Irã afirma que agora usa centrífugas mais avançadas para enriquecer urânio
Centrífugas de quinta e sexta geração desrespeitam o acordo, que só permite utilização de equipamentos de 1ª geração; Irã garante que continuará permitindo a visita de inspetores da ONU
- Data: 07/09/2019 13:09
- Alterado: 07/09/2019 13:09
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
O Irã anunciou neste sábado, 07, que lançou centrífugas avançadas cuja produção aumentará o estoque de urânio enriquecido no país, em uma nova fase de redução de seus compromissos nucleares. No entanto, a República Islâmica disse que continuará autorizando o mesmo acesso que até agora aos inspetores da ONU responsáveis pela supervisão de seu programa nuclear, antes de uma visita a Teerã pelo diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Cornel Feruta.
As novas centrífugas devem acelerar a produção de urânio enriquecido e aumentar as reservas do país, que desde julho excedem o limite (300 quilos) estabelecido pelo acordo de Viena. “Não estou surpreso que o Irã tenha anunciado que violaria o JCPOA [acordo de Viena]”, disse o ministro da Defesa dos EUA, Mark Esper, no sábado, em Paris, quando reagiu ao lançamento das centrífugas.
O porta-voz da organização de energia atômica do Irã, Behruz Kamalvandi, detalhou as medidas da nova etapa do plano para reduzir os compromissos assumidos por Teerã no acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, assinado em Viena em 2015. Essa nova fase é a terceira da estratégia adotada pelo Irã desde maio, em represália à decisão dos Estados Unidos de abandonar unilateralmente esse acordo em 2018. O presidente iraniano Hasan Rohani lançou esta fase na última quarta-feira, 04, ordenando expandir os limites para pesquisa e desenvolvimento nuclear.
Kamalvandi disse a repórteres que 20 centrífugas IR-4 e 20 IR-6 foram ativadas na sexta-feira, 06, enquanto o acordo de Viena autoriza Teerã a produzir urânio enriquecido apenas com centrífugas de primeira geração (IR-1). Essas centrífugas de quarta e sexta geração, ‘usadas para fins de pesquisa e desenvolvimento, ajudarão a aumentar a reserva’ de urânio enriquecido, disse Kamalvandi. Ele insistiu que o país pretendia manter o mesmo grau de transparência sobre suas atividades.
Segundo a AIEA, com o acordo de Viena, o Irã concordou em se submeter ao mais rigoroso regime de inspeção concebido por esta agência e é um dos elementos principais deste pacto assinado entre Irã, Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha. “Com relação à vigilância e acesso da AIEA, os […] compromissos do [Irã] em transparência serão cumpridos como antes”, acrescentou Kamalvandi.
ROMPIMENTO DO ACORDO DE VIENA
O acordo de Viena é ameaçado depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se retirou em maio de 2018 e restabeleceu as sanções econômicas contra Teerã, que continuam se intensificando, em nome de uma política de “pressão máxima” para forçar Teerã a negociar um novo acordo.
A restauração das sanções dos EUA priva o Irã dos benefícios econômicos que esperava do acordo de Viena. O texto previa o levantamento de parte das sanções internacionais em troca de Teerã limitar drasticamente seu programa nuclear para impedir que ele desenvolvesse a arma atômica.
Ao reduzir seus compromissos, Teerã – que sempre negou querer a bomba nuclear – pretende pressionar os outros Estados partes no acordo para ajudá-lo a evitar sanções dos EUA e exportar seu petróleo. Os três países europeus que são membros do acordo multiplicam os esforços diplomáticos para salvar o