Torcida deixa Palmeiras “em casa” e pinta Abu Dhabi de verde e branco no Mundial
Palmeirenses foram maioria no Al Nahyan Stadium em Abu Dhabi
- Data: 09/02/2022 11:02
- Alterado: 09/02/2022 11:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Fabio Menotti / Palmeiras
O Palmeiras venceu o Al Ahly distante mais de 12 mil km do Allianz Parque, mas jogou como se estivesse em casa. Os palmeirenses foram maioria no Al Nahyan Stadium em Abu Dhabi em relação aos egípcios e pintaram de verde e branco o acanhado estádio na capital dos Emirados Árabes Unidos para empurrar a equipe rumo à final do Mundial de Clubes.
“Um estádio quase que todo verde nos trouxe paz e tranquilidade”, afirmou o goleiro Weverton sobre o palco do jogo, uma mistura de antigo Palestra Itália com Anacletto Campanella. “Esse calor que sentimos aqui hoje não tivemos ano passado. Fez diferença”.
A Fifa não divulga o público presente nas arquibancadas, mas a reportagem notou que havia predominância de palmeirenses no palco da partida, vencida por 2 a 0 pelo time de Abel Ferreira. Havia uma proporção de 65% a 35%, aproximadamente. Os egípcios também cantaram alto, mas, em minoria, seus cânticos foram abafados. E reduziram o volume à medida que o tempo passava e a classificação do time brasileiro ficava perto de ser confirmada
“Foi espetacular estar no banco e ver tudo de verde no lado contrário. Parecia que estava no Allianz Parque”, sublinhou o técnico Abel Ferreira, impressionado com o que viu. Ele disse que hoje “a Europa e o mundo sabem da grandeza do Palmeiras”.
Os palmeirenses venceram nas arquibancadas os egípcios porque vieram de toda a parte do mundo. Havia gente do Brasil, claro, da Europa e Ásia. Os consulados do clube no exterior tiveram papel importante nessa presença maciça dos fãs em Abu Dhabi, ofuscando a festa dos torcedores do Al Ahly, equipe que tem, segundo estimativas, entre 40 e 60 milhões de torcedores.
Foi possível notar que haveria superioridade numérica de palmeirenses nas arquibancadas desde antes da partida, nas imediações do Al Nahyan, que fica colado em um shopping, tal qual a arena do Palmeiras em São Paulo, e em frente a uma estação de ônibus. Nesse grupo estava o empresário Raffael Clemente, 31 anos.
Ele segurava uma bandeira estampada com o rosto de seu pai. Foi um jeito de fazer uma homenagem póstuma ao pai, palmeirense e vida em “em morte”, frisa o torcedor. “Meu pai faleceu vítima de enfarte na minha frente. A realização de um sonho seria ele estar aqui. Deve estar muito feliz e arrepiado aonde quer que esteja”.
Os torcedores cantaram as músicas da equipe horas antes de a bola rolar. Mas as aglomerações logo foram dispersas pelos organizadores do evento. Um deles subiu em uma mureta e, com um megafone, tratou de expulsar os palmeirenses de frente de um dos portões do estádio. Cabe explicar. Em Abu Dhabi, não se tolera barulho e gritaria em espaços públicos. Muito menos bebida alcoólica, cuja ingestão é proibida em lugares não autorizados e passível de multa.
Fez a diferença a favor dos palmeirenses o fato de a Mancha Alviverde, principal organizada ligada ao clube, ter ido ao estádio com instrumentos e faixas a fim de tornar a festa parecida com a que fazem em dias de jogos no Allianz Parque. Em Montevidéu, mesmo em menor número em relação aos rubro-negros, os palmeirenses conseguiram se sobressair principalmente em razão da presença da uniformizada, acostumada à cultura da arquibancada.
“Teve membro da organizada que deixou de trazer roupa na mala para trazer as faixas e instrumentos para fazer uma festa legal”, conta Daveson Marques, membro da sub-sede da Mancha Alviverde em Portugal. O torcedor mora em Setúbal e disse ter conseguido ir a Abu Dhabi porque, da Europa aos país árabe há voos com preços acessíveis, de cerca de 380 euros (R$ 2.200). Do Brasil, os voos com destino aos Emirados Árabes partem de R$ 5 mil, mas subiram com o Mundial.
“Viemos em seis. Um teve problema ao testar positivo para covid e não veio”, diz João Marcelo, outro integrante da uniformizada que mora em Portugal. Os dois e os amigos chegaram ao país no dia do jogo. Passaram por problemas quanto a mudanças nos protocolos sanitários. Nada que abala a confiança para a final do Mundial. “Vamos ser campeões”, acredita João.