Lula diz que anular sua condenação não invalidaria todas as decisões da Lava Jato
O ex-presidente Lula enviou uma carta ao ex-chanceler Celso Amorim na qual defende a anulação de sua condenação no caso do triplex do Guarujá (SP) por suposta parcialidade de Moro
- Data: 24/06/2019 16:06
- Alterado: 24/06/2019 16:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
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Para Lula, uma eventual anulação de seu julgamento não teria a mesma implicação para “todas as decisões da Lava Jato”.
O ex-presidente também disse que há “muita gente poderosa, no Brasil e até de outros países” com interesse em impedir adiar o julgamento de suspeição pedido por sua defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O envio e a divulgação da carta acontecem no mesmo dia em que o STF decidiu adiar o julgamento da suspeição de Moro. O julgamento foi colocado em último lugar da pauta de 12 itens a serem apreciados pela Segunda Turma da Corte, uma decisão da ministra Cármen Lúcia. Na sequência, o ministro Gilmar Mendes decidiu não devolver o caso para julgamento. As ações dos ministros devem levar o julgamento para depois do recesso do Judiciário, depois de agosto.
O ex-presidente utilizou a maior parte da carta para argumentar que Moro, a quem chamou de seu “inimigo político”, “estava decidido” a condená-lo “antes mesmo de receber as denúncias dos procuradores”, mencionando então vários episódios que, segundo Lula, evidenciariam uma atitude parcial do ex-juiz.
Lula cita a divulgação dos grampos telefônicos quando a ex-presidente Dilma Rousseff decidiu nomear o petista como ministro da Casa Civil e também a vez em que Moro interrompeu suas férias para acionar um desembargador que anulou uma decisão que dava liberdade a Lula.
“Alguns dizem que ao anular meu processo estarão anulando todas as decisões da Lava Jato, o que é uma grande mentira, pois na Justiça cada caso é um caso. Também tentam confundir, dizendo que meu caso só poderia ser julgado depois de uma investigação sobre as mensagens entre Moro e os procuradores que estão sendo reveladas nos últimos dias. Acontece que nós entramos com a ação em novembro do ano passado, muito antes dos jornalistas do Intercept divulgarem essas notícias. Já apresentamos provas suficientes de que o juiz é suspeito e não foi imparcial”, escreveu o ex-presidente.