Nome a zelar
Às vésperas de ser lançado no Brasil, novo Mitsubishi Eclipse Cross é testado em Portugal
- Data: 20/09/2018 15:09
- Alterado: 20/09/2018 15:09
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: António de Sousa Pereira/Absolute Motors/Portugal
Crédito:
Para acompanhar a tendência do mercado global e fazer jus a sua vasta experiência na criação de modelos do gênero, a Mitsubishi decidiu acrescentar ao seu portfólio mais um utilitário esportivo. O nome do novo veículo, Eclipse, resgata uma designação com muita tradição na marca dos três diamantes, mas no segmento dos esportivos – o cupê Eclipse foi produzido de 1989 a 2011. Apresentado em agosto do ano passado, o atual Eclipse recebeu o “sobrenome” Cross e posiciona-se entre o ASX e o Outlander – é 11 centímetros mais comprido do que o primeiro e 29 centímetros mais curto do que o segundo, embora todos partilhem a mesma plataforma, com 2,67 metros de distância entre-eixos. O Eclipse Cross tem 4,40 metros de comprimento, 1,81 metro de largura e 1,68 metro de altura. Para concorrer em um segmento que se tornou altamente competitivo no Velho Continente, a Mitsubishi definiu para o novo crossover uma política comercial bastante interessante, na qual os preços agressivos se conjugam com dotações de equipamento de série extremamente generosas. Na Europa, o modelo está disponível por preços a partir de 26.700 euros – equivalentes a R$ 129 mil. Para o Brasil, a chegada do modelo importado do Japão às concessionárias será em outubro, e a estimativa é que os preços comecem na faixa dos R$ 140 mil.
No mercado europeu, o Eclipse Cross só está disponível com um novo motor 1.5 turbo a gasolina – em fase posterior, será introduzido o 2.2 turbodiesel de 150 cavalos conhecido do Outlander, conjugado com uma caixa automática de 8 velocidades. A oferta atual inclui uma versão com tração dianteira e câmbio manual de 6 velocidades e duas com caixa CVT – uma com tração dianteira e outra, integral. Comum a todos os Eclipse Cross é uma estética da qual se pode gostar muito ou não se gostar nada, mas inegavelmente garante ser este um SUV que não se confunde com qualquer outro modelo existente no mercado. As formas extremamente afiladas garantem uma aparência única que, efetivamente, faz a diferença na classe. Em destaque, elementos como o teto acentuadamente descendente, vidro traseiro bipartido, os muitos cromados exteriores e uma frente dominada pela colocação dos faróis de neblina e dos piscas em uma posição mais baixa do que os faróis principais e as luzes de circulação diurna. Sem dúvida, uma opção arrojada e original por parte da marca japonesa.
Também tipicamente nipônica é a concepção do habitáculo, dominado por plásticos, na sua maioria, duros. Somente alguns revestimentos são mais macios, mas o habitáculo merece ser enaltecido pelos bons acabamentos e pelo elevado rigor construtivo. A ergonomia não segue o mesmo padrão de eficiência, dada a profusão de botões, alguns colocados em local de difícil visibilidade e acesso. Entre os bancos dianteiros está o novo touchpad para comando do sistema de infoentretenimento, intuitivo e eficiente, embora longe das referências do setor nesse particular. O grafismo e a organização dos menus deveriam ser revistos. A posição da tela sensível ao toque fica demasiado longe do motorista e algumas funções são nitidamente dispostas pensando em um veículo com volante à direita, como acontece no mercado natal do Eclipse Cross.
A habitabilidade é generosa em todos os lugares, embora a altura atrás, em boa parte devido ao formato do teto, seja apenas mediana. Já os bancos traseiros com rebatimento assimétrico e regulação longitudinal do assento traseiro são um trunfo a ser levado em conta, por permitirem adaptar a ocupação no banco e a capacidade do porta-malas às necessidades de cada momento. (colaborou Luiz Humberto Monteiro Pereira/Agência AutoMotrix)
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Em busca do equilíbrio
Caiscais/Portugal – O “SUV coupé” japonês foi avaliado na sua versão de acabamento mais completa com tração apenas dianteira e caixa manual de 6 velocidades: a Eclipse Cross Instyle. Uma vez ao volante, elogios para a posição elevada, que oferece uma boa visibilidade ao redor, bem ao gosto dos apreciadores deste gênero de proposta. Pena que a visibilidade traseira seja limitada pelo formato bipartido do vidro, pois exige algum tempo para que o motorista se habitue.
O Eclipse Cross Instyle é movido por um novo motor a gasolina da família MIVEC, com quatro cilindros, 1,5 litro de capacidade, injeção direta, sobrealimentação por turbocompressor e distribuição variável, apto a oferecer 163 cavalos de potência e um torque máximo de 25,5 kgfm, constante de 1800 a 4500 rpm. Enérgica e muito disponível, a unidade garante performances de bom nível, em termos de velocidade máxima e acelerações, sendo as retomadas limitadas pelo escalonamento longo da suave e precisa caixa de velocidades, em especial das suas duas últimas marchas.
Ainda assim, o amplo leque de regimes em que o torque máximo está disponível até permite que o recurso à caixa, em uma utilização mais pacata e moderada, fique aquém do esperado. Também há que enaltecer o vigor do propulsor acima das 2500 rpm. E se, em alta rotação, o seu ruído de funcionamento é elevado, pelo menos a sonoridade está longe de ser desagradável.
Abaixo dos 2.500 giros, não são raras as situações em que a eletrônica condiciona a resposta da unidade motriz para controlar consumo e emissões. Em especial quando o modo de condução Eco está ativado justamente com esse propósito, resultando em algumas hesitações, como se o motor estivesse “engasgado”. Quanto ao consumo, em utilização moderada, é difícil baixar muito de uma média na casa dos 10 km/l.
Em contraste com a disponibilidade do motor para suportar uma utilização mais intensa está a afinação da evoluída suspensão independente nas quatro rodas (MacPherson na frente e multilink atrás). É excessivamente macia, com a função de favorecer o conforto. O eixo traseiro mostra-se sempre um pouco saltitante em pisos mais irregulares, devido à prevalência da mola sobre o amortecedor. Ao mesmo tempo, a carroceria aderna nas curvas em alta. Saídas de curva em potências mais vigorosas também podem resultar em subesterço precoce. Cabe à eletrônica corrigir – com eficácia – a situação. Ou ao motorista, quando optar por desligar o controle de estabilidade.
Fora da estrada, apesar do seu ar de SUV e de uma altura razoável, a versão Instyle do Eclipse Cross, com tração dianteira e pneus essencialmente para asfalto, está pouco vocacionada para aventuras mais radicais. Por tudo isto, o melhor é optar por uma “tocada” mais civilizada e desfrutar da apreciável facilidade de dirigir que o crossover japonês oferece nessas circunstâncias.