O IHGB e a história nacional
Você conhece a primeira instituição acadêmica criada no Brasil? Bem, neste artigo entenderemos a importância do IHGB (1838) para a criação da nossa ideia de Nação e Identidade Nacional
- Data: 05/11/2018 14:11
- Alterado: 05/11/2018 14:11
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Jorge Andrade
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Você sabe o que é o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB)? Bem, hoje vamos falar um pouco mais sobre a formação dessa importante instituição, que desde o seu início cumpriu um papel muito importante para a formação da identidade nacional, bem como para a ideia que temos hoje acerca do que é o Brasil.
Fundado em 21 de outubro de 1838, o IHGB torna-se a primeira academia brasileira onde a dedicação ao estudo e a pesquisa da História do país será produzida de modo a seguir uma metodologia específica. Sob o colo do então Imperador Dom Pedro II, a instituição viria a ganhar vida e a se desenvolver nos seios da nobreza, sendo este um fator crucial para a definição de História que viria a ser elaborada no período.
Fundada por homens influentes, o IHGB buscava seguir as diretrizes francesas de se estabelecer uma identidade para Nação. Isso mesmo, a História teve um papel político fundamental no Império brasileiro, pois sem ela dificilmente teríamos conseguido sequer manter a unidade nacional, posto que o Brasil é um país de dimensões continentais e, que por consequência carrega consigo inúmeras diferenças culturais.
Tais intelectuais teriam em suas mãos a missão de conciliar todos os estados brasileiros e centralizar o poder do governador, fazendo com que a partir de sua História o sentimento de orgulho da nação fosse despertado, a fim de atuar como o fator que uniria todos em prol de um único objetivo: O amor à pátria. Acontece que tal objetivo não seria tão facilmente alcançado, posto que poderes locais eram em muitos casos bem consolidados, sendo este um problema para se pensar na Nação como um todo. Contudo, a solução alcançada foi que Institutos Históricos e Geográficos fossem criados nos estados, pois um primeiro passo importante deveria ser tomado, o recolhimento de todos os documentos e dados que fossem julgados importantes para a reconstituição da História e da Identidade Brasileira. Deste modo, seria possível escrever as Histórias das mais diversas localidades, inter-relacionando as mesmas em torno da Coroa, de modo a dar sentido na narrativa proveniente da unidade nacional.
Como dissemos acima, a relação dos intelectuais, bem como a crença em voga no período foram fatores determinantes para a escrita da História nesta época. O que eu quero dizer com isso é que por se tratarem de homens que majoritariamente nasceram em Portugal, tendo chegado ao Brasil em 1808 com a vinda da família real, a História contata por eles não foi como a que normalmente era feita pelas colônias que tornaram-se independentes, ou seja, não buscavam delimitar a nossa identidade a partir das características específicas do nosso país, distanciando-se dos traços da ex-Metrópole, mas sim enxergavam-nos como uma extensão da Europa nas Américas, que deveria atuar de modo a trazer a civilidade a esta parcela de terras. Sendo assim, a relação com os portugueses foi muito importante neste primeiro momento, posto que o que nos glorificava e definia majoritariamente, na visão destes homens, a nossa identidade, era a descendência do homem branco e não do negro ou indígena, embora o segundo fora tratado com mais apreço, sendo o primeiro, visto como culpado do nosso atraso.
Bem, foram a partir destas condições e ideias que se iniciou a pesquisa histórica no Brasil, sendo assim, não é difícil de se imaginar o motivo pelo qual ainda hoje desconhecemos diversos aspectos de nossa História, especialmente a respeito dos capítulos que tratam sobre a importância e papel da mulher na sociedade, do negro após a abolição, dentre outras coisas. Isso se dá, pois durante muito tempo a tradição de escrever a História dos chamados “grandes homens da nação” foi muito intensa, dado que na época acreditava-se que a História deveria servir como estudo do passado, para se entender o presente e planejar o futuro.
No entanto, como já salientamos em nosso primeiro artigo, tal visão está muito ultrapassada, pois sim, a História pode nos ajudar a compreender o presente a partir da reconstituição do passado, vide a questão do racismo, machismo, etc… Mas nunca servirá como modo de se premeditar o futuro, pois diferente do que circunda os ditos populares, a História não é cíclica e tão pouco se repete, basta um olhar atento aos detalhes que perceberemos todas as especificidades que singularizam cada um dos acontecimentos no tempo.