Ambulatório Trans de Diadema é primeiro do ABCD
Inaugurado nesta quarta-feira (15), serviço municipal disponibiliza processo transexualizador e abre espaço para fala, escuta e acolhimento médico e em enfermagem, psicologia, psiquiatria
- Data: 15/09/2021 16:09
- Alterado: 15/09/2021 16:09
- Autor: Renata Nascimento
- Fonte: PMD
Ambulatório Trans de Diadema é primeiro do ABCD
Crédito:Dino Santos
Na manhã desta quarta-feira (15/09), a Prefeitura de Diadema inaugurou o Ambulatório DiaTrans: primeiro Ambulatório de Saúde Integral da População de Travestis e Transexuais de Diadema e do Grande ABC, localizado no Quarteirão da Saúde (QS). O serviço disponibiliza processo transexualizador, com hormonioterapia, e abre espaço para fala, escuta e acolhimento das demandas dos travestis e transexuais que moram na cidade.
Durante a cerimônia oficial, realizada no auditório do QS, o prefeito de Diadema José de Filippi Júnior ressaltou a importância de um espaço acolhedor. “Em nove meses de gestão, inauguramos o Ambulatório DiaTrans, que é um serviço com uma equipe de profissionais que contribuem com a humanização do atendimento. Com essa velocidade e esse olhar de carinho vamos avançar muito mais na saúde. Vamos conviver do lado do outro, da outra e do outrem com esse compromisso de construir uma sociedade melhor”, afirmou.
Para a secretária municipal de Saúde, Rejane Calixto, a implantação do serviço é um avanço. “É um momento de muita alegria poder inaugurar o Ambulatório DiaTrans, que representa o que se pretende para Diadema: uma sociedade humanizada e mais inclusiva. Ter um ambulatório com essa vocação é a expressão clara do que almeja o SUS, que ofereça para o usuário atendimento humanizado, digno e pensando na integralidade dessa pessoa”, ressaltou.
“O ambulatório nasceu do sonho de algumas pessoas que tinham como princípio promover para as pessoas trans tudo que o SUS norteia. Para que essa população que tanto foi marginalizada e sofre discriminação pudesse entrar no serviço de saúde e ter seu nome social, ser reconhecido como pessoa trans. Quero que as pessoas se sintam acolhidas”, explicou a enfermeira e coordenadora do DiaTrans, Vanessa Ribeiro Romão.
De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), 1,9% da população no Brasil se reconhece trans e a média de vida dessa pessoa é de 35 anos. “Ninguém faz nada sozinho. O serviço é importante também para que possa acabar com o preconceito, com a discriminação, com a morte. Estamos falando de salvar vidas, salvar a sobrevivência dessa população que chega, no máximo, aos 35 anos. Além do atendimento da saúde que melhora, a gente vai poder trazer informação e riscar o preconceito e a homofobia. Isso é trazer políticas públicas para todo mundo”, garante a vice-prefeita e secretária de Assistência Social e Cidadania, Patrícia Ferreira.
Ambulatório DiaTrans
O serviço especializado, que já está em funcionamento desde o dia 1º de setembro, disponibiliza atendimento de saúde à travestis e transexuais (masculino e feminino). A previsão inicial de atendimento é de 100 pessoas. A equipe é formada por uma vinculadora, enfermeira, psicóloga, médico infectologista e assistente social.
Quem chega ao DiaTrans passa pelo acolhimento e tem disponível consultas médicas e acompanhamento de outras categoriais profissionais, respeitando as necessidades e especificidades de cada indivíduo com o objetivo de melhorar a qualidade de vida desse usuário. A população trans poderá ser referenciada para tratamento de outras necessidades nas demais unidades que compõem a rede municipal de saúde, dentro da lógica de cuidado integral da saúde. Além disso, a prevenção contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) é realizada em parceria com o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), com distribuição de preservativos, uso da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), da PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV), entre outros.
Durante a cerimônia oficial, Beth Maison Mariano Souza aprovou o serviço. “Quero agradecer a todos os profissionais de saúde. São muitos anos lutando e esse foi o maior presente que Diadema deu para a comunidade trans”, elogiou.
Acesso
A Unidade Básica de Saúde (UBS) é a porta de entrada para acesso a toda a rede de saúde municipal, incluindo o Ambulatório DiaTrans. Mas é possível procurar diretamente o serviço. Diariamente, de segunda a sexta-feira, a vinculadora está no serviço para acolher e orientar os interessados.
O Grupo de Entrada funciona de quarta-feira, das 13h às 19h. A princípio, o usuário que procura espontaneamente o serviço passa em acolhimento com a vinculadora e depois por uma consulta admissional com a enfermeira e coordenadora do serviço; e os demais atendimentos ocorrem de quinta-feira (das 8h às 19h) e de sexta-feira (das 13h às 19h).
Toda pessoa que procurar pelo serviço será acolhida, entretanto, jovens entre 16 e 18 anos não podem realizar hormonioterapia. O procedimento é autorizado por lei apenas a pessoas com mais de 18 anos. Crianças e adolescentes até 16 anos serão encaminhados para o Projeto Sexualidade (ProSex), do Hospital das Clínicas, onde tem hebiatria e realiza o acompanhamento desse público.
O Ambulatório DiaTrans de Diadema conta com apoio do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP, que é a referência para as cirurgias e para a educação continuada permanente.
Reivindicação
Até virar realidade, o Ambulatório DiaTrans era uma reivindicação histórica por atenção integral à saúde da população trans e, hoje, está alinhado às propostas feitas pelos trabalhadores e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) na 11ª Conferência Municipal da Saúde, realizada na cidade no mês de agosto. Além disto, é mais um compromisso da atual gestão previsto em Plano de Governo e que foi cumprindo. O município conta ainda com a primeira Coordenadoria de Políticas de Cidadania e Diversidades LGBTI+.
Serviço:
Ambulatório DiaTrans
Centro de Especialidades Quarteirão da Saúde (2º andar). Avenida Antonio Piranga, 700 – Centro.
Grupo de Entrada: quarta-feira, das 13h às 19h.
Contato: [email protected]