Rota de colisão
Entrada de Anderson Silva na luta pela vaga do taekwondo não intimida Guilherme Félix
- Data: 09/05/2015 08:05
- Alterado: 09/05/2015 08:05
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Jogos Cariocas
“Desejo sorte ao Anderson Silva. Será bom para o esporte e para o Taekwondo brasileiro a presença dele nas seletivas. Estou ansioso por isso”. É assim que o capixaba Guilherme Félix, 12º no ranking mundial dos pesados do taekwondo, sintetiza sua expectativa sobre a decisão do lutador de MMA Anderson “Spider” Silva de pleitear uma vaga na seleção brasileira da modalidade para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Apesar da fama do potencial adversário pela vaga olímpica entre os pesados, Guilherme não demonstra grande preocupação. “Não sei como é que vão fazer para ele entrar. Nós já estamos fazendo um trabalho, já disputamos lá fora vários campeonatos…”, pondera.
Polêmicas com o “Spider” à parte, os preparativos de Guilherme estão intensos. Sua moradia se alterna entre Vila Velha, no Espírito Santo, onde nasceu, e a paulista Piracicaba, onde integra a equipe do Centro de Alto Rendimento Dojan Nippon/Selam. Treina seis dias por semana, com pelo menos 5 horas no tatame a cada dia. E ainda encontra tempo para fazer MBA em Gestão de Projetos na Universidade Metodista de Piracicaba. “Folga, só nos domingos. Mas vale tudo para estar nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Sonho todos os dias com isso.”, avisa o lutador de 25 anos, que tem a medalha de prata no World Grand Prix de 2013 e o ouro no Pan Americano em 2014, no México, como suas principais conquistas. Esse ano, foi vice-campeão do Aberto Internacional de Alexandria, no Egito, e medalha de bronze no Aberto Internacional dos Estados Unidos.
Jogos Cariocas – Como vê a proposta do lutador de MMA Anderson “Spider” Silva de tentar uma vaga na seleção brasileira de taekwondo para disputar as Olimpíadas de 2016?
Guilherme Félix – Um lutador campeão olímpico não se forma um ano antes das Olimpíadas. É formado ao longo de 8 anos. Não é assim de uma hora para outra que alguém vai chegar e conseguir ir bem nas Olimpíadas. Todo mundo pode disputar, não há rejeição para ninguém. Mas tem de atender aos critérios e entrar no tatame para disputar a vaga. Não pode ser somente por indicação. Não acredito que a confederação ceda diretamente a vaga para ele, mas se o improvável acontecer, vai ter muita briga e discussão.
Jogos Cariocas – Com a aproximação das Olimpíadas de 2016, como está seu ritmo de treinamentos?
Guilherme Félix – Tenho a rotina de um treino técnico/tático e físico todos os dias de semana e, um treino técnico/tático aos sábado. São praticamente 5 horas de treinos diários no tatame. Porém, o dia do atleta não começa e termina no tatame. Temos que dormir bem, estudar tanto os adversários quanto outros assuntos que fazem parte do esporte e do nosso dia-a-dia para sempre estarmos atualizados e com a mente “ativada”. E comer bem também faz parte do treino.
Jogos Cariocas – Qual foi seu momento mais emocionante, dentro do esporte?
Guilherme Félix – Acredito que foi quando ganhei a medalha de ouro no Argentina Open, em 2013. Foi um evento em que eu estava retornando de uma lesão cirúrgica séria, e eu não tive tanto tempo para treinar, apenas treinava mais a mente do que tudo e acabei conseguindo o ouro. Já a medalha de prata no World Grand Prix de 2013 foi um misto de emoção com frustração. Sei que a prata foi importante, pois foi a primeira medalha da história do Brasil nesse evento. Mas também sei que o ouro escapou nos últimos segundos da luta…
Jogos Cariocas – Quais serão as suas principais competições em 2015?
Guilherme Félix – Tenho o Mundial da Modalidade na Rússia em maio, ainda estou em busca da vaga para os Jogos Pan Americanos em Toronto, em junho, além de três etapas do Grand Prix marcadas para o segundo semestre. Esses são os eventos mais fortes, pois há outros abertos internacionais também importantes para buscar pontos no ranking mundial.
Jogos Cariocas – Como avalia que está a organização das Olimpíadas de 2016?
Guilherme Félix – Nosso país já tem o histórico de entregar obras atrasadas, não se limitando a eventos esportivos. Já tivemos exemplos de grandes competições que mesmo parecendo que tudo vai dar errado, na hora acontece totalmente o contrário. Acredito que nessas Olimpíadas será a mesma coisa: mesmo com a organização meio falha e obras atrasadas, quando os jogos começarem, teremos um espetáculo único na Terra.
Jogos Cariocas – O fato de competir “em casa” pode representar uma vantagem para os atletas brasileiros?
Guilherme Félix – Pode sim. A torcida pode nos ajudar muito nos momentos mais díficeis. Sabemos que, em circunstâncias como essas, dependendo do apoio da torcida, “gato pode virar leão e leão pode virar gato”.