Por onde anda nosso País?
Artigo de Paulo Porto, Roqueiro do ABC. Músico, Compositor, Pesquisador Cultural, Empresário e Advogado inaugura uma série exclusiva intitulada “Pelas Barbas do Profeta”
- Data: 29/11/2016 20:11
- Alterado: 29/11/2016 20:11
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Paulo Porto é roqueiro do ABC. Músico, Compositor, Pesquisador Cultural e Advogado
Nada mais providencial do que inaugurar minha coluna aqui falando de uma coisa que realmente gosto: cultura! Pena que entremeada à outra coisa que não curto muito, mas que é necessária: política! Só um aparte aqui: para um homem livre, a necessidade sempre priva a liberdade, no entanto, devemos aceita-la, posto que necessidades sejam garantias da continuidade da vida. Principalmente as biológicas…
O Presidente em exercício, Michel Temer, tomou uma decisão quando empossado para o cargo: “rebaixar” o Ministério da Cultura ao status de Secretaria. Desde então, por pressões previsivelmente anunciadas, voltou atrás e “recriou” tal Ministério. Olha só quanta informação aqui…
O que mais me chamou a atenção nessa notícia foi o “voltar atrás”. Então, vamos a ela: voltar atrás foi o que Temer fez quando tirou o status de Ministério da cultura e o reagregou à Educação (coisas desde lá dos anos 50). Muitos trataram isso de retrocesso, um andar pra trás, porque esse Ministério foi criado pelo nosso primeiro Vice-Presidente-Presidente da história da nova democracia do Brasil, José Sarney, pelos idos de 1985. Certo.
Aí, ele “voltou atrás” pela segunda vez, recriando novamente o Ministério. Mas seriam por conta de tantos mimimis? É fato que isso bateu diretamente no ouvido e nos sentimentos do novo líder da nação (ainda que provisório), o que desvela um novo e importante problema, onde cabe aqui uma análise.
Tomemos por evidente a razão de que esse novo Presidente ocupa tal cargo pela missão de atender aos anseios de um povo cansado de andar (olha só) para trás… Um povo que vem recuando e “voltando atrás” em sua vida e a cultura, por sua vez, não deixaria de ser um pedaço disso.
Dentro de uma semana, o “jovem” Presidente Temer voltou atrás, portanto, duas vezes. A primeira por uma convicção oriunda dos anseios do povo que depôs a afastada. A segunda, por alguma voz uníssona que soou alto, posto que retumbada em seus ouvidos.
É fato que, fosse a democracia a personificação do povo, seria ela uma jovem. Sim, porque depois de quase 30 anos sem eleições presidenciais, (1960-1989) fazemos isso há 26 anos novamente. Uma jovem que também decidiu voltar atrás também duas vezes: a primeira para depor Collor. A segunda para depor Dilma.
Dessa forma, ambos teriam andado pra trás… E o Brasil é o País do futuro, dizem…
Nesses 26 anos da nova democracia, Temer é o 3º Vice-Presidente-Presidente do Brasil. A democracia brasileira, poucos se deram conta, não se importa em retroceder, porque parece que quer avançar. Leandro Karnal, em lógica sábia, diz que não há nação honesta com governo corrupto e nem nação corrupta com governo honesto. No entanto, quem erra e reconhece o erro e volta atrás, tende a pesar para a honestidade. Isso sim é uma vantagem. Em 26 anos e seus eventos históricos, podemos já admitir que a democracia brasileira é honesta. O povo não. O governo, não. Mas a democracia, essa jovem democracia, sim.
Temer e a Democracia estão com vontade de voltar atrás. Estão buscando algo honesto e em prol disso, que o erro não passe de uma ferramenta para o acerto. Mário Covas costumava dizer que o erro é uma oportunidade de começar de novo com mais inteligência. Temer e a democracia querem o Brasil no futuro. A democracia brasileira está tentando e nessa toada, deve o Presidente tentar também. Falta agora, ambos entenderem uma coisa que considero bastante importante: O Brasil, desde a República, anda caminhando muito no passado para ser do futuro. Rogo que, com isso, sejamos mais presentes.