Salto para o futuro
Especialista no trampolim de 3 metros, o paraense Ian Matos já vive no Rio de Janeiro o clima de 2016
- Data: 15/06/2015 10:06
- Alterado: 15/06/2015 10:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Jogos Cariocas
Ian Matos sai todas as manhãs da carioquíssima Copacabana, onde mora, e vai de bicicleta até as Laranjeiras, também na Zona Sul do Rio. Lá, dá seu expediente em um “escritório” todo em tons de azul: a mais profunda das piscinas do Fluminense Futebol Clube. Desde o início do ano passado, o atleta da seleção brasileira de Saltos Ornamentais, especialista no trampolim de 3 metros, mudou-se de Brasília para a cidade que irá sediar as Olimpíadas de 2016. “Minha adaptação ao Rio de Janeiro foi muito rápida e tranquila. Gosto muito de fazer trilhas e aqui a visão que temos no final de cada uma delas faz valer a pena o esforço das subidas”, explica o paraense da Ilha de Marajó, que cursa o terceiro período da faculdade de Educação Física.
Junto com o carioca Luiz Outerelo, seu parceiro no salto sincronizado – onde dois mergulhadores tentam realizar movimentos idênticos ao mesmo tempo durante o salto –, Ian tem participado como “dublê” das cenas de mergulho do personagem Diogo, vivido pelo ator Thiago Martins na novela “Babilônia”, da Globo. Das novelas para a realidade, o salto sincronizado da dupla é uma das grandes esperanças de medalhas brasileiras nos Saltos Ornamentais em 2016. Mas Ian também obteve bons resultados nas provas individuais do trampolim de 3 metros. E não disfarça sua empolgação. “Já até sonhei que estava nas Olimpíadas do Rio”, confessa o saltador, que terá 27 anos na época dos Jogos do Rio de Janeiro.
Jogos Cariocas – Como se aproximou dos Saltos Ornamentais?
Ian Matos – Um amigo da escola me convidou a praticar e, como sempre gostei de estar na água, eu aceitei. E acabei gostando muito. Pratico desde os onze anos. Percebi que podia ser um bom atleta quando comecei a viajar para participar de competições nacionais e ficar entre os cinco primeiros colocados.
Jogos Cariocas – Quais são seus pontos fortes no esporte? E quais fundamentos precisa aprimorar?
Ian Matos – Gosto muito de treinar e sou bem dedicado e esforçado. Sempre trabalho para fazer meu melhor. Preciso melhorar um pouco minha ansiedade, fico bem nervoso próximo às competições. Hoje em dia já estou bem mais controlado, mas até um tempo atrás esse nervosismo me prejudicava bastante.
Jogos Cariocas – Qual é a coisa legal de ser um saltador? E a coisa chata?
Ian Matos – Bom, não é qualquer pessoa que encontramos na rua que é um saltador. Eu me sinto uma “edição limitada”… Brincadeiras à parte, me sinto especial em ser atleta, um privilegiado. Nos Saltos Ornamentais, a parte mais legal para quem pratica é conseguir superar os medos. E a parte mais chata é sentir medo o tempo todo…
Jogos Cariocas – Como é a sua rotina, num dia comum?
Ian Matos – Acordo às 7 horas da manhã, tomo meu café, pego a bicicleta e vou para o Fluminense. Treino diariamente das 8 h ao meio-dia na piscina, vou almoçar, descanso um pouco e volto para o treino às 15 h. Acabo às 17 h, tomo um banho e vou direto para a faculdade. De lá, volto pra casa. Essa é minha rotina de segunda a sexta-feira.
Jogos Cariocas – Quais os títulos mais importantes que já conquistou?
Ian Matos – As três medalhas de bronze nos Jogos Sul-Americanos em 2010, na Colômbia, foram os primeiros títulos importantes. Depois, veio o bronze no Grand Prix de Fort Lauderdale em 2012, no salto sincronizado de 3 metros, junto com o Luiz Outerelo. E, mais recentemente, o bronze na prova individual do trampolim de 3 metros no Festival Deportivo Pan-Americano, na Cidade do México, em setembro do ano passado.
Jogos Cariocas – Como estão suas chances para as Olimpíadas de 2016?
Ian Matos – Como país-sede da competição, o Brasil tem vaga garantida nas provas de salto sincronizado. Desde 2012, eu e o Luiz Outerelo somos a melhor dupla nacional. Se nos mantivermos assim, as chances de participação serão muito grandes. Estamos treinando muito para tentar disputar uma medalha em 2016.
Jogos Cariocas – O fato de disputar “em casa” pode representar uma vantagem para os atletas brasileiros dos Saltos Ornamentais?
Ian Matos – Nos saltos, as notas são subjetivas. É de acordo com o que o juiz achar. Mas uma torcida muito grande pode acabar tendo influência nas notas. Outra grande vantagem é que a maioria dos países treina em piscina cobertas. Eles não estão acostumados com frio, vento e chuva. E vai ter tudo isso em agosto de 2016, aqui no Rio de Janeiro.