Teste do Renault Kwid Intense – Nem tanto, nem tão pouco

Versão intermediária Intense equilibra as virtudes e carências do recentemente renovado Renault Kwid

  • Data: 11/05/2022 08:05
  • Alterado: 11/05/2022 08:05
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix
Teste do Renault Kwid Intense – Nem tanto, nem tão pouco

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Quando foi lançado no Brasil, em agosto de 2017, o Kwid partia de R$ 29.990 na versão básica Life, valor que fez dele o carro mais barato do Brasil. Rapidamente, superou o hatch compacto Sandero e tornou-se o Renault mais vendido do país. De quebra, também se posicionou entre os dez carros mais emplacados do mercado nacional – com as 67.233 unidades emplacadas em 2018 (5.610 por mês), terminou como o sétimo mais vendido. Contudo, com o passar dos anos, o subcompacto foi perdendo o ar de novidade e, junto dele, o protagonismo junto ao consumidor brasileiro. Em 2021, o Kwid manteve a posição de Renault mais vendido, mas com os 52.922 emplacamentos obtidos no ano – 4.410 por mês –, ocupou apenas a décima terceira posição ranking. Para tentar voltar ao “top 10”, o lançamento da linha 2023 do Kwid foi antecipada para o final de janeiro, dentro do padrão do modelo indiano, reestilizado em 2019. Contudo, até o final de abril, o Kwid totalizou 14.976 vendas, com 3.719 emplacamentos mensais. Como o mercado automotivo brasileiro apresentou uma queda generalizada este ano e a falta de componentes atrapalhou a produção de muitos modelos, o Kwid ficou na décima terceira posição no ranking. Agora, os preços partem de R$ 62.790 na versão básica Zen, passam por R$ 66.490 na Intense – que pode custar mais R$ 2.500 com teto preto e rodas de liga leve – e atingem R$ 69.990 na “top” Ousider. Na briga para ser o automóvel mais barato – ou o menos caro – do Brasil, o adversário do Kwid é o Fiat Mobi, oferecido por R$ 62.690 na versão Like a R$ 65.690 na Trekking. Em uma disputa na qual os preços definem a decisão de compra, a versão Intense parece ser a mais bem resolvida do Kwid. Pelo menos, é a mais procurada nas concessionárias.

Lançado em 2015 na Índia, o Kwid começou a ser fabricado em São José dos Pinhais (PR) em 2017. Com os mesmos 3,68 metros de comprimento, 1,58 metro de largura, 1,48 metro de altura e 2,42 metros de distância de entre-eixos da época do lançamento, o subcompacto apresentou a linha 2023 disposto a enfatizar o “espírito SUV” do modelo – apresentado com o slogan “o SUV dos compactos”. A altura em relação ao solo continua sendo de 18,5 centímetros, com ângulos de entrada de 24,1 graus e de saída de 41,7 graus, o porta-malas foi mantido com seus exíguos 290 litros. O conjunto de iluminação passou a ser em dois blocos, com a adição de luz de rodagem diurna em leds na parte superior – na inferior, ficam agrupados os fachos alto, baixo e os indicadores de mudança de direção, todos halógenos. A dianteira ficou mais agressiva com o novo para-choque, grade frontal esculpida ligeiramente mais larga e com elementos cromados na régua superior, com a parte inferior do para-choque na cor preta. Na traseira, as novidades são o para-choque e as lanternas em leds. No interior, o painel de instrumentos ganhou mostradores em leds e o console central tem detalhes na cor preta brilhante nas saídas de ar e na moldura do novo sistema multimídia Media Evolution. Na versão Intense, as rodas de 14 polegadas usam calotas, que dão a impressão de serem de liga leve.

Sob o capô, foi mantido o motor 1.0 SCe (Smart Control Efficiency), com três cilindros, 12 válvulas, duplo comando de válvulas e bloco em alumínio. Ele foi recalibrado e entrega uma potência de 71 cavalos com etanol e 68 cavalos com gasolina – ganhou um e dois cavalos adicionais, respectivamente. O torque foi praticamente mantido: dez kgfm com etanol (0,2 kgfm extras) e os mesmos 9,4 kgfm com gasolina. O Kwid sempre trouxe quatro airbags (dois frontais e dois laterais) em todas as versões. Na linha 2023, incorporou controle eletrônico de estabilidade, assistente de partida em rampa e aviso de cintos de segurança não afivelados para todos os ocupantes do banco traseiro. Segundo o Inmetro, com etanol, o Kwid registra 10,8 km/l na cidade com etanol e 15,3 km/l com gasolina. Na estrada, os índices são de 11 km/l (etanol) e 15,7 km/l (gasolina). O sistema Start&Stop, que desliga o automóvel automaticamente em semáforos ou em outras paradas prolongadas, proporciona uma economia de até 5% de combustível no trânsito urbano, de acordo com a Renault. Outras tecnologias aliadas ao consumo de combustível foram a adoção dos sistemas ESM (Energy Smart Management) de regeneração de energia e de monitoramento da pressão dos pneus (TPMS) – que, por sinal, são de baixa resistência de rolagem, para reduzir ainda mais o consumo.

O “recheio” da versão Intense parece ser o que melhor se justifica na linha Kwid. Aos itens disponíveis desde a básica Zen – indicador de temperatura externa, computador de bordo, tacômetro, direção elétrica, ar-condicionado, Rádio Continental 2DIN (Bluetooth, USB, AUX) com dois alto-falantes, travas elétricas das portas e vidros dianteiros elétricos –, a Intense acrescenta maçanetas externas na cor da carroceria, retrovisores em preto brilhante, calotas Wheel de 14 polegadas, espelhos elétricos, chave tipo canivete, câmera de ré, Media Evolution com tela de 8 polegadas, comando satélite de áudio e lanternas com assinatura em leds. Em relação à topo de linha Outsider, a Intense deixa de receber as barras de teto, molduras de proteção lateral, os skis frontais e traseiros, bancos com detalhes na cor Verde Citron, rodas de liga leve diamantadas de 14 polegadas e o teto biton.

EXPERIÊNCIA A BORDO
Ausências e presenças
Desde o início, o Kwid chamou a atenção por seu estilo despojado. E a linha 2023 preserva o padrão. O subcompacto continua a não oferecer regulagens de altura e distância para o volante e de ajuste de altura para o banco do motorista, espelho no para-sol do condutor e sensores de estacionamento. Também não há vidros elétricos para os ocupantes traseiros. Há coisas que até estão presentes, mas em lugares incomuns – como os ajustes dos vidros dianteiros (ficam abaixo da tela do multimídia, em um posicionamento pouco intuitivo) e os pinos das portas são bem salientes, como nos carros antigos. No banco traseiro, pessoas de alta estatura não viajam confortavelmente e o espaço é pequeno para mais de dois adultos – um quinto passageiro causaria incômodo generalizado. Com apenas dois alto-falantes, a qualidade do som não é das melhores.

Porém, o pequeno Renault na versão Intense traz alguns aprimoramentos. O acabamento da cabine segue totalmente em plástico, entretanto, detalhes em black piano buscam elevar a percepção de qualidade. A nova central multimídia tem uma tela de 8 polegadas, capacitiva e com interface simples e intuitiva. Oferece espelhamento para celulares com Android Auto e Apple CarPlay, permitindo usar aplicativos como Spotify, Waze e Whatsapp. Também no multimídia é disponibilizado o Driving Eco2, que detecta o modo de condução do motorista e fornece dicas para poupar combustível. O ar-condicionado eficiente e a boa visibilidade habituais do Kwid foram preservadas.

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Criaturinha da cidade
Com apenas 3,68 metros de comprimento e 820 quilos de peso em ordem de marcha, o Kwid é um carro ágil no trânsito das grandes cidades. Arranca rápido e oferece um comportamento esperto. Na linha 2023, até evoluiu nesse aspecto. Segundo a Renault, a aceleração de zero a 100 km/h com etanol passou de 14,7 segundos para 13,2 segundos. O nível de vibração produzido pelo propulsor de três cilindros parece ter sido reduzido em marcha lenta, com um funcionamento menos áspero. O isolamento acústico foi aprimorado, mas quando o motorista acelera, o ruído gerado do “powetrain” ainda invade a cabine. As relações curtas da transmissão favorecem as retomadas, contudo, os engates da alavanca são longos e pouco precisos. Os freios são a disco no eixo frontal e a tambor atrás e funcionam com precisão.

A calibração sutilmente mais rígida da suspensão, combinada aos bons ângulos de entrada e saída e elevado vão livre em relação ao solo, possibilita que valetas e lombadas sejam transpostas sem muito estresse. A direção eletricamente assistida é leve, mas poderia ser mais direta. Bom para manobrar nos engarrafamentos, o tamanho reduzido também facilita a tarefa de estacionar, mesmo em vagas subdimensionadas. A proposta do “carrinho” da Renault é ser um veículo urbano – e isso ele cumpre. Ficou ainda mais econômico com o Start&Stop e o ESM (Energy Smart Management), de regeneração de energia. O assistente de partidas em rampa e o controle de estabilidade elevaram o padrão de condução do Kwid 2023 nas cidades. Já no uso rodoviário, o modelo mais vendido da marca francesa não transmite uma sensação muito tranquilizadora em velocidades mais altas – o ruído e a trepidação ficam elevados. Para quem roda prioritariamente em ruas e avenidas, em tempos nos quais os compactos ultrapassam sem cerimônias os R$ 100 mil, o Kwid tem seus atrativos – especialmente no aspecto racional.

FICHA TÉCNICA
Renault Kwid Intense
Motor: três cilindros em linha 1.0, 12V, 999 cm3, flex
Potência: 71 cavalos com etanol e 68 cavalos com gasolina a 5.500 rpm
Torque: 10 kgfm com etanol e 9,4 kgfm com gasolina
Câmbio: manual, 5 marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson na dianteira e eixo de torção na traseira
Freios: disco sólido na dianteira e tambor na traseira
Tração: dianteira
Dimensões: 3,68 metros de comprimento, 1,58 metro de largura, 1,48 metro de altura e 2,42 metros de distância de entre-eixos
Pneus: 165/70 R14
Porta-malas: 290 litros
Tanque: 38 litros
Peso: 825 kg
Preço inicial da versão Intense: R$ 66.490

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