaria com a Fiat Toro, com quase 50% a mais em relação à Hilux. Atrás da picape da Toyota está a Chevrolet S10, que emplacou 24,9% de participação em 2018. Mas quem mais ganhou mercado nos últimos anos foi a Ranger. A picape da Ford era a sexta colocada do ranking em 2012, com 9,4% de participação, quando foi apresentada a atual geração. Foi conquistando espaço e, em 2018, deixou para trás a Nissan Frontier, a Volkswagen Amarok e a Mitsubishi L200, emplacando os 16,1% de participação que a colocaram no terceiro lugar no ranking. Nos cinco primeiros meses deste ano, com o prestígio abalado pela decisão anunciada em fevereiro de fechar a fábrica de caminhões em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, a Ford viu sua picape perder o terceiro posto para a Amarok. Para tentar uma recuperação e, quem sabe, até brigar pela liderança, a Ford acaba de apresentar o modelo 2020 da Ranger. A picape recebeu discretos retoques estilísticos e incorporou equipamentos. Dentro da estratégia de reforçar a competitividade, a Ford fez tais aprimoramentos sem aumentar os preços, que permanecem exatamente os mesmos da linha 2019.

Em termos de design, as mudanças da Ranger 2020 se concentram na parte frontal. Grade, para-choque, faróis principais e de neblina foram redesenhados para reforçar o aspecto de robustez desejável em uma picape desse gênero. As versões com motor 3.2 trazem diversos elementos cromados, como grade dianteira, capa dos retrovisores, maçanetas e para-choque traseiro. No perfil, a roda de 18 polegadas ganhou uma nova pintura. Na traseira, a novidade é a tampa da caçamba com assistente de abertura e fechamento que, segundo a Ford, reduz de doze quilos para três quilos o peso equivalente na sua movimentação. Por dentro, o padrão de acabamento da cabine foi aperfeiçoado e recebeu novos materiais. Na parte de engenharia, veio uma evolução importante: a picape produzida na Argentina ganhou uma nova suspensão que, de acordo com os engenheiros da marca, melhora a dirigibilidade e o conforto tanto no asfalto quanto no fora-de-estrada.

Entre os novos equipamentos da linha estão tecnologias autônomas de assistência, que são uma tendência na indústria automotiva mundial e inéditas entre as picapes vendidas no Brasil. Entre elas, a versão “top” Limited traz o sistema de frenagem autônoma com detecção de pedestres. Com o auxílio de duas câmeras e um radar, caso identifique outros veículos, ciclistas ou pedestres, a Ranger freia até a imobilidade se o sistema não perceber qualquer reação do motorista. A faixa ideal de operação do sistema é entre 5 km/h e 60 km/h – além desse limite, a colisão pode não ser evitada, mas será atenuada. Outra novidade é o sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, que indica as velocidades máximas permitidas na tela multimídia. Sistemas autônomos já disponíveis anteriormente na Ranger continuam lá, como o piloto automático adaptativo e o sistema de permanência em faixa. Para reforçar a segurança, os faróis baixos de xênon contam com luzes diurnas de leds.

Sob o capô, a novidade é que a Ranger deixa de oferecer a opção de motor flex 2.5. Conforme a Ford, os motores bicombustíveis estão em apenas 8% das picapes médias sobre longarinas vendidas no Brasil atualmente. “Para o cliente da flex, oferecemos hoje a versão XLS a diesel, uma opção mais inteligente com preço próximo das versões flex da concorrência”, explica Fabrizzia Borsari, gerente de Marketing Produto da Ford. A Ranger 2020 mantém os dois motores a diesel da família Duratorq, o 3.2 de cinco cilindros, com duzentos cavalos, e o 2.2 de 160 cavalos. Toda a linha já vem de série com o AdvanceTrac, composto por controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, controle automático de descida, assistência de frenagem de emergência, luzes de emergência em frenagens bruscas, controle de oscilação de reboque, sistema anticapotamento e controle adaptativo de carga, além de diferencial traseiro blocante eletrônico. Também é a única do segmento que oferece cinco anos de garantia.

Com a decisão de manter os valores praticados na linha 2019, os preços da linha 2020 da Ranger partem de R$ 128.250 na versão XLS 2.2 4×2 automática e chegam a R$ 188.990 da Limited 3.2 4×4 automática. Como parte da estratégia de ganhar participação no mercado, as diversas configurações da picape da Ford se posicionam abaixo dos preços das concorrentes com equipamentos similares e ainda oferecem tecnologias inéditas no segmento. Em meio ao momento conturbado que vive no Brasil, a Ford reafirma sua estratégia global de concentrar esforços nos utilitários esportivos e nas picapes, deixando os carros de passeio gradativamente em segundo plano. Nesse contexto, com a evolução do produto e a política agressiva de preços, a nova Ranger pode ganhar protagonismo na marca dentro do mercado nacional. Para, quem sabe, se tornar a nova cara da Ford por aqui.

EXPERIÊNCIA A BORDO

Evolução da espécie
Por dentro, o padrão de acabamento da cabine da Ranger 2020 evoluiu. A percepção geral de aumento de qualidade é notável, principalmente se os ocupantes não olharem para cima – o porta-óculos e as luzes de teto lembram os adotados no EcoSport e destoam do padrão de requinte do habitáculo. Todas as versões da Ranger vêm com a eficiente central multimídia Sync 3 com tela de oito polegadas sensível ao toque, navegação, comandos por voz e compatibilidade com as plataformas Android Auto e Apple CarPlay. Também são de série ar-condicionado digital de duas zonas, painel configurável com duas telas de 4,2 polegadas, faróis de neblina e sete airbags. A versão XLT 3.2 com tração 4×4, transmissão automática e bancos de couro acrescenta itens como sensor de chuva, monitoramento individual de pressão dos pneus e faróis automáticos.

No entanto, é na versão de topo de linha 3.2 Limited que a Ranger “ostenta” mais e ganha termos de aparato tecnológico e itens de conforto. Vem com farol alto automático, sistema de acesso sem chave e botão de partida Ford Power, tampa traseira com travamento elétrico, rodas de 18 polegadas com acabamento exclusivo, sistema autônomo de frenagem com detecção de pedestres, reconhecimento de sinais de trânsito, monitoramento individual de pressão dos pneus, piloto automático adaptativo, sistema de permanência em faixa e sistema de personalização da luz ambiente com sete cores.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

A força do conjunto
Entre os vinhedos da fria e árida região de Mendoza, à beira dos imponentes Andes argentinos, o teste da Ford Ranger Limited 3.2 4×4 automática foi feito em um trajeto de cerca de 150 quilômetros, incluindo estradas asfaltas e muitas trilhas de terra e cascalho e um pequeno trecho de “off-road” mais radical especialmente preparado. O motorzão 3,2 litros 20V turbo com cinco cilindros entrega o robusto torque de 47,9 kgfm já em baixas rotações, a partir de 1.750 rpm, o que se traduz em uma disposição permanente para acelerar. A potência máxima de duzentos cavalos também é mais do que necessário para conferir um comportamento dinâmico convincente às 2,2 toneladas da picape. O bom entendimento com o câmbio automático de 6 marchas faz com que o potencial do motor seja otimizado e as retomadas ocorram sem vacilações.

Entretanto, o grande destaque da Ranger 2020 é o novo ajuste da suspensão, que está muito além do padrão do segmento e posiciona a picape da Ford em um patamar mais elevado. O veículo se comporta quase como um carro de passeio e esbanja equilíbrio em altas velocidades, tanto no asfalto quanto nas trilhas. Nem parece uma picape. Das novas tecnologias autônomas, pelas condições do teste de apresentação, não foi possível avaliar o assistente autônomo de frenagem que, de acordo com a Ford, aciona os freios automaticamente para evitar ou reduzir os danos de uma colisão. Já o sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, que usa as mesmas câmeras para rastrear as placas na pista, se mostrou bem efetivo para alertar o motorista sobre os limites de velocidade.

Na trilha de “off-road” preparada pela Ford, foi possível submeter a picape a situações extremas, em crateras enormes e aclives e descidas intimidadoras. Em todas as situações a que foi submetida, a Ranger enfrentou os obstáculos sem se abalar ou dar sinais de fragilidade ou fadiga. Para quem realmente pretende “chafurdar” com a Ranger, a capacidade de imersão de oitenta centímetros e de reboque de 3,5 toneladas são atributos que destacam o modelo da Ford dentro da categoria.

FICHA TÉCNICA

Ford Ranger Limited 3.2 4×4 automática
Motor: Dianteiro, longitudinal, 5 cilindros em linha, 3.2, 20V, comando duplo, turbo, injeção direta de diesel.
Potência: 200 cavalos a 3 mil rpm.
Torque: 47,9 kgfm a 1.750 rpm.
Câmbio: Automático de 6 marchas; tração 4×4 com reduzida.
Direção: Elétrica.
Suspensão: Independente com barra estabilizadora (dianteira) e eixo rígido (traseira).
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira.
Pneus e rodas: 265/60 R18.
Dimensões: 5,35 metros de comprimento, 1,86 metro de largura, 1,85 metro de altura e 3,22 metros de entre-eixos.
Caçamba: 1.180 litros.
Tanque de combustível: 80 litros.
Peso: 2.261 kg.
Produção: General Pacheco/Argentina.
Preço: R$ 188.990

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