Tocantins: PF prende Marcelo Miranda por esquema de corrupção de R$ 300 milhões
Tocantins: PF prende Marcelo Miranda por esquema de corrupção de R$ 300 milhões
- Data: 26/09/2019 11:09
- Alterado: 26/09/2019 11:09
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Edilson Rodrigues/Agência Senado
A Operação foi deflagrada para desarticular uma organização criminosa “suspeita de manter sofisticado esquema” de corrupção, peculato, fraudes em licitações, desvios de recursos públicos, recebimento de vantagens indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais. A Polícia Federal estima que o grupo causou prejuízos de mais de R$ 300 milhões à administração pública.
Cerca de 70 policiais cumprem 11 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva, todos expedidos pela 4ª Vara Federal de Palmas. Segundo a PF, além da ordem contra Marcelo Miranda, outro mandado de prisão já foi cumprido. O ex-governador foi preso no apartamento funcional de sua mulher, a deputada Dulce Miranda (MDB-TO), mas ela não é investigada.
As ações são realizadas nas cidades de Palmas, Tocantínia, Tupirama e Araguaína, no Tocantins, em Goiânia, no Goiás, e em Santana do Araguaia, Sapucaia e São Felix do Xingu, no Pará. A ação é realizada em parceira com o Ministério Público Federal e a Receita Federal.
A investigação tem como base diferentes operações, entre elas a “Reis do Gado”, a “Marcapasso”, a “Pontes de Papel”, a “Convergência”, e a Lava Jato. Em outubro de 2018, Marcelo, seu pai, José Edmar Miranda, e seu irmão, José Edmar Miranda Júnior, se tornaram réus no âmbito da “Reis do Gado”, que mirava em crimes contra a administração pública.
Antes, em março daquele ano, Marcelo Miranda foi cassado. Em agosto, o ex-governador foi condenado a 13 anos e nove meses de prisão por peculato e fraude à licitação pela contratação ilícita da OSCIP Brasil para gerir os hospitais estaduais nos anos de 2003 e 2004
A Polícia Federal indicou que um núcleo familiar de três pessoas influentes no meio político do Tocantins esteve no centro das investigações, “com poderes suficientes para aparelhar o Estado, mediante a ocupação de cargos comissionados estratégicos para a atuação da organização criminosa”.
Segundo a PF, a “12º Trabalho” visa obter novas provas e interromper a continuidade do crime de lavagem de dinheiro. Os investigados continuam utilizando “laranjas” para dissimular a origem ilícita de bens móveis e imóveis, frutos de propinas, diz a corporação.
A Polícia Federal indicou que, para dissimular a natureza, a origem e a localização dos bens, o grupo realizou operações simuladas, como o comércio de gado de corte, utilização de empresas de fachada, construção e venda de imóveis, mesmo após as investigações se tornarem públicas.
A corporação anotou ainda que os crimes praticados pelo grupo estão agrupados ao redor de sete grandes eixos econômicos, que envolvem administração de fazendas e de atividades agropecuárias compra de aeronaves, gestão de empresas de engenharia e construção civil, entre outros.
“As provas reunidas na ação penal decorrente da Operação Reis do Gado apontam que os suspeitos atuaram e ainda agem de maneira orgânica e sistematizada, com divisão de tarefas, cujos atos são detidamente planejados para assegurar o produto dos crimes”, afirma a PF.
A corporação também alega que os investigados teriam manipulado provas, com a falsificação de documentos e compra de depoimentos.
A Polícia Federal indicou que o nome da operação faz referência a um dos trabalhos de Hércules, personagem da mitologia grega. A corporação indicou que o 12º Trabalho do semideus, teria sido seu último e mais complexo desafio, que consistia em capturar Cérbero, um cão de três cabeças que segundo a mitologia guardaria a entrada para o mundo dos mortos.
Outra operação
Nesta quarta-feira, 25, a Polícia Federal realizou a Operação Carotenóides, outro desdobramento da “Reis do Gado”, para desarticular um grupo que lavava dinheiro utilizando “laranjas” para registro de bens móveis e imóveis.
Agentes da PF cumpriram dois mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária expedidos pela 4ª Vara Federal de Palmas. As ações foram realizadas em Natividade, no Tocantins, e em Imperatriz, no Maranhão.
A corporação indicou que a ação visava aprofundar investigações e tinha como foco o escalão intermediário da organização criminosa. Segundo a PF, os investigados eram pessoas interpostas, “laranjas”, nos registros de veículos, assim como procuradores e intermediadores na negociação de fazendas.
De acordo com a Polícia Federal, o nome da operação faz referência aos apelidos utilizados pelos “laranjas”.
Defesa
O advogado de Marcelo Miranda informou à reportagem que ainda não teve acesso aos autos e à decisão. “Posso afirmar que não há razão para um decreto prisional. Os fatos investigados são passados, distantes da atualidade que justificasse uma prisão”, afirmou.