Star Wars: As mulheres que mudaram a galáxia
Dentro e fora das telas elas foram ganhando espaço e roubaram a cena em Star Wars. Princesas, rebeldes, Jedi, mocinhas, vilãs e editoras, a Galáxia não seria a mesma sem elas.
- Data: 18/12/2017 10:12
- Alterado: 11/08/2023 03:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Lilian Trigo
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Se você espera ler uma resenha de “Star Wars: Os Últimos Jedi”, lamento informar que vai se decepcionar. Temos consciência que qualquer iniciado no universo Jedi sabe muito mais que nós sobre o assunto e, definitivamente, não precisa de um guia para entender o novo filme.
Nossa missão aqui é mostrar como as personagens femininas evoluíram e se tornaram essenciais na Saga. Desde o primeiro filme, em 1977, as mulheres tiveram papel fundamental dentro e fora das telas. Vamos contar a história da mulher que mudou o filme na sala de edição e a colaboração de Carrie Fisher, grande responsável pela mudança dos papeis femininos no cinema. A Princesa Leia, mesmo sem nunca ter empunhado um sabre de luz, foi a imagem mais perfeita da Força.
Padmé Amidala
Começamos nossa lista com a matriarca da história. Eleita rainha de Naboo, aos 14 anos, Padmé Amidala (Natalie Portman) foi obrigada a lutar contra a invasão da Federação do Comércio. O inimigo estava mais próximo do que ela imaginava, na pele de Sheey Palpatine, representante do povo de Naboo no Senado. Como parte de seu plano para substituir a Republica pelo Império Sith, Palpatine se aproximou do jovem Anakin Skywalker, que estava frustrado com seu treinamento sob a supervisão de seu Mestre Jedi Obi Wan Kenobi.
Depois do término de seus dois mandatos como rainha, Amidala seguiu a carreira política como substituta de Palpatine no Senado. Durante a crise separatista, foi vítima de uma tentativa de assassinato e, por ordem do Conselho Jedi, voltou à sua cidade natal, tendo como protetor Anakin. Os dois se apaixonaram e casaram secretamente. No fim da guerra, Amidala engravidou, mas continuou seu trabalho como líder da delegação dos 2000, que queria restaurar a liberdade na República. Skywalker começou a ser assombrado por pesadelos que mostravam que Padmé não resistiria ao parto. O astuto Palpatine, acreditando que Anakin era “o escolhido” da profecia Jedi, prometeu que salvaria sua mulher se ele abraçasse o lado negro. Quando Palpatine se autoproclamou Imperador, todos os integrantes da Ordem Jedi foram declarados traidores. Numa última tentativa de convencer o marido, Padmé foi encontrá-lo, acompanhada de Obi Wan Kenobi. Sentindo-se traído, Anakin feriu a esposa gravemente. Ela foi levada por Obi Wan para Polis Massa, onde deu a luz a um casal de gêmeos, Luke e Leia, mas morreu logo após o parto.
A rainha Amidala não era só um rostinho bonito. Além de líder, era uma hábil piloto e uma governante guiada por grande senso de justiça. Pacifista e grande defensora da democracia, falhou ao tentar salvar seu amado do caminho da escuridão, mas deixou um legado que pode ser visto em seus dois filhos.
Leia Organa
Princesa de Alderaan, senadora, espiã, revolucionária, líder da Aliança Rebelde, estrategista, general da Resistência, Leia Organa (Carrie Fisher) foi tudo isso e muito mais. Desde o momento que fomos apresentados à sua imagem holográfica, fica claro que ela é a única personagem que sabe exatamente o que quer.
Nessa história, Leia nunca foi a mocinha em perigo e muitas vezes foi ela que salvou o dia. Autossuficiente, não tinha medo de dizer aos homens ao seu redor o que eles deveriam fazer. Por isso, era natural que 30 anos depois de “O Retorno de Jedi”, ela voltasse como General Organa, a líder máxima da Resistência. Ao contrário de seu pai, seu irmão e seu filho, nem por um segundo se viu tentada a passar para o outro lado. Apenas seguiu em frente, com sua fé inabalável na Força e seu coração cheio de esperança.
Ícone da cultura pop e símbolo de resistência, as referências à personagem estão por todas as partes, da série Friends à Marcha das Mulheres em Washington. Considerada a personagem feminina mais significativa do século XX, a Princesa Leia abriu o caminho para que as heroínas deixassem de ser meros acessórios nos filmes. Graças a ela, Ripley, Sarah Connor, Katniss Everdeen e tantas outras, ganharam vida para provar que, às vezes, as mulheres são mais capazes de salvar o mundo.
Jyn Erso
Muito diferente das duas heroínas anteriores, Jyn Erso (Felicity Jones) tem muito pouco de princesa. Seu pai, o cientista Galen Erso, foi levado de casa quando ela era criança e obrigado a projetar e construir a Estrela da Morte. Jyn cresceu longe da família e serviu como sargento nas Guerras Clônicas contra o Império Galático. Quando o conflitou acabou, passou a viver na marginalidade, colecionando passagens pela prisão. Capturada pelos rebeldes, a destemida Jyn resolveu ajudar na missão para destruir a criação de seu pai. Junto com o Capitão Cassian Andror chefiou Rogue One, o esquadrão de rebeldes, pilotos e aprendizes Jedi.
É a personagem feminina mais parecida com Han Solo. Como ele, descobre um propósito maior que ela mesma e se sacrifica para ajudar a Aliança Rebelde.
Mon Mothma
Mon Motma é uma daquelas personagens que não receberam o destaque que mereciam. Essencial para a Resistência, ela ajudou a fundar a Aliança Rebelde, no Senado foi uma feroz opositora de Palpatine, quando ele começou sua ascensão ao poder. Tornou-se inimiga do Estado, foi condenada publicamente pelo Imperador e banida. Do exílio coordenou as ações da Aliança, incumbindo Jyn Erso de destruir a Estrela da Morte.
Interpretada por duas atrizes em três filmes – Caroline Blakiston em “O Retorno de Jedi” e Genevieve O’Reilly em “A Vingança do Sith” e “Rogue One” – Mon Motha foi uma grande aliada tanto de Padmé Amidala quanto da Princesa Leia. E reza a lenda que foi ela quem celebrou o casamento de Leia e Han Solo.
Rey
As origens de Rey (Daisy Ridley) são desconhecidas. Abandonada pela família, sobreviveu trocando sucata por comida. Autodidata, seu conhecimento sobre mecânica impressionou ninguém menos que Han Solo.
Logo de cara percebemos que Rey é especial, como aconteceu antes com Anakin, Leia e Luke. Apesar de sua origem humilde, existe algo heroico nela. Como toda sobrevivente, ela sabe se cuidar, mas também tem a generosidade de cuidar dos outros e valores morais para escolher o lado certo no final. Nada mais poético que seja exatamente uma pessoa comum a restaurar o equilíbrio da Força. Vida longa a Rey!
Maz Kanata
Podemos dizer que Maz Kanata (voz de Lupita Nyong’o) é, de certa forma, a versção feminina de Yoda. Ela também é baixinha e sábia, embora viva contrabandear objetos recolhidos pela galáxia. Tem grande conhecimento sobre a Ordem Jedi e insinua ter tido um romance com Chewbacca.
Apesar de toda sua excentricidade, Mas tem um papel importante na história de Rey. É ela quem encoraja Rey a sentir a Força em seu interior. Vendo o potencial da moça, entrega a ela o sabre de luz de Luke Skywalker, que um dia pertenceu Anakin.
Kaydel Ko Connix
A tenente Connix (Billie Lourd) é uma controladora de voo júnior na base da Resistência de D’Qar. Sob o comando da General Organa, coordenou as comunicações entre os comandantes e os pilotos durante o ataque à Base Starkiller.
A atriz Billie Lourd é a única filha de Carrie Fisher e sua personagem aparece nos filmes “O Despertar da Força” e “Os Últimos Jedi”.
Tallisan “Tallie” Lintra
Tallie Lintra (Hermione Corfield) foi a Líder Azul que comandou o esquadrão de A-Wings durante a evacuação de D’Qar, local a partir do qual os combatentes X-Wings da Resistência foram lançados para destruir a Base Starkiller. Mais uma para a tradição de mulheres piloto começada por Padmé Amidala.
Capitã Phasma
Na nova trilogia Star Wars, estávamos sentindo falta de uma vilã que amamos odiar. Em “O Despertar da Força”, ficou claro que a Capitã Phasma (Gwendoline Christie) é uma forte candidata. Comandante de uma tropa de elite de Stormtroopers, ela também é membro da Primeira Ordem, juntamente com o General Armitage Hux e Kylo Ren, liderada por Snoke. No filme anterior, ela foi capturada e interrogada por Finn, Chewbacca e Han Solo e deixada para morrer no compactador de lixo, numa clara referência ao que aconteceu com Han no filme “Uma Nova Esperança”. Ela não só sobreviveu como voltou com sede de vingança, mostrando sua faceta mais sinistra
Phasma tem feito muito sucesso com os fãs por causa da sua vestimenta. Ninguém tem uma armadura mais bacana que a dela, toda feita do chromium tirado da nave real de Naboo, que pertenceu ao Imperador Palpatine.
Rose Tico
Rose Tico (Kelly Marie Tran) se acostumou a ficar em segundo plano e ser apenas uma engrenagem na linha de manutenção das naves da Resistência. Viveu toda a vida à sombra da irmã Paige, especialista em artilharia que estava sempre na linha de frente dos combates contra a Primeira Ordem. Sua grande chance vem quando ela é escalada para uma missão com Finn, o ex-stromtrooper que desertou com a ajuda do comandante Poe Dameron.
Ao contrário da irmã, Rose não é soldado nem pretender ser heroína. Ela só quer fazer parte de algo maior e aproveitar cada momento dessa aventura.
Amilyn Holdo
Até “O Último Jedi” nada se sabia sobre a Vice Almirante Amilyn Holdo (Laura Dern), personagem que surgiu nos livros antes de chegar ao cinema. Em “Leia, Princess of Alderaan” e “A Leader Named Leia”, descobrimos um pouco da vida dela. Vinda do planeta Gatalenta, conheceu a Princesa Leia quando ambas eram adolescentes e frequentavam um curso de política para jovens. Logo Amilyn descobriu que sua amiga estava envolvida na rebelião contra o Império.
Quando Holdo assume o comando da Resistência, gera desconfiança de muitas pessoas, em especial do Comandante Poe, que acha seus métodos de comando muito diferentes dos de Leia. Agora que a Resistência está bastante enfraquecida, talvez a excêntrica Holdo possa ser de grande ajuda.
Hors concours
A mulher que ajudou a criar a Força
Marcia Lucas
A primeira esposa de George Lucas tem grande responsabilidade por Star Wars ter se tornado um fenômeno mundial. Nascida Marcia Griffin, fez carreira como editora de cinema, trabalhando nos filmes “Alice não mora mais aqui” e “Taxi Driver”, de Martin Scorsese. Conheceu George Lucas em 1967, quando ele ainda era um simples estudante de cinema. Casaram-se 2 anos depois. Em 1974, Marcia recebeu sua primeira indicação ao prêmio da Academia por “American Graffiti” dirigido por Lucas.
Foi a maior crítica e incentivadora do trabalho do marido. Durante a preparação do roteiro de “Star Wars: Uma Nova Esperança”, algumas das mais icônicas cenas do filme não teriam sido escritas sem a inestimável ajuda de Marcia. Ela que decidiu que Darth Vader deveria matar Obi Wan Kenobi na Estrela da Morte. Na sala de edição criou o momento de tensão que faz o público vibrar quando Han Solo, à bordo da sua Millennium Falcon, aparece para ajudar Luke que está sendo perseguido por Darth Vader. O beijo da sorte que Leia dá em Luke foi ideia dela.
Em 1983, ano do lançamento de “O Retorno de Jedi”, os Lucas se divorciaram. Na época, ela recebeu R$ 50 milhões, deixando George mais pobre e com o coração partido. Em represália, ele apagou toda e qualquer referência à ex-mulher dos registros da Lucasfilms. Marcia se retirou da vida pública e se dedicou à criação das duas filhas. Como prova de seus dias de glória, ela tem o reluzente Oscar de melhor edição que ganhou por “Uma Nova Esperança” e a admiração de todos com quem trabalhou.