Tempo de despertar

Em 2002, a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) lançou o Programa Automotivo Catarinense, para incentivar a produção automobilística no Estado. O programa gerou a criação da Tecnologia Automotiva Catarinense S.A., montadora de veículos fundada em 2004 por um grupo de empresários locais na cidade de Joinville. Em 2006, a empresa estava no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, aonde apresentou sua proposta de produzir em Joinville o jipinho Stark, um off-road 4×4 compacto. A marca voltou ao motorshow paulistano em 2008, mas a fabricação do veículo só foi viabilizada no final de 2009. Em 2012, a marca anunciou a construção de uma fábrica na cidade de Sobral, no Ceará. O apoio da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) e os incentivos previstos no Fundo de Desenvolvimento Industrial para indústrias que se instalassem no Nordeste foram decisivos para a mudança. De lá para cá, em meio à crise na economia brasileira e à queda no mercado automotivo, se manteve produzindo por encomenda. Para a linha 2018, o Stark acaba de ser apresentado como “Novo Stark” e traz uma versão inédita, a Black Cover. E a TAC anuncia também uma nova filosofia de atuação no mercado.

O Stark é basicamente o mesmo desde 2010, quando as primeiras unidades começaram a ser comercializadas. É um jipe nascido para o uso off-road, com chassi tubular e carroceria de fibra de vidro e plástico. Seu design exibe formas curvilíneas e a cabine tem quatro lugares. A nova versão do Stark foi batizada de Black Cover e a principal diferença é o teto preto. A versão incorpora acessórios já disponíveis para os Stark feitos sob encomenda, como bancos de couro, snorkel, rodas pretas e central multimídia. Comparado ao Stark do ano/modelo anterior, houve pequenas mudanças no padrão de acabamentos internos.        

O motor, por sua vez, continua a ser o F1A, um 2.3 litros 16V Turbodiesel Intercooler, conhecido como Multijet Economy, produzido pela FTP Powertrain Technologies na cidade mineira de Sete Lagoas. São quatro cilindros e injeção direta common-rail, com geração de 127 cavalos a 3.600 rpm e torque de 30,6 kgfm a 1.800 rpm, que segundo a TAC entrega excelente desempenho, baixo consumo e redução de índices de emissões poluentes. A transmissão é da Eaton e tem cinco velocidades sincronizadas. De acordo com a TAC, o “powertrain” permite que o Stark faça 11 quilômetros por litro em uso urbano e até 13 km/l na estrada. Já a caixa de transferência é da Borg Warner.

O Stark vem equipado com freios a disco ventilados e suspensão independente do tipo duplo A nos dois eixos, com dois amortecedores por roda. Para enfrentar o fora-de-estrada, a altura em relação ao solo varia de 260 milímetros a 320 milímetros. São quatro chassis tubulares de alta resistência que integram sua gaiola de proteção. O tanque de combustível tem capacidade para 70 litros e é protegido pela estrutura principal, para evitar impactos nas trilhas mais radicais. Seus principais itens de série são direção hidráulica, ar-condicionado, vidros e travas elétricas, cinto com três pontas para todos os ocupantes, farol de neblina, porta-objetos, rodas de liga leve, banco traseiro rebatível, retrovisores externos elétricos com luzes integradas, volante com regulagem de altura, odômetro digital, conta-giros, tomada 12 volts e painel multifuncional. Ainda podem ser incorporados os seguintes opcionais: base para instalação de guincho, rack, snorkel, skid plate metálico, volante revestido em couro e teto solar. Outra novidade do lançamento da versão Black Cover é a parceria da TAC com a Promax Bardahl, que homologa sua linha de produtos automotivos como “produtos oficiais Novo Stark”.

Desde que as primeiras unidades do Stark deixaram a linha de montagem, no início de 2010, o modelo soma 217 unidades produzidas. Atualmente, a capacidade de produção é de 100 veículos anuais, e os modelos ainda são produzidos apenas mediante encomenda. Do pedido à entrega ao cliente, são 90 dias. Mas a intenção é ampliar a produção para começar a abastecer cinco distribuidoras regionais – Sudeste, Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste –, que serão responsáveis pelo relacionamento com clientes, serviço de pós-venda e também pela apresentação e divulgação do veículo. A primeira distribuidora a começar a operar será a Sudeste, com unidades nas cidades de São Paulo e Belo Horizonte. Também foi estabelecida uma parceria de vendas com a loja virtual Gama 4×4, especializada no mercado off-road. A TAC pretende criar um novo conceito de concessionária: os Stark Points, aonde o consumidor poderá ter uma experiência off-road completa antes de definir a compra. Cada Stark Point oferecerá assistência técnica, test-drives, cursos, eventos, boutique da marca e ainda um espaço gourmet e de convivência para os clientes.

Inicialmente, o Stark Black Cover será comercializado por preços a partir de R$ 115 mil, nas cores branca, amarela, verde, vermelha, preta, azul, vinho e laranja Atacama. É mais barato que o seu rival Troller T4, também produzido no Ceará com chassi tubular e carroceria de fibra de vidro e plástico, que sai por R$ 131.329. Porém, o T4 traz um motor 3.2 diesel de 200 cavalos, câmbio de seis marchas e seletor eletrônico de modos de tração – no Stark, o engate é mecânico. Outro rival do Stark é o Jeep Renegade 2.0 Custom AT9, produzido com estrutura em monobloco e carroceria em aço na cidade pernambucana de Goiana, que vem com um motor diesel de 170 cavalos acoplado a um câmbio automático de nove marchas e custa R$ 110.290.

Na apresentação da versão Black Cover, a TAC anunciou que planeja investir R$ 150 milhões nos próximos quatro anos e pretende desenvolver uma versão do Stark com motor flex e câmbio automático, ainda sem data prevista para chegar ao mercado. Segundo a marca, devem acontecer em breve outros lançamentos, com designs diferenciados e exclusivos.

Ficha Técnica – Tac Stark Black Cover
Motor: FPT 2.3 litros Turbo Diesel Intercooler Eletrônico Commom Rail
Potência máxima (127 cavalos / 3600 rpm)
Torque máximo (30,6 kgfm /1800 rpm)
Transmissão: Mecânica caixa Eaton FS2405 de 5 marchas sincronizadas, tração nas quatro rodas com reduzida BorgWagner e diferenciais Dana 44.3 com bloqueio na traseira.
Suspensão: Dianteira e Traseira Independentes com braços duplo A, molas helicoidais e duplo amortecedor
Curso de suspensão dianteira 160mm
Curso de suspensão traseira 180mm
Freios: Hidraúlico com ação nas 4 rodas, servo-acionados e 2 circuitos em diagonal. Discos ventilados na dianteira e traseira.
Pneus: ATR 255/70 R16?
Direção: Hidraúlica, tipo pinhão e cremalheira
Dimensões: Comprimento 4,08 metros, largura 1,88 m (nos espelhos retrovisores externos), altura máxima 1,90 m, entre-eixos 2,54 m

Altura livre do solo: eixo dianteiro, 24 cm, eixo traseiro, 25,5 cm, entre eixos, 30 cm
Capacidade: Ângulo de ataque 49 graus, ângulo de saída (estepe) 44 graus, ângulo de rampa 29 graus
Tanque: 70 litros
Carroceria: 4 lugares em material composto e plástico de engenharia
Peso: 1635 quilos
Preço: R$ 115 mil