Pesquisa da MedABC é destaque no maior congresso de oftalmologia do mundo
Estudo comparou níveis de vitamina D no sangue e em fluidos lacrimais após exposição solar; em junho, trabalho será apresentado em Nova Iorque
- Data: 24/05/2019 10:05
- Alterado: 24/05/2019 10:05
- Autor: Redação
- Fonte: FMABC - FUABC
Crédito:divulgação
Trabalho desenvolvido por professores do Centro Universitário Saúde ABC/ Faculdade de Medicina do ABC e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) foi premiado durante o congresso da Association for Research in Vision and Ophthalmology (ARVO 2019), o mais importante do mundo na área de oftalmologia, realizado em Vancouver, no Canadá, entre os dias 28 de abril e 2 de maio. O evento teve 6.835 trabalhos inscritos de todo o mundo, sendo o estudo da FMABC classificado entre os 63 melhores com o título “Emerging Trends” ou “Hot Topics”, que representam as mais inovadoras pesquisas em especialidades oftalmológicas. Foi o único estudo da América Latina que integrou a lista dos mais relevantes.
O objetivo do trabalho foi comparar o nível de vitamina D3 não apenas em amostras de sangue, mas também em fluidos lacrimais. Foram selecionados 36 alunos da FMABC saudáveis e com idade entre 19 e 27 anos. Um grupo foi submetido à prática de diversos esportes em ambiente fechado, com menor incidência de radiação solar, e o outro ao ar livre, com maior exposição solar. As análises laboratoriais foram feitas a partir do método de eletroluminescência.
“Pela primeira vez na literatura médica foram encontrados, nos dois grupos, níveis muito superiores da vitamina D3 na lágrima em relação ao sangue. O grupo que fez atividades físicas outdoor mostrou níveis significativamente mais elevados. Isso indica que a vitamina D3 tem importante papel para a saúde ocular. Há relatos da correlação de baixos níveis plasmáticos da vitamina D com doenças oftalmológicas como glaucoma, catarata, DMRI (Degeneração Macular Relacionada à Idade), olho seco e retinopatia diabética, mas ainda não há estudos com os níveis lacrimais. Estamos iniciando esse trabalho pioneiro na FMABC, e esta importante premiação foi mais um reconhecimento de que a nossa faculdade produz trabalhos científicos inovadores e de grande relevância”, disse Dr. Renato Leça, professor da disciplina de Oftalmologia da FMABC e coordenador das disciplinas eletivas de Medicina Integrativa e Nutrologia com Prática Ortomolecular.
Na literatura médica há muitas referências à importância da vitamina D para a saúde e vários trabalhos científicos associam os níveis baixos da substância com doenças sistêmicas como as autoimunes, cardiovasculares, oncológicas, inclusive com aumento da mortalidade. “Estamos vivendo uma reconhecida epidemia de hipovitaminose D (deficiência da vitamina D) e a principal fonte de aumento dos níveis continua sendo a exposição solar, com orientação médica”, completou o docente.
A vitamina D reduz as chances de inflamações na retina e ajuda a manter níveis adequados de cálcio no corpo, além de evitar a DMRI, causa mais comum de cegueira nos idosos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 60% e 80% dos casos de cegueira são evitáveis e/ou tratáveis.
A pesquisa foi conduzida pelas disciplinas de Oftalmologia e Medicina Integrativa da FMABC, e todos os exames realizados no Laboratório de
Análises Clínicas do campus universitário. Pela FMABC, integraram o estudo, além de Leça, Dr. Fernando Luiz Affonso Fonseca, vice-reitor, e Rafaela Vincentin, aluna do 5º ano de Medicina. Já da Unifesp, os pesquisadores participantes foram Denise de Freitas, Ana Luiza Hofling de Lima, Fulvio Scorza e Carla Scorza. O congresso recebeu 12 mil participantes de mais de 100 países.
Em 1º de junho, o mesmo trabalho será apresentado durante conferência científica sobre o tema no “Vitamin D Workshop”, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.