Para voar alto
Primeira no ranking mundial feminino do Salto com Vara, Fabiana Murer pega embalo para as Olimpíadas do Rio
- Data: 02/02/2015 11:02
- Alterado: 02/02/2015 11:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Jogos Cariocas
O Estádio Olímpico João Havelange – mais conhecido como “Engenhão” – traz boas lembranças a Fabiana Murer. No local onde serão as competições de atletismo nas Olimpíadas de 2016, Fabiana já viveu momentos de glória em 2007. Nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, ultrapassou o sarrafo a 4,60 metros de altura e levou a medalha de ouro no Salto com Vara. “É um estádio em que gosto de competir. Claro que a pista tem de ser refeita na reforma para poder comportar uma competição olímpica, mas é um bom lugar para saltar. Estou bem animada para saltar lá nas Olimpíadas”, avisa Fabiana.
No ano passado, na Etapa de Nova York da competição Diamond League de 2014, promovida pela Associação Internacional de Federações de Atletismo – IAAF –, Fabiana conseguiu ultrapassar o sarrafo a 4,80 metros – 20 cm acima do resultado do Pan de 2007. O salto lhe valeu o o troféu Diamond League de melhor de 2014 no Salto com Vara feminino – um bicampeonato, já que havia recebido o mesmo prêmio em 2010. Além disso, ela terminou o ano como a primeira no ranking mundial da categoria, dona dos três melhores resultados de 2014 – 4,80 m em Nova York, 4,76 m em Mônaco e 4,72 m em Zurique. Agora, treina duro na expectativa de voltar ao João Havelange em 2016. “Gosto de competir com torcida, acho importante ter o pessoal torcendo a favor. É lógico que existe uma pressão a mais, mas ao mesmo tempo o público empurra, ajuda a saltar mais alto. A maioria dos atletas cresce com essa torcida a favor”, empolga-se Fabiana.
JOGOS CARIOCAS – Como se aproximou do atletismo e, especificamente, do salto com vara?
Fabiana – Comecei no esporte fazendo ginástica artística, mas cresci muito… Estava me sentindo muito alta e comecei a ver que não teria muito futuro na ginástica… Aí fui fazer um teste de atletismo em Campinas – estavam montando uma escolinha de atletismo lá. Fui bem e o Elson Miranda, que é o meu técnico ainda hoje, me selecionou para fazer salto com vara. Por causa da ginástica artística, eu tinha força nos braços, noção espacial – estava acostumada a ficar de ponta cabeça – e isso me ajudou a ir direto para essa modalidade de salto. No início, eu treinava pouco e meus resultados não eram tão significativos. Mas, à medida em que comecei a treinar mais, após um ano, fiz o índice para ir ao Mundial Juvenil e comecei a ver que levava jeito para o salto com vara. Passei a me dedicar cem por cento e os resultados foram aparecendo.
JOGOS CARIOCAS – O que é mais legal de ser uma atleta? E qual é a parte chata?
Fabiana – Acho que as viagens são muito legais e sentir a adrenalina da competição, apesar de estressante e cansativo, também é bom. Não enxergo partes chatas no que eu faço. É cansativo treinar todos os dias – às vezes eu levanto da cama e percebo que estou toda dolorida –, mas não acho isso chato. É uma progressão dos treinos e dos meus resultados depois.
JOGOS CARIOCAS – Como é seu ritmo de treinamentos?
Fabiana – Quando é um período que não tenho competições, chego a treinar seis horas por dia, três de manhã e três de tarde… Levanto, tomo café, vou para o treino, volto, almoço, descanso e volto para os treinos de novo, volto para casa, janto e vou dormir. No dia seguinte começa tudo de novo. É bem pesado esse período de treinos fortes, mas conforme as competições se aproximam essas horas de treinos começam a diminuir para quatro ou três horas – faço mais velocidade. Em período competitivo, treino duas ou três horas diárias e são vários os dias de repouso para chegar bem descansada, pronta para competir.
JOGOS CARIOCAS – Qual foram seus momentos mais emocionantes no esporte?
Fabiana – O primeiro deles foi quando eu bati o recorde sul-americano pela primeira vez, superando a marca que era de uma argentina – em Belém, no Pará. Essa marca que eu fiz lá, de 4,55 m, me deu oportunidade de poder competir fora do Brasil, de fazer parte do circuito internacional. E os outros dois foram quando eu fui campeã mundial em pista coberta em Doha, em 2010, e campeã mundial em pista aberta em Daegu, em 2011 – com 4,85 m. Esses dois títulos mundiais são os mais importantes que eu tenho.
JOGOS CARIOCAS – Como avalia que está a organização das Olimpíadas do Rio?
Fabiana – Eu leio e vejo que algumas obras estão atrasadas, mas a gente tem um tempo até os Jogos Olímpicos. O Pan-Americano foi uma competição boa. Mesmo sendo bem menor que as Olimpíadas, é uma experiência que o Rio já teve. Acredito que na Olimpíada vai ser da mesma forma. No final vai dar tudo certo e vai ser uma grande festa.