As princesas que estão levando a realeza ao Século XXI

Em 1836, o rei Edward VIII abdicou do trono para casar-se com a americana divorciada Wallis Simpson. Oitenta e dois anos depois, Harry, seu sobrinho bisneto, casou com a também americana e divorciada Meghan Markle com a aprovação de todos os súditos da coroa britânica. Mas nem tudo foram flores nessas 8 décadas. William e Harry são símbolos da nova monarquia, que casa com quem ama, sem se importar com classe, raça, cor e origem. Do lado materno, Kate Middleton, a mulher de William, descende de mineradores e operários. Já a mãe de Meghan é uma assistente social afro americana. E o mérito é todo de Diana, que fez de tudo para garantir que os filhos não tivessem que passar pelo mesmo que ela: um casamento arranjado e sem amor.

Mas não é só a realeza inglesa que está mudando. No mundo todo, as cabeças coroadas resolveram desencanar, desencaretar e finalmente acompanhar os tempos em que vivemos.  Nessa nova onda temos rainhas e princesas sul americanas, atletas olímpicas e até ex-stripper. Vamos conhecer um pouco mais essas princesas modernas que são mais felizes e estão cada vez mais distantes das histórias da carochinha.

Meghan, Duquesa de Sussex
O casamento com o Príncipe Harry não fará de Meghan Markle princesa, porque só as mulheres da família real podem usar esse título. Mas como reza a tradição, no dia de seu casamento, a Rainha concede um título aos noivos. Como apenas o título de Duque de Sussex estava vago, a Rainha Elizabeth tinha reservado-o para seu neto.

Até que faz sentido, porque Meghan é moderna demais para usar o sapatinho de princesa. Rachel Meghan Markle nasceu em Los Angeles, em 1981 – ela é 3 anos mais velha que o príncipe – filha de Doria, uma assistente social, e Thomas, iluminador de TV.

Frequentou a Universidade Northwestern, estudou Relações Internacionais e Literatura Afro-Americana. Depois de formada, viajou pelo mundo e trabalhou como estagiária na Embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires. De volta aos Estados Unidos, dedicou-se à atuação, fazendo participações nas séries CSI: NY, Without a Trace, Fringe e Castle, entre outras. Também fez sua estreia no cinema no drama “Remember Me”, ao lado de Robert Pattinson. Mas foi em 2011, quando consegui o papel de Rachel Zane, a namorada do protagonista, na série Suits, que sua sorte mudou. Meghan colaborou imensamente para o sucesso da série e, com a visibilidade conseguida, pode tirar do papel um de seus projetos: o site The Tig. No site ela podia compartilhar dicas sobre um estilo de vida mais natural, que envolve desde alimentos orgânicos até dicas de viagem. Além disso, ela passou a se dedicar às causas humanitárias, como igualdade de gênero e escravidão no mundo moderno.

A atriz foi casada durante dois anos com um produtor. O casal se separou em 2013. Em 2016, por insistência de amigos, ela foi a um encontro às escuras. O par era Harry, filho caçula de Diana e Charles, sexto na linha sucessória da coroa britânica. Três meses depois os dois começaram a namorar e um ano depois ficaram noivos. O resto da história você já conhece.

Letizia, Rainha de Espanha
Letizia Ortiz Rocasolano é a mais velha das quatro filhas do jornalista Jesús José Ortiz Álvarez, e a única que seguiu a carreira do pai. Estudou Ciência da Informação, com extensão em Jornalismo, na Universidad Complutense de Madrid. Pouco depois de formada passou a colaborar com o jornal ABC e com a agência de notícias EFE.

Mudou-se para o México onde fez mestrado em audiovisual. No final dos anos 90, trabalhou na CNN e na Bloomberg TV apresentando o noticiário matinal. Em 2000 foi contratada pela TVE, televisão estatal espanhola, e passou a apresentar a edição noturna do noticiário “Telediário”. Cobriu as eleições americanas, os ataques terroristas de 11 de Setembro e a invasão ao Iraque. Como enviada especial, acompanhou de perto o acidente ecológico do derramamento de óleo do Navio Prestige no mar da Galícia, começou um relacionamento secreto com Felipe, o Príncipe de Astúrias.

Em 1993, depois de um namoro de uma década, casou-se com o professor de Literatura Alonso Guerrero Pérez. O casamento terminou em 1999. Em 2003, a Casa Real anunciou seu noivado com Felipe de Bórbon. No seguinte, casaram-se em uma cerimônia que reiniu dezenas de casas reais de todo o mundo. Quando o Rei Juan Carlos abdicou por problemas de saúde, Letizia se converteu em Rainha consorte da Espanha.

Sempre interessada em causas sociais, a Rainha tem sua agenda de eventos independente dos compromissos do marido. Ela tem interesse especial em arrecadar fundos para pesquisas de doenças raras e apoia a promoção e a difusão da cultura espanhola

Máxima, Rainha dos Países Baixos
A argentina Máxima Zorreguieta Cerruti nunca imaginou que um dia seria rainha dos Países Baixos. Filha do fazendeiro que entrou para a política, Jorge Zorreguieta, nasceu em Buenos Aires. Depois de graduar-se em Economia pela Universidade Católica, mudou-se para Nova York, onde trabalhou no HSBC. Depois de passar para o Deutsche Bank, onde ocupou o cargo de vice-presidente de vendas institucionais, foi transferida para a filial de Bruxelas. Enquanto ainda trabalhava em Nova York, começou o namoro com o Príncipe Willem-Alexander, herdeiro do trono. Os dois casaram em 2002 e, onze anos depois, quando a rainha Beatriz abdicou do trono em favor do filho, Máxima tornou-se rainha consorte dos Países Baixos.

A rainha Máxima é conselheira especial da ONU para assuntos financeiros. Ela desempenha um importante papel na promoção do maior acesso dos indivíduos a financiamentos para educação e para pequenas e médias empresas.

Rania, Rainha da Jordânia
Rania Al-Abdullah nasceu no Kuwait, mas a família teve que mudar-se para a Jordânia quando Saddam Hussein invadiu o país. Depois de concluir os estudos, foi estudar Administração de Empresas na Universidade do Cairo. Seu primeiro emprego foi na área de marketing do Citibank. Em seguida trabalhou na filial da Apple em Amã.

Rania conheceu o futuro marido em um jantar, em 1992. Foi uma paixão fulminante e, depois de seis meses de namoro, os dois ficaram noivos. O casamento aconteceu no ano seguinte e ela passou a figurar nas listas de mulheres mais bonitas e bem vestidas do mundo. Apesar de adorar os luxos da vida ocidental, a rainha dedica quase todo seu tempo às causas sociais, especialmente as que envolvem educação e direitos de mulheres e crianças.

Com a morte do sogro, em 1999, ela foi proclamada rainha consorte. A rainha da Jordânia escreveu quatro livros e é uma ávida usuária das redes sociais. Ela tem mais de 10 milhões de seguidores no Twitter e 4 milhões no Instagram.

Mathilde, Rainha da Bélgica
Mathilde d’Udekem d’Acoz nasceu em berço de ouro. A futura rainha belga formou-se m fonoaudiologia em 1994. Ela também tem mestrado em psicologia. Apesar de suas inúmeras funções de Estado, a rainha presta trabalho voluntário em centros de saúde. Ela é presidente honorária da UNICEF no país.

Sempre discretos, o anúncio de seu noivado com o então príncipe Philippe pegou os belgas de surpresa. Eles casaram em 1999 e tem quatro filhos.

Charlene, Princesa de Mônaco
A campeã olímpica de natação sul-africana Charlene Wittstock conheceu o Principe Albert em uma competição realizada em Mônaco, em 2000. Seis anos depois eles passaram a ser vistos em eventos sociais para alegria da imprensa monegasca, que já estava ficando preocupada com o futuro da linhagem dos Grimaldi.

Quando o namoro ficou sério, Charlene que pretendia participar das Olimpíadas de 2008, em Pequim, anunciou a aposentadoria das competições aquáticas e mudou-se para a Riviera Francesa. Depois do noivado, em 2010, ela se converteu ao catolicismo e aprendeu francês e o dialeto do principado. O casamento aconteceu no ano seguinte.

Sua Alteza Sereníssima – como ela é chamada pelos súditos – pode ser vista entregando o troféu depois do Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1 e nos inúmeros eventos de caridade promovidos pela casa real.

Sofia, Princesa da Suécia
Como sinal dos tempos, não poderia faltar uma princesa saída das páginas dos tabloides. Sofia Hellqvist era o que se pode chamar de jovem baladeira. Na adolescência foi modelo e, aos 20 anos, ilustrou as páginas de uma revista masculina, usando apenas a parte de baixo do biquíni e enrolada em uma cobra. As fotos fizeram tanto sucesso que ela atraiu a atenção dos produtores da edição sueca do reality show Paradise Hotel, que reunia solteiros em um resort. Ela não venceu o programa, mas ganhou as manchetes dos jornais por causa dos beijos que trocou com a atriz pornô Jenna Jameson.

Completou seus estudos em Nova York, em 2005, e se especializou em desenvolvimento de negócios no Instituto de Inglês e Negócios. De volta a Estocolmo, trabalhou como garçonete, modelo e stripper. Foi no bar onde trabalhava que conheceu o futuro marido, o príncipe Carl Philip. Em menos de dois meses de namoro, já estavam morando juntos. Depois do anúncio do noivado, Sofia passou por uma transformação, que incluiu aulas de etiqueta e roupas mais comportadas.  

Sofia é uma das criadoras do Projeto Playgroung, uma ONG que cuida de crianças que vivem na pobreza extrema na África do Sul. Atualmente, ela divide seu tempo entre os dois filhos pequenos e os eventos sociais e diplomáticos.  

Masako, Princesa do Japão
Masako Owada é a típica mulher moderna. Filha de diplomata, viveu em Moscou durante a infância e nos Estados Unidos na adolescência, durante a Guerra Fria. Formou-se em Economia pela Universidade de Harvard e voltou ao Japão quando a lei de igualdade de emprego tinha acabado de ser aprovada pelo parlamento japonês. Foi uma das primeiras mulheres aprovadas no rigoroso exame para ingressar na vida diplomática e conseguiu uma bolsa de estudos para cursar a Pós-graduação na Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Em um jantar em homenagem à Princesa Elena da Espanha, foi apresentada ao Príncipe Naruhito. Durante os seis anos seguintes, o príncipe tentou convencê-la a casar-se com ele. Ela só aceitou em 1992 e eles casaram no ano seguinte. Como a constituição japonesa proíbe que membros da família real trabalhem, Masako teve que desistir da carreira diplomática.

Fluente em cinco línguas, ela costumava encantar os chefes de estado que visitam o Japão, até ser diagnosticada com uma profunda depressão, causada por stress. A princesa teve problemas para engravidar e sofreu um aborto espontâneo em 1999. Dois anos depois deu à luz à filha, Aiko. Atualmente a princesa divide seu tempo entre as aparições públicas e a educação da filha adolescente. Como a maioria das mães que conhecemos.

Marie-Chantal, Princesa da Grécia 
Marie-Chantal é filha do bilionário americano Robert Warren Miller e da equatoriana Maria Clara Pesantes Becerra. Seu pai é o empresário cofundador do Duty Free Shop, presente na Europa e em outros continentes. A família mudou-se para Hong Kong, onde Marie-Chantal viveu até os nove anos, quando passou a frequentar um colégio na Suíça. Depois de terminar o ensino médio, estudou na Academy of Arts e prosseguiu os estudos de História da Arte na Universidade de Nova York. Não chegou a concluir os estudos, porque ficou noiva do Príncipe Pavlos, filho de Constantino II, rei deposto da Grécia.

Depois de se converter à Igreja Ortodoxa Grega, em 1995, casou-se com Pavlos na Catedral Santa Sofia, em Londres. Marie-Chantal tem uma confecção de roupas infantis que leva seu nome, além de ser membro da diretoria de uma das divisões da LVMH, multinacional francesa que nasceu da união da Louis Vuitton e da Möet Hennessy.

Mary, Princesa da Dinamarca
Quando a australiana Mary Elizabeth Donaldson aceitou o convite de amigos para conhecer um grupo de estrangeiros em um pub, não imaginou que sua vida mudaria completamente. Um dos estrangeiros do grupo era Frederik, príncipe herdeiro da Dinamarca. O casal manteve um namoro à distância, até que ela foi contratada pela filial dinamarquesa da Microsoft. Meses depois, o noivado dos dois foi anunciado.

Mary Elizabeth nasceu na Tasmânia, onde seu pai lecionava Matemática Aplicada na universidade local.  Mary estudou Direito e Comércio e sua tese de graduação foi sobre o direito à legítima defesa de mulheres vítimas de violência doméstica. Fez pós-graduação em Publicidade e trabalhou em prestigiosas agências como DDB e Young & Rubicam. Antes de se mudar para a Dinamarca, deu aula em Paris na Business English School.

O casamento foi celebrado na Catedral de Copenhagen, em 2004. A princesa Mary faz um trabalho com imigrantes e criou um programa para ensinar dinamarquês aos refugiados.  Organiza regularmente eventos para arrecadar fundos para organizações como “Save the Children” e a Sociedade Dinamarquesa de Câncer.

Alessandra, Princesa de Hanover
A bela Alessandra de Osma é filha da modelo Elizabeth Foy e de Felipe de Osma, dono da Hermès. Nascida em Lima, no Peru, conheceu o príncipe Christian quando tinha 14 anos. Antes de ingressar na faculdade de Direito, trabalhou para a agência Ford Models em Nova York. Depois de terminar os estudos no Peru, mudou-se para a Espanha, onde fez o mestrado em Administração de Empresas de Moda na Universidade de Navarra. Está escrevendo um livro sobre a história da moda peruano, que deve ser publicado no próximo ano.

Apesar de terem casados no civil em dezembro de 2017, o casal real celebrou a cerimônia religiosa em março passado, na cidade natal da noiva.

Mette-Marit, Princesa herdeira da Noruega
Conhece a clássica história da plebeia que virou princesa? Nessa nossa lista, essa é a história de Mette-Marit. A plebeia Mette-Marit Tjessem Høiby, filha de uma dona de casa e de um jornalista, nunca sonhou com o futuro que teria pela frente. Na verdade, ela passou muito tempo sem saber o que iria ser quando crescesse. Depois de se formar no ensino médio, conseguiu um estágio na Câmara de Comércio Norueguesa em Londres. Quando seu contrato acabou, embarcou na fase baladeira e foi trabalhar como garçonete em um café de Oslo. Foi nessa época que engravidou. Seu filho Marius Borg Høiby nasceu em 1997. Agora ela era mãe solteira, sem curso superior e com um emprego sem perspectivas.

Mas os contos de fadas sempre reservam uma surpresa e a história de amor Mette-Marit e do príncipe herdeiro Haakon começou de uma maneira inusitada. Eles se conheceram no Festival Quart, o maior festival de rock da Noruega. Depois de um ano de namoro, ficaram noivos e casaram em 2001. O casal mudou-se para Inglaterra, onde a princesa terminou seus estudos na Universidade de Londres.

Além do trabalho humanitário, Mette-Marit é representante da UNAIDS, programa das Nações Unidas para o combate à AIDS. Ela dedica grande parte do seu tempo na difusão da arte e da cultura da Noruega, em especial para suas duas paixões: a música e a literatura.

Tatiana, Princesa da Grécia e Dinamarca
Nascida em Caracas, na Venezuela, Tatiana Blatnik foi criada na Suíça. Depois de terminar o ensino médio no colégio suíço Aiglon, estudou Sociologia na universidade Americana de Georgetown. Depois da graduação trabalhou no departamento de publicidade para a estilista Diane von Fürstenberg. Conheceu o príncipe Nikolao em um evento social. Foi amor à primeira vista e, depois de um longo noivado, o casal trocou alianças em 2010.

Tatiana se apaixonou pela Grécia tanto quanto por seu amado Nikolao e não mede esforços para ajudar a população. Na pior fase da crise econômica grega, a princesa fez uma parceria com uma instituição de caridade, a Boroume, para fornecer seis milhões de marmitas para a população. Além disso, toda a renda da venda de seu livro de culinária “A Taste of Greece” vai para instituições. No momento ao qual ela se dedica atualmente é uma plataforma onde os artesãos gregos podem vender seus produtos.

Quando comparados a outros membros da realeza, a família vive uma vida bem simples em Atenas, para onde se mudaram em 2013. Nikolao, que trabalhou na TV e no mercado econômico, agora se dedica a fotografar a natureza. Tatiana faz as mesmas coisas que qualquer mortal: trabalha, cozinha, faz compras, leva as crianças para a escola e passeia com o cachorro. Com uma única diferença, muito poucas mulheres modernas tem uma coroa guardada em casa.