Última votação da ‘PEC Emergencial’ impediu renúncia da chefia da Receita Federal
A Proposta de Emenda à Constituição 186, a chamada 'PEC Emergencial', tem dado dor de cabeça ao governo Jair Bolsonaro.
- Data: 10/03/2021 20:03
- Alterado: 10/03/2021 20:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Por texto da PEC Emergencial
Crédito:Reprodução
Além da crise aberta com as Forças de Segurança, que se sentiram preteridas ao realizarem que não seriam poupadas pelo Planalto do congelamento de salários previsto no texto, a cúpula da Receita Federal chegou a ensaiar um pedido de demissão coletivo.
A entrega dos 220 cargos comissionados e funções de chefia foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco). A avaliação interna era de que a renúncia em massa seria um último e contundente gesto para marcar oposição à proposta.
“Sem o apoio do governo, e sem possibilidade de qualquer discussão, será muito difícil qualquer mudança nesse roteiro. O texto da PEC coloca nossa atividade no terceiro escalão de importância, fere de morte o nosso órgão e exige um posicionamento firme e contundente de todos nós”, conclamou o presidente do sindicato, Kleber Cabral, em vídeo publicado mais cedo nesta quarta-feira, 10.
Na gravação, Cabral alerta que a PEC vai abrir ‘uma espiral de desmonte e de desestruturação da Receita Federal’.
“Sem promessas, sem novas cartas. Agora é a hora da entrega dos cargos”, disse o presidente do Sindifisco. “Precisamos tornar a casa ingovernável. Só assim o ministro [Paulo Guedes] e o governo terão algum respeito por nós. Alguns chefes já estão entregando os cargos, e quero conclamar todos os chefes a realizarem, de fato, a entrega de cargos. E, aos que não são chefes, o compromisso de que nenhum auditor traia a classe assumindo esse posto, sob pena de os colegas que estão no comando do órgão se tornarem não vítimas, mas cúmplices deste que é um dos capítulos mais lamentáveis da Receita Federal”, acrescentou.
O clima arrefeceu com o resultado da votação na tarde desta quarta na Câmara dos Deputados. O plenário aprovou um destaque do PDT e manteve a vinculação dos repasses de cerca de R$ 65 bilhões em receitas hoje carimbadas para órgãos, fundos e despesas específicas. A desvinculação afetaria a prerrogativa garantida ao Fisco e às administrações tributárias estaduais e municipais de terem despesas custeadas por fundos alimentados a partir de multas arrecadadas por esses órgãos.
O governo também acabou abrindo mão do congelamento de promoções e progressões das carreiras do funcionalismo, previsto na PEC, para evitar que os deputados retirassem todas as contrapartidas fiscais do texto que autoriza uma nova rodada do auxílio emergencial.