Picape de “black-tie”
Versão Midnight da Chevrolet S10 busca atender à crescente demanda por utilitários estilosos
- Data: 20/07/2018 13:07
- Alterado: 20/07/2018 13:07
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Luiz Humberto Monteiro Pereira/ Agência AutoMotrix
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Originalmente, as picapes eram voltadas apenas para o transporte de cargas – ou seja, uma versão compacta dos caminhões. Enquanto veículos de trabalho, como também ocorre com os caminhões, geralmente nem eram dirigidas pelos proprietários e sim pelos seus funcionários – os motoristas das transportadoras. Mas esse tempo passou. Hoje, a versatilidade e o “espírito aventureiro” das picapes conquistam cada vez mais gente e atingem a um público mais exigente e sofisticado, bem distante da proposta “proletária” original. É essa demanda que explica o lançamento da S10 Midnight, que chegou às concessionárias em maio deste ano. A mais nova versão da picape média da Chevrolet harmoniza a robustez do “powertrain” diesel com um visual imponente e estiloso, dominado por uma intensa utilização de tons negros.
Conhecidas nos Estados Unidos, onde estão no portfólio de vários modelos da Chevrolet, as versões Midnight se caracterizam pela carroceria preta acompanhada de acabamentos escurecidos. Baseada na versão LT, a mais básica com motorização a diesel da S10, a Midnight “made in Brazil” também traz como principal atrativo a “roupagem” preta, uma tendência estilística que há tempos anda em alta entre as empresas de personalização automotiva. Coerentemente com o nome da versão – “Midnight” significa “meia-noite” em inglês –, a carroceria é sempre na cor Ouro Negro. As grades são pretas, os faróis usam máscaras negras e as vistosas rodas aro 18 são pintadas de preto e calçadas com pneus Bridgestone Dueler II 265/60, mais voltados para o uso no asfalto. Até as “gravatas” da logomarca da Chevrolet, que aparecem no centro da grade frontal e na tampa traseira e são tradicionalmente douradas em todas as versões da picape, viraram “black-tie” na Midnight. Discretos emblemas nas portas e na tampa da caçamba ressaltam a “grife” da configuração. Faróis com iluminação diurna de leds e o santo-antônio integrado à caçamba foram “herdados” da versão topo de linha High Country.
Por dentro, a Chevrolet manteve o tom. Portas e teto são revestidos em cor preta, assim com os bancos, em tecido na tonalidade Jet Black. Apenas a “gravatinha” no centro do volante revestido de couro preservou a clássica cor dourada. De resto, painel e console seguem o mesmo estilo sem grandes firulas da S10 LT. Para não dizer que não há diferenças, emblemas com o logo da versão aparecem no friso que leva à maçaneta interna das portas dianteiras.
A versão Midnight compartilha o trem de força diesel adotado em toda a linha S10. O motor 2.8 litros gera 200 cavalos a 3.600 rpm e um torque de 51 kgfm a 2.000 giros, sempre associado ao câmbio automático sequencial de seis marchas, com modo manual sequencial acionável por meio de um botão na manopla do câmbio. A tração 4×4 pode ser ajustada pelo seletor giratório no console entre os bancos. Como nas outras versões 4×4 da S10, há três modos possíveis: 4×2 – com tração apenas na traseira –, 4×4 – com tração integral – e 4×4 reduzida – tração integral com bloqueio do diferencial, para trajetos “off-road” mais radicais.
Principal novidade da linha 2019 da S10, a Midnight poderia ter surgido como uma série especial. Mas a confiança da marca em seu sucesso de vendas justifica que ela tenha sido lançada como uma versão definitiva. Tornou-se um modelo intermediário entre as versões básicas 4×4 diesel da linha 2019 da picape média. Até o preço de R$ 166.690 cobrado pela S10 Midnight fica estrategicamente entre os R$ 150.390 da LT, a versão diesel mais barata, e os R$ 176.090 da LTZ, bem abaixo dos R$ 185.990 da “top” diesel High Coutry – há ainda a série especial 100 Years (em homenagem aos cem anos da produção de picapes da Chevrolet no mundo), por R$ 187.590. Ou seja, o apelo estético da versão Midnight pode até ser emocional, mas o posicionamento do modelo na linha de picapes diesel da Chevrolet segue uma lógica de escalonamento de preços bem racional.
EXPERIÊNCIA A BORDO
EXPRESSO DA MEIA-NOITE
Pela altura elevada, o acesso à S10 não é dos mais simples, apesar dos estribos laterais. Recorrer aos puxadores na parte interna das colunas dianteiras facilita o embarque. Uma vez lá dentro, é fácil notar que o visual “dark” da versão Midnight até que caiu bem na S10. O estilo monocromático do habitáculo conferiu um certo ar distinto à picape. Como é originária da versão LT, a S10 Midnight segue a tendência espartana, com predomínio de plásticos rígidos. Apenas a parte central do painel recebe um revestimento que simula couro. Já os bancos são em tecido preto, com bom aspecto mas sem maiores sofisticações.
Em termos de espaço, como qualquer picape média de cabine dupla que se preze, a S10 Midnight se habilita a levar cinco adultos sem maiores apertos – mas o passageiro do meio não conta com apoio de cabeça. Há boa quantidade de porta-objetos a bordo, todos bem posicionados e funcionais. O conforto em viagens é favorecido pelas suspensões bem calibradas, que têm a capacidade de absorver impactos sem comprometer a estabilidade em velocidades de estrada. O isolamento acústico é decente para o segmento e filtra os ruídos de rodagem e também do motor a diesel. A caçamba é bastante generosa, com capacidade de carga de 1.134 litros. Uma providencial capota marítima se encarrega de manter as bagagens da caçamba longe dos olhares cobiçosos.
A S10 Midnight vem com ar-condicionado, comandos do controle de cruzeiro, assistente de partida em rampas e de frenagem em descidas, controles de estabilidade e de tração, airbags frontais, travas e vidros elétricos nas quatro portas com acionamento por um toque, sensor de estacionamento traseiro e a central multimídia MyLink2, com tela touch de sete polegadas, uma entrada USB e compatível com smartphones Apple e Android. O volante revestido de couro conta com ajuste vertical, mas a ausência de ajuste de profundidade dificulta a tarefa de encontrar a melhor posição. Já conhecido e hoje praticamente onipresente na linha Chevrolet, o sistema OnStar oferece serviços de emergência, segurança, navegação, concierge e diagnóstico do veículo por meio de uma ligação feita por um botão localizado junto ao retrovisor para uma central de atendimento ou de informações no aplicativo para smartphone.
Em termos de equipamentos, uma ausência sentida na versão Midnight é a câmera de ré. Mesmo com retrovisores grandes, pode ser complicado manobrar a S10 sem ter a noção exata sobre até aonde a caçamba vai. Oferecer apenas os dois airbags frontais, que são obrigatórios em qualquer automóvel, também não “agrega valor” à versão. Por R$ 166.690, airbags laterais seriam mais que desejáveis. Ainda em função do preço, a Midnight poderia trazer a central multimídia MyLink com tela de 8 polegadas e mais recursos, que é oferecida a partir da versão LTZ. A inexistência das “borboletas” atrás do volante pode frustrar os cada vez mais raros obcecados pelas trocas manuais de marchas. Para esses, o jeito é utilizar o desenxabido botão na alavanca de câmbio.
LADO NEGRO DA FORÇA
Hoje em dia, as versões a diesel da Chevrolet S10 proporcionam uma dirigibilidade similar à dos carros de passeio. Apesar de seu porte, trata-se de um veículo amistoso para quem dirige. A direção elétrica facilita as manobras. No trânsito urbano, o acerto da suspensão é bem correto. A oscilação da carroceria, típica dos veículos desse segmento, tornou-se mais suave do que a das primeiras S10 produzidas no Brasil, em 1995. Diferentemente dos modelos daquela época, agora a picape da Chevrolet oferece bom nível de conforto em viagens longas. Em rodovias, o câmbio automático aproveita com eficiência o torque abundante do motor.
O 2.8 turbodiesel de 200 cavalos se entende bem com a caixa automática de seis velocidades e ambos fazem um trabalho eficiente, com passagens de marchas suaves, que liberam a força necessária para mover a caminhonete com o vigor solicitado pelo motorista. O motor enche rápido e entrega agilmente o torque máximo, que empurra a picape com força. Há um discreto “delay” na reação do motor quando o motorista pressiona o pé direito no acelerador, mas nada que chegue a prejudicar a performance em ultrapassagens. A S10 ganha velocidade gradualmente, mas o conjunto mecânico é bastante competente para atingir e manter velocidades de cruzeiro sem dar sinais de esforço.
Para encarar trechos acidentados no fora-de-estrada ou subidas muito íngremes em pisos de baixa aderência, a tração 4×4 pode ser acionada de forma bem fácil, em um botão giratório no console central. A opção de tração reduzida com bloqueio de diferencial ajuda a tirar a picape das situações off-road mais complicadas e com baixíssima aderência. Durante a avaliação (dois terços em trajetos urbanos e o restante em estradas), o consumo cravou a média de 9,5 km/l.
FICHA TÉCNICA
Chevrolet S10 Midnight
Motor: Dianteiro, longitudinal, 4 cilindros em linha, 2.8 litros, 16 válvulas, injeção direta, turbo diesel
Potência: 200 cavalos a 3.600 rpm
Torque: 51 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: Automático de 6 marchas, com opção de tração traseira, tração integral ou tração integral com reduzida
Direção: Elétrica
Suspensão: Independente com braços articulados na dianteira e feixe de molas na traseira.
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus e rodas: 265/60 R18
Dimensões
Comprimento: 5,36 m
Largura: 1,87 m
Altura: 1,78 m
Entre-eixos: 3,09 m
Tanque: 76 litros
Capacidade de carga: 1.134 litros
Peso: 2.016 kg
Central multimídia: 7 polegadas, sensível ao toque, com Android Auto e Carplay
Preço sugerido: R$ 166.690