Balanço da Brock – 03/11/2022

Declaração infeliz

O ex-piloto Nelson Piquet gravou na tarde de ontem um vídeo ao lado de um apoiador de Bolsonaro, enrolado à bandeira do Brasil, dizendo que Lula deve morrer. Trata-se de um personagem conhecido do público. E só por esse motivo deveria ter mais responsabilidade para se pronunciar ou mesmo fazer “brincadeirinhas”. Digo isso porque falou em tom de risada. O ex-piloto Nelson Piquet gravou na tarde de ontem um vídeo ao lado de um apoiador de Bolsonaro, enrolado à bandeira do Brasil, dizendo que Lula deve morrer. A infeliz declaração levará o senador Humberto Costa (PT) a entrar com uma representação no Ministério Público do Distrito Federal e Territorial contra o ex-piloto. Piquet participava de ato que não reconhece o resultado das eleições presidenciais de domingo. O ex-piloto doou para a campanha de Jair Bolsonaro R$ 501 mil. “Vamos botar esse Lula fdp pra fora disso tudo”, comentou no vídeo Piquet. Um outro apoiador de Bolsonaro, que está ao lado do ex-piloto no vídeo completa: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” e Nelson Piquet repete: “é isso ai e o Lula lá no cemitério, fdp”. No mínimo lamentável.

As declarações de Jair Bolsonaro 

Na terça-feira, véspera do feriado de finados, mensagens de WhatsApp de suposta voz de Eduardo Bolsonaro, deputado federal reeleito e filho de Jair Bolsonaro, estimulavam que pessoas tomassem as ruas para fazer atos. O movimento dos caminhoneiros já estava em andamento e nos bastidores políticos a notícia é que o movimento estava organizado antes mesmo do término do segundo turno, quando já era esperada a derrota de Jair Bolsonaro nas urnas. O suposto vazamento das mensagens, acredita-se, teria levado Bolsonaro a ir a público se manifestar quase 40 horas após o término das apurações das urnas. Nos bastidores políticos o comentário é de que o presidente só veio se manifestar na tentativa de se blindar judicialmente, pois sua total omissão ao movimento poderia lhe trazer complicações jurídicas. Vale um detalhe: na primeira manifestação de Bolsonaro em nenhum momento ele pediu que o movimento dos caminhoneiros fosse interrompido. Não pediu textualmente, somente sugeriu que não fossem feitos atos que impedissem as pessoas de irem e virem. 

Mais sobre as declarações 

Já na noite de ontem, em que o caos estava instaurado, e segundo fontes esse era o objetivo, que Jair Bolsonaro veio a público pedir que os caminhoneiros deixassem estradas e rodovias e garantissem o direito de ir e vir das pessoas. Para alguns cientistas políticos, a declaração de ontem a noite tinha como objetivo de Bolsonaro mostrar seu poder. Ocorreram denúncias de que a Polícia Federal Rodoviária estaria dando retaguarda aos caminhoneiros. Caberá agora à justiça averiguar quem foi o mandatário do movimento que tem como objetivo anular o resultado das eleições de domingo. Há suspeitas de que empresários tenham financiado o movimento. 

Implacável 

Hoje o presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Ministro Alexandre de Moraes, falou sobre as eleições e afirmou que “movimentos ilícitos e criminosos” serão devidamente responsabilizados. Moraes afirmou que o presidente e o vice-presidente eleitos democraticamente serão diplomados no dia 19 de dezembro e tomarão posse em primeiro de janeiro. “Isso é democracia. A democracia venceu”.

Sem intervenção 

O vice-presidente da República e senador eleito Mourão, criticou em entrevista ao Gazeta Gaúcha, os protestos que bloquearam as estradas e afirmou que manifestantes fazem interpretação “inviesada” do que a Constituição diz sobre o papel das Forças Armadas. Ele afirmou durante a entrevista que não há possibilidade de intervenção militar: “Nenhum dos poderes constitucionais está ameaçado”. Mourão afirmou hoje em entrevista em Brasília que o certo seria não ter aceitado que Lula fosse candidato lá atrás, mas depois de aceito, de consagrado nas urnas, não se tem o que discutir: Lula venceu.