Nos ventos da tradição

Na Classe RS:X, Patrícia Freitas é uma das esperanças de manter o bom retrospecto olímpico da vela brasileira

  • Data: 14/07/2015 14:07
  • Alterado: 16/08/2023 17:08
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Jogos Cariocas
Nos ventos da tradição

Entrevista com a velejadora Patrícia Freitas por Luiz Humberto Monteiro Pereira

Crédito:Divulgação

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 A vela é um dos esportes que mais garantiu medalhas para o Brasil em Jogos Olímpicos. Com 17 medalhas, perde apenas para o vôlei (somando quadra e praia) e o judô. Para os Jogos do Rio de Janeiro, uma das grandes apostas é a carioca Patrícia Freitas, de 25 anos, da Classe RS:X – modalidade olímpica do windsurf, também conhecida como prancha a vela. “É uma classe rápida em ventos fortes e muito técnica em ventos fracos. As regatas são mais curtas e mais dinâmicas do que as demais classes. Uma prancha pode alcançar a velocidade de 45 km/h e essa é uma das melhores sensações que existe”, explica Patrícia, que já foi anunciada pela Confederação Brasileira de Vela como a representante brasileira na classe RS:X nas Olimpíadas de 2016. Apesar da idade, ela já têm duas Olimpíadas no currículo – foi 18ª colocada em Pequim, em 2008, e 13ª colocada em Londres, em 2012. Agora está em Toronto, defendendo o bicampeonato nos Jogos Pan-americanos – foi medalha de ouro em Guadalajara-2011.

Patrícia foi criada no Rio de Janeiro e se considera carioca, mas nasceu em Washington, nos Estados Unidos, onde seu pai trabalhava na época. Formou-se em Arquitetura pela PUC-Rio – e pretende começar a exercer a profissão assim que parar de competir. Atualmente mora em Búzios, no litoral Norte Fluminense, que é um de seus lugares prediletos para velejar. Ocupa a 11ª posição no ranking da Federação Internacional (ISAF) e é a melhor brasileira na lista. Em abril deste ano, ganhou a medalha de bronze na etapa da Copa do Mundo em Hyère, na França. “Apenas as 40 melhores do ranking foram convidadas a participar, então o nível técnico foi inquestionável. Mesmo já tendo um ouro nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em 2011, a conquista da Copa do Mundo foi mais emocionante”, comemora.

Jogos Cariocas – Quais são seus pontos fortes na vela? E quais fundamentos precisa aprimorar?

Patrícia Freitas  – Minhas grandes qualidades estão associadas ao local onde mais treinei, a Baia de Guanabara – local onde serão disputadas as regatas das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Então, sou boa no vento fraco e nas escolhas táticas. Sendo assim, tenho que aprimorar meu velejo em condições de ventos muito fortes.

Jogos Cariocas – Como a vela influiu no seu jeito de ser?

Patrícia Freitas  – Como é um esporte individual, acabei me acostumando a estar sozinha. Tenho um grupo de amigos muito queridos mas pequeno, pessoas que realmente têm a ver comigo. Os velejadores têm um contato privilegiado com a natureza, aprendemos a ler as tendências de vento e correnteza apenas por observação. No caso do windsurf, não podemos usar bússola, como nos demais barcos. Então, nosso olho ter que ser ainda mais treinado.

Jogos Cariocas – Como é seu ritmo de treinamentos?

Patrícia Freitas  – Meu dia de treinos é dividido em três períodos. Na parte da manhã, alternamos sessões de ciclismo (geralmente mountain bike) com remo estacionário, academia ou velejo. Na parte da tarde sempre velejamos, pois o vento costuma ser mais forte nesse horário em Búzios, onde treino. No final da tarde, fazemos fisioterapia ou alongamento.

Jogos Cariocas – O fato das Olimpíadas de 2016 serem “em casa” pode representar uma vantagem para os velejadores brasileiros?

Patrícia Freitas  –  Competir em casa, para os velejadores, é uma vantagem gigante. A Baia de Guanabara é famosa por seus ventos rondados e rajados e pelos fortes braços de maré. Quem treinou muito lá e já está familiarizado com os padrões de mudanças do vento, causados por montanhas ou prédios, e da maré, com certeza “larga na frente”.

Jogos Cariocas – Como avalia a organização do evento?

Patrícia Freitas  – A Marina da Glória esta praticamente pronta, estão fazendo alguns ajustes. É uma pena que a obra seja tímida, pois a Marina da Glória, inicialmente pensada para ser um equipamento público, desde sua inauguração teve o acesso bastante restrito. Infraestruturas de acesso ao mar são um problema no Brasil. Temos muitos clubes, mas são todos privados. Esse é um dos motivos pelo qual o esporte é pouco conhecido e popularizado. Outro problema é a qualidade das águas da Baia. Existe um plano de curto prazo, absolutamente paliativo, para melhorar o aspecto da água durante as competições. Mas faltou um plano de longo prazo que realmente visasse resolver o problema do despejo de esgoto.

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  • Data: 14/07/2015 02:07
  • Alterado:16/08/2023 17:08
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  • Fonte: Jogos Cariocas









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