50 anos do Metrô de São Paulo: Lotado e Eficiente
Malha é insuficiente para a demanda. Metrô de São Paulo tem a linha mais lotada do mundo, mas também está entre os melhores sistemas do planeta
- Data: 24/04/2018 10:04
- Alterado: 24/04/2018 10:04
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Diário do Transporte
Crédito:Acervo prefeitura de São Paulo
São 89,7 quilômetros de vias, 79 estações, 5 linhas e uma de monotrilho e 203 composições. Por dia, são 4,5 milhões de passageiros. Isoladamente, os números são grandiosos, mas pequenos ainda diante da necessidade de São Paulo.
Para ter uma ideia desta “grandiosa pequeneza”, o Metrô de São Paulo, apesar de hoje ser gerenciado pelo Governo do Estado, é, na prática municipal, só cobrindo parte da capital paulista. Cidades do ABC, região de Osasco, e de Guarulhos, por exemplo, são carentes de oferta de transporte rápido de alta demanda sobre trilhos.
Com todas as suas limitações, o Metrô de São Paulo é, sem dúvida, um dos “queridinhos” do paulistano, que pede mais linhas e, quando vai para outras cidades, fala sim com um certo orgulho sobre o sistema.
Nesta terça-feira, 24 de abril de 2018, a Companhia do Metropolitano de São Paulo completa 50 anos de existência. As primeiras operações comerciais ocorreram em setembro de 1974, num trecho de apenas 6,4 quilômetros entre o Jabaquara e Vila Mariana, da linha 1 – Azul, que hoje opera entre Jabaquara, na zona Sul de São Paulo, e o Tucuruvi, na zona Norte, com 20,4 quilômetros de extensão. A primeira viagem de trem, em título de testes, foi realizada em 1972, entre as estações Jabaquara e Saúde.
Para comemorar a data, o Metrô vai fazer uma série de atividades nesta semana.
A empresa, em nota, explica as ações de comemorações, muitas que terão surpresas que os passageiros só saberão na hora.
A Companhia do Metropolitano de São Paulo, ou apenas o Metrô, como é conhecido popularmente, completa 50 anos de fundação nesta terça-feira, 24/04, presenteando seus usuários com uma série de ações culturais e artísticas, além do lançamento de novidades que vão marcar o meio século de vida do meio de transporte preferido dos paulistanos.
E tudo começará na estação Barra Funda, às 7h, quando os passageiros serão surpreendidos com uma ação dos metroviários em agradecimento e homenagem àqueles que colaboram diariamente para o crescimento da empresa: os mais de 4 milhões de usuários das 5 linhas operadas pela Companhia. Às 13h30, o agradecimento acontecerá na estação Campo Limpo da Linha 5-Lilás, seguida por Vila Madalena da Linha 2-Verde e Jabaquara da Linha 1-Azul, às 14h30; e Tatuapé da Linha 3-Vermelha, às 15h. O grande encerramento será às 16h00 na estação Sé com a participação de mais de 300 metroviários.
E as festividades seguirão, desta vez concentradas na estação Sé, com o lançamento do novo uniforme dos funcionários da operação e agentes de segurança, do bilhete comemorativo que será vendido exclusivamente nas máquinas de venda automática e de uma nova loja de produtos licenciados com a marca Metrô.
Às 11h45, pela primeira vez, a Banda dos Seguranças do Metrô e a Orquestra Jovem do Estado de São Paulo farão um show para os usuários que estiverem na estação Sé. O repertório inclui clássicos do rock nacional e internacional, MPB e música clássica.
A partir do dia 24, uma réplica de um carro da primeira frota de trens – a frota A – original do Metrô ficará no mezanino da estação Sé – por onde passam 600 mil usuários por dia. Esta é uma atividade interativa, onde os usuários poderão fazer uma viagem no tempo e tirar fotos como se fossem operadores do antigo trem do Metrô. A réplica, criada pelos funcionários da manutenção na serralheria do Pátio Jabaquara com muito empenho e criatividade, conta com vários dos itens originais dos primeiros trens fabricados pela MAFERSA no início dos anos 70, como a máscara, cabine, banco do operador, console de comando, freio de estacionamento, ventilador e portas.
Também será inaugurada a instalação “Metrô Mobilidade”, uma espécie de maquete com dimensão de 7,50m x 5,50m que mostra os pontos de referência da cidade de São Paulo e suas linhas de metrô subterrâneas.
A celebração também será materializada com uma exposição de fotos históricas, lançamento de selo e carimbo postais comemorativos em edição especial para colecionadores, com a marca exclusiva criada pelo Metrô para a data. Os selos poderão ser adquiridos entre 24/04 e 24/05 na agência central dos Correios, na Praça do Correio, centro de São Paulo.
Para encerar o dia, a partir das 19h30, o Coral Luther King fará apresentações itinerantes nas estações Vila Madalena, Clínicas, Trianon-Masp e Brigadeiro da Linha 2-Verde.
O Metrô de São Paulo possui alguns marcos, como estar entre os melhores do planeta e ter a linha com maior densidade de usuários.
Em 2010, por exemplo, o Metrô de São Paulo foi considerado o melhor sistema de transporte sobre trilhos da América Latina pelo The Metro Awards, uma das mais respeitas premiações mundiais do setor.
A linha 3 Vermelha, que liga a Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, à populosa região de Itaquera, na zona leste, num trajeto de 22 quilômetros, entrou até para o Guinness Book por ser o trajeto metro ferroviário mais movimentado e denso de todo mundo. Para se ter uma ideia, nos horários de pico, são transportados 80 mil passageiros por hora em média ou, então, em torno de duas mil pessoas por trem. Nos horários de pico ainda, são 40 trens, cada um com seis carros (erroneamente chamados de vagão), em circulação ao mesmo tempo
O CCO – Centro de Controle Operação do Metrô de São Paulo, que fica na região do Paraíso, na capital paulista, é um exemplo de que para gerenciar o deslocamento desta nação de 4,5 milhões de pessoas por dia, são necessários recursos, tecnologia e um contingente de funcionários preparados que atuam em diversas frentes.
Mas esta comemoração poderia ser antes. Isso porque, ao longo dos seus 50 anos, o Metrô de São Paulo é novo, e poderia ter sido inaugurado bem antes.
Você sabia que as primeiras discussões para a implantação de um metrô em São Paulo surgiriam em 1888? Isso mesmo. O engenheiro alemão Alberto Kuhlmann obteve da prefeitura de São Paulo uma concessão de 50 anos para operar uma linha férrea elevada ligando os Largos do Rosário e do Paissandu. Mas Kuhlmann não conseguiu concluir a obra no prazo e o contrato foi cancelado. De acordo com historiadores, o material que seria utilizado para a construção dessa linha férrea com características de metrô para a época foi aproveitado para a construção do Viaduto do Chá.
Houve outros projetos de linhas férreas também com características de metrô, para a época, que se tem registro, em 1898, 1906, 1927 e nos anos 1940, década em que surgiu o primeiro projeto de iniciativa do governo, na época de Prestes Maia à frente da prefeitura de São Paulo.
Mas sob diversas alegações, como o temor de redes subterrâneas de transportes, algo inédito para época, dificuldades técnicas e custos, o projeto foi descontinuado.
Entre as ideias que surgiram nos anos 1940, estavam transformar redes férreas da época em Metrô, como o Bonde de Santo Amaro e o Trem da Cantareira.
Sobre o Bonde de Santo Amaro, o engenheiro Mário Lopes Leão tinha a iniciativa de incluir seu traçado a uma rede de 24 quilômetros de extensão, com linhas radiais a partir do centro, ligadas por um anel metroviário na região central de São Paulo. Uma destas linhas seria a do bonde.
Na mesma década, o engenheiro Antônio Carlos Cardoso apresentou um projeto para converter a Estrada de Ferro da Cantareira em metrô. A linha teria seu traçado original em superfície e uma extensão subterrânea até a Praça da República. Como a Cantareira tinha sido comprada pela Estrada de Ferro Sorocabana, em 1942, e iria ser reformada, o engenheiro quis aproveitar a oportunidade, mas o projeto não foi para frente.
Outros estudos se sucederam, mas foi somente com a volta de Prestes Maia ao cargo de prefeito, com Adhemar de Barros frente ao Governo do Estado, que em 13 de fevereiro de 1963, foram instituídas as comissões estadual e municipal para os estudos de criação do Metrô. Com o Golpe Militar em 1964, o Brasil parou e diversos projetos de desenvolvimento urbano também naquele ano.
Somente em 1965, já com o Brigadeiro Faria Lima à frente da gestão municipal da capital paulista é que o metrô virou uma meta.
Em 31 de agosto de 1966 foi formado o Grupo Executivo do Metropolitano – GEM para organizar uma concorrência internacional para elaboração de estudos de implantação do Metrô. Já os vereadores da Câmara Municipal aprovaram a lei 6 988, em 26 de dezembro de 1966, e autorizaram a criação da Companhia do Metropolitano de São Paulo.
Inicialmente, o projeto vencido em 1967, pelo consórcio HMD (formado pelas empresas alemãs Hochtief e DeConsult e pela brasileira Montreal) trazia a concepção de uma rede básica de em torno de 70 quilômetros com as seguintes linhas: Norte–Sul (Santana /Jabaquara); Nordeste–Noroeste (Casa Verde/Vila Maria), Sudeste–Sudoeste (Jóquei Club/ Via Anchieta) e Paulista (Vila Madalena / Paraíso); além de dois ramais: Moema (Paraíso / Moema) e Mooca (Pedro II/Vila Bertioga). Tudo deveria ficar pronto em 1978, o que não ocorreu e ao longo do tempo, os projetos foram se modificando.
Em 1979, devido ao alto custo das obras e projetos, a Companhia do Metrô foi assumida pelo Governo do Estado de São Paulo, mas a prefeitura ainda tem ações.
NA NOTA, A COMPANHIA DO METRÔ FAZ UM BREVE RETROSPECTO DE SUAS LINHAS.
Fundada em 24 de abril de 1968, a Companhia do Metropolitano de São Paulo nasceu através do Grupo Executivo Metropolitano, que foi criado para planejar a primeira rede básica de metrô da capital, baseada nos dados da primeira pesquisa Origem Destino feita em 1967. Poucos meses após sua fundação, o Metrô iniciou, em dezembro de 1968, as obras da linha de metrô pioneira na capital, a atual Linha 1-Azul, que passou a funcionar em setembro de 1974 do Jabaquara à Vila Mariana. Naqueles tempos, 2,8 mil pessoas eram transportadas diariamente, o que corresponde a 0,06 % dos 4,5 milhões de passageiros transportados atualmente. Por ter sido idealizado com base nos princípios da cultura de manutenção e na qualidade do serviço público, o Metrô passou a ser visto pela população como o que havia de mais moderno no país. Ao longo dos anos 70, a linha 1-Azul chegou à Santana e as obras da Linha 3-Vermelha foram iniciadas, chegando ao seu atual formato nos anos 80. Nas décadas seguintes o Metrô abriu as linhas 2-Verde (anos 90), 5-Lilás (anos 2000) e 15-Prata-monotrilho (anos 2014), além de ter construído a Linha 4-Amarela (anos 2010).
Desde setembro de 1974, início de sua operação, mais de 28,2 bilhões de usuários já foram transportados pelo Metrô. Esse número equivale a 135 vezes a população do Brasil e 3,7 vezes a população da Terra. Neste mesmo período, os trens da Companhia já percorreram mais de 499,1 milhões de quilômetros, o equivalente a 1.298 vezes a distância entre a Terra a Lua.
Atualmente a malha metroviária de São Paulo conta com 89,7 quilômetros de vias, 79 estações e 6 linhas (linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha, 4-Amarela, 5-Lilás e 15-Prata – monotrilho). A Linha 4-Amarela teve sua operação concedida à ViaQuatro. A frota de trens do Metrô possui 203 composições todas novas ou modernizadas.
Ainda há várias lacunas de desenvolvimento no Metrô de São Paulo, como superlotação, problemas pontuais na operação com falhas, uma rede insuficiente, linhas ainda sem controle de trens mais moderno e ausência de portas de plataforma em todas as estações, que ajudam na segurança dos passageiros.
Mas é inegável também que o Metrô de São Paulo é uma referência positiva em transportes e é um desejo da população.
Metrô não briga com ônibus e trens. Pelo contrário, deve ser a espinha dorsal de uma rede de transportes metropolitanos que se conecta com os trens da CPTM, corredores de ônibus com veículos articulados, superarticulados e biarticulados, ônibus comuns, micro-ônibus, bicicletas e, por que não, táxis e aplicativos.
É certo que São Paulo precisa de mais Metrô, mas acima de tudo, precisa de uma rede Metropolitana de verdade, com diferentes meios conectados e, claro, com uma integração entre diferentes cidades.
O que não dá é os municípios, ou mesmo os bairros, conviverem realidades tão diferentes, mesmo estando um ao lado do outro.