Senhor dos anéis
Campeão olímpico de 2012 e vencedor das três etapas da Copa do Mundo de 2015, o ginasta Arthur Zanetti segue soberano nas argolas
- Data: 09/05/2015 08:05
- Alterado: 09/05/2015 08:05
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Jogos Cariocas
Os 25 anos de vida que o paulista Arthur Zanetti festeja nessa quinta-feira, dia 16 de abril, são cheios de feitos para comemorar. O atleta da Sociedade Esportiva Recreativa e Cultural Santa Maria, de São Caetano, foi medalhista de ouro na modalidade de argolas nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. E tornou-se o único brasileiro e o primeiro latino-americano a conquistar uma medalha olímpica de ouro em qualquer das categorias da Ginástica Olímpica. “Me classifiquei para as Olimpíadas de 2012 graças a uma medalha de prata conquistada no Mundial do Japão, em 2011. Foi tão surpreendente que nem eu e nem ninguém esperava que eu chegasse ao pódio. Aquele foi o meu momento mais emocionante, dentro do esporte”, relembra o atleta de 1,56 m, 63 kg e braços excepcionalmente musculosos.
Se, há quatro anos, surpreendeu a si mesmo e ao mundo, agora a situação é inversa – o brasileiro é “o homem a ser batido” nas argolas e um dos grandes favoritos para as Olimpíadas de 2016. Enquanto os Jogos do Rio não chegam, 2015 começou animado: Zanetti já levou as medalhas de ouro nas argolas nas etapas da Copa de Mundo de Ginástica de Cottbus, na Alemanha, e de Doha, no Catar. Na etapa disputada em São Paulo, de 1º a 3 de maio, manteve sua performance e garantiu o ouro. Já a cobiçada vaga para os jogos do Rio em 2016 será decidida no Mundial de Glasgow, na Escócia, em outubro. “Esse é o objetivo prioritário do ano. O Pan de Toronto, no Canadá, em julho, será uma competição preparatória”, explica.
Jogos Cariocas – Você tem patrocínios da Caixa Econômica Federal, Furnas e Adidas, além da Bolsa Atleta do Ministério do Esporte e outros apoios. Até pelos seus grandes resultados, tornou-se um dos atletas olímpicos mais bem patrocinados do país. Como vê o atual processo de profissionalização do esporte olímpico no Brasil?
Arthur Zanetti – Está havendo um incentivo muito grande pelo fato de termos as Olimpíadas de 2016 “em casa”. Muitas empresas estão destinando mais atenção e mais verbas aos esportes olímpicos. Além disso, o Governo brasiliero tem investido na infra-estrutura do esporte e construído novos ginásios. O Plano Brasil Medalhas 2016, do Ministério do Esporte, quer colocar o Brasil entre os dez primeiros países nos Jogos Olímpicos e também formar novas gerações de atletas.
Jogos Cariocas – Como foi o seu começo na ginástica?
Arthur Zanetti – Pratico desde os sete anos. Comecei fazendo futebol e ginástica, mas chegou uma hora em que tive de optar por um ou outro. Optei pela ginástica por gostar mais e porque no futebol eu era ruim… Era um cara bem agitado. Com a ginástica, a concentração aumentou e a disciplina também. Me tornei mais calmo, aprendi a ter mais foco e a respeitar os adversários… Tudo isso a ginástica me ensinou. Contribuiu muito para a minha formação.
Jogos Cariocas – Como é a sua rotina de treinos?
Arthur Zanetti – Acordo de manhã, vou para o ginásio, treino, volto, almoço, dou uma descansada… Antes eu fazia a faculdade de Educação Física, mas tive que trancar para poder me dedicar integralmente aos treinos. Então, agora tenho mais treinos na parte da tarde. Dá uma média de sete horas diárias de treinamentos. O bom é que, na ginástica, cada dia é um dia diferente. Tenho de fazer novos exercícios, novos elementos… A parte chata é a volta das férias. Doi tudo, porque você chega meio fora de forma e o nível de exigência física é muito grande.
Jogos Cariocas – De vez em quando não acontece de, durante um treinamento, surgir uma apresentação perfeita, daquelas das quais não daria para tirar um único décimo, e só tem o técnico olhando?
Arthur Zanetti – (Risos) Isso acontece sim. E bastante… Às vezes eu estou num treinamento e consigo atingir uma performance realmente excepcional. Aí eu olho e o técnico está aplaudindo sozinho no ginásio… Faz parte. O jeito é tentar conseguir o máximo de novo, na hora da competição.
Jogos Cariocas – Como é sua parceria com o técnico Marcos Goto?
Arthur Zanetti – Já treino com o Marcos há 17 anos, desde os meus sete anos. Ele é bastante exigente. Mas isso é bom, porque ele tenta tirar o máximo de você durante os treinos, o que acaba surtindo efeito dentro da competição. É uma boa pessoa, um cara bom de trabalhar, e entende bastante de ginástica. Dentro do ginásio, ele pode parecer exigente demais, mas o trabalho dele dá resultado. Ainda não estou classificado para as Olimpíadas de 2016 e nós dois estamos totalmente focados no Mundial de Glasgow, em outubro, onde irei disputar a vaga olímpica.