Sustentável leveza

“Quero ser o primeiro medalhista olímpico de ouro do taekwondo brasileiro. Alcançar esse objetivo dentro de casa, ouvindo tocar o hino nacional no alto do pódio, seria a realização de um sonho”. É assim, de maneira direta e objetiva, que o lutador Guilherme Dias sintetiza seu projeto de vida. Aos 22 anos, o jovem nascido em Tabatinga, no Distrito Federal, trancou a faculdade de Educação Física para se dedicar intensivamente aos treinamentos, visando as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Medalha de Bronze no Mundial de 2013 em Puebla, no México, Guilherme é o melhor lutador de taekwondo do Brasil no ranking mundial. Em sua categoria, de atletas com até 58 kg, atualmente é o décimo do ranking mundial olímpico. Entre os lutadores do Peso Mosca masculino, seus 1,84 m de altura lhe conferem uma vantagem competitiva interessante.

Além do salário da seleção brasileira de taekwondo, Guilherme também recebe o Bolsa Pódio, do Ministério do Esporte. No ano passado, ingressou na Marinha do Brasil, através de edital para atletas – passou por um treinamento militar intensivo e atualmente é terceiro sargento. Para ajudar a promover a sua imagem e criar uma nova fonte de renda, mantém um site na internet, onde são comercializados online equipamentos para a prática do taekwondo. “Futuramente, tenho de voltar para a faculdade e me formar em Educação Física, porque quero abrir minha academia. Pretendo continuar nessa área do taekwondo”, avisa Guilherme, que gosta de pisar mais forte com o pé direito no tatame no início da luta.

Jogos Cariocas – Como se aproximou do taekwondo?
Guilherme Dias – Entrei no taekwondo por indicação médica. Pratico desde os cinco anos. Até tentaram me colocar antes mas o Mestre não aceitou. Eu era hiperativo, acho que ainda sou, e como tinha uma academia de taekwondo perto da minha casa então minha mãe e minha tia me colocaram para treinar. No começo, ainda jogava futebol de salão e fazia taekwondo. Mas o taekwondo me levava para mais viagens, então decidi optar por ele. Mas só percebi que poderia ser um atleta de ponta aos 17 anos, quando ganhei o ouro no Pan-Americano juvenil, em El Salvador.

Jogos Cariocas – Quais são seus pontos fortes no taekwondo? E como a pratica do esporte influiu no seu jeito de ser?
Guilherme Dias – A minha altura ajuda bastante. Raciocínio e tática são pontos fortes, mas acho que tudo pode ser aprimorado. O taekwondo ajuda bastante na parte disciplinar, respeito ao próximo, parte mental, etc. Além de ter muitos outros pontos positivos.

Jogos Cariocas – Como é a sua rotina no taekwondo?
Guilherme Dias – O mais legal do taekwondo é a pratica da luta em si, sem cobranças! E a parte mais chata é ter de treinar e treinar. Treino duas a três vezes por dia, e o ritmo dos treinos depende do período da preparação.

Jogos Cariocas – Quais foram seus momentos mais emocionantes, dentro do esporte?
Guilherme Dias – Acho que a medalha de bronze no Mundial de 2013, no México, foi o momento mais importante na minha carreira. Mas o ouro no Pan-Americano juvenil de 2009, em El Salvador, o ouro no Pan-Americano adulto de 2012, na Bolívia, e a prata no Gran Prix da China, em 2014, também foram bastante emocionantes.

Jogos Cariocas – Como estão suas chances de estar nas Olimpíadas de 2016?
Guilherme Dias –  Tenho que estar entre os seis primeiros do ranking olímpico na minha categoria para ir direto, sem depender dos torneios seletivos. Hoje, sou o décimo do ranking. Então estou bem próximo, mas ainda preciso trabalhar muito. Espero estar lá e poder ser campeão olímpico. Ganhar uma medalha de ouro olímpica no Brasil é o grande sonho do atleta brasileiro.

Jogos Cariocas – Competir em casa pode representar uma vantagem para os lutadores brasileiros?
Guilherme Dias – Com certeza, lutar motivado pela torcida só acrescenta na vontade de ganhar e ser campeão. Não tenho acompanhado como está sendo feita a organização do evento no Rio de Janeiro, mas acredito que tudo estará perfeito.