Sem olhar para trás
Esperança do Remo brasileiro, Fabiana Beltrame troca de clube para pegar embalo até 2016
- Data: 02/03/2015 09:03
- Alterado: 02/03/2015 09:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Jogos Cariocas
Em fevereiro, Fabiana Beltrame protagonizou uma notícia que agitou o Remo carioca – além de render manchetes em todo o Brasil e até no jornal italiano “Gazzetta dello Sport”. Depois de cinco anos no Flamengo, deixou o clube e voltou para o arquirrival Vasco da Gama, de onde havia saído em 2009 para ir para a equipe rubro-negra. “Saí do Vasco porque o clube resolveu dar menos atenção ao Remo. Na época, o Flamengo oferecia condições melhores. Agora, com a volta do presidente Eurico Miranda ao Vasco, o Remo vascaíno volta a ter a atenção que merece. Eurico gosta do esporte, sabe os nomes dos remadores e comparece às regatas”, explica Fabiana.
Com o retorno ao Vasco, Fabiana se prepara para disputar pela quarta vez as Olimpíadas, dessa vez “em casa”. As provas de Remo dos Jogos Rio 2016 serão disputadas na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde ela rema há 10 anos, desde que deixou sua Florianópolis natal para ir o para o Vasco. “O fato de treinarmos todos os dias na raia onde vamos competir nos dá uma certa vantagem, porque a Lagoa Rodrigo de Freitas é diferente de qualquer raia do mundo. Ela é bem difícil, por causa do vento e da marola muito particular”, comemora Fabiana, que ainda busca uma parceira para competir no double skiff peso leve – o single skiff peso leve, onde ela já foi campeã mundial em 2011, não é disputado nas Olimpíadas. “Tenho que aguardar a seletiva nacional e as próximas competições, para ver como estão as outras meninas peso leve”, conforma-se a remadora de 32 anos. Casada com o remador rubro-negro Gibran Vieira da Cunha e mãe de Alice, de 4 anos, Fabiana sonha com um “desfecho dourado” para sua carreira no ano que vem.
JOGOS CARIOCAS – Como o Remo surgiu na sua vida?
Fabiana – Comecei a remar aos 15, em 1997, no Clube Náutico Francisco Martinelli, em Florianópolis. Sempre gostei de praticar esportes. Na época, eu e uma amiga minha passeávamos pela Beira Mar, onde o pessoal treina em Floripa, e decidimos experimentar esse esporte diferente. Logo nos apaixonamos. Desde o meu primeiro Troféu Brasil, em 1999, quando venci duas provas, percebi que queria treinar sério para poder um dia representar o Brasil nas competições. Mas, quando comecei, não imaginava que poderia conquistar o que conquistei.
JOGOS CARIOCAS – Como o remo influiu no seu jeito de ser?
Fabiana – Influenciou totalmente. Acho que os atletas de cada esporte têm um jeito diferenciado, na maneira de andar, no jeito de falar, etc. No meu caso, não foi diferente. São 18 anos convivendo com remadores. Remar tem muitas coisas legais, como ver o amanhecer de dentro da Lagoa Rodrigo de Freitas. Cada dia é um espetáculo diferente. Vejo a cidade de um ângulo que poucas pessoas têm a chance de ver. O Remo é maravilhoso, por que além de mexer todo o corpo, é praticado ao ar livre. A superação dos limites, a cada treino e nas competições, também é desafiadora.
JOGOS CARIOCAS – Como é a sua rotina, num dia comum?
Fabiana – Acordo às 5 horas da manhã, tomo café da manhã, pra treinar às 6 horas. Normalmente esse treino é na água e dura em torno de duas horas. Saio da água, tem um intervalo para o próximo treino da manhã, que pode ser outro treino na água, ou no ergômetro, que é o aparelho que simula o movimento do remo. Dura em torno de uma hora. Após esse treino, vou pra casa, almoço e descanso para o treino da tarde, que pode ser musculação, água ou ergômetro, que dura em torno de duas horas. Depois vou pra casa, comer e dormir, para começar tudo de novo no dia seguinte. Como sou da categoria peso leve, tenho que estar sempre de olho na balança…
JOGOS CARIOCAS – Quais foram seus momentos mais emocionantes, dentro do esporte?
Fabiana – Sem dúvida, o mais emocionante foi a conquista do Campeonato Mundial de 2011 em Bled, na Eslovênia. Foi tudo perfeito, o lugar era maravilhoso, eu não esperava vencer e minha família estava comigo. Foi um título histórico para o esporte do Brasil. Mas todas as minhas medalhas, principalmente as internacionais, têm um gosto especial. A minha primeira medalha em Copa do Mundo, um bronze em 2010 em Lucerna, e um ouro na Copa do Mundo de Hamburgo, em 2011, também foram marcantes. A inédita medalha de prata no Remo feminino em Pan-Americanos, nos Jogos de Guadalajara em 2011, e a de ouro na etapa de Lucerna da Copa do Mundo de 2013, são meus principais resultados.
JOGOS CARIOCAS – O que espera das próximas Olimpíadas de 2016?
Fabiana – Os Jogos de 2016 são meu maior objetivo. Pretendo fechar minha carreira com chave de ouro com um grande resultado aqui no Brasil, então sonho constantemente com isso. Todo o treinamento que tiver daqui até lá será visando a melhor performance nas Olimpíadas do Rio.