20 filmes para assistir no “Mês da Consciência Negra”
A ideia era fazer uma lista de filmes para comemorar o “Dia da Consciência Negra”. No meio da pesquisa descobri que a lista só tinha filmes americanos, todos muito bons, mas que nada tem a ver com a nossa realidade. OK, opressão é igual no todo mundo, mas a só de imaginar que nos 517 […]
- Data: 22/11/2017 18:11
- Alterado: 22/08/2023 21:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Lilian Trigo
Crédito:
A ideia era fazer uma lista de filmes para comemorar o “Dia da Consciência Negra”. No meio da pesquisa descobri que a lista só tinha filmes americanos, todos muito bons, mas que nada tem a ver com a nossa realidade. OK, opressão é igual no todo mundo, mas a só de imaginar que nos 517 anos da nossa história, a escravidão durou 350 anos, já justifica uma lista 100% brasileira.
Aqui estão reunidos curtas, longas e documentários, dos anos 60 até os dias atuais. Alguns contam as histórias de personagens representativos na luta pela liberdade, outros falam sobre preconceito e a aceitação das raízes africanas. Em momentos como os que vivemos atualmente, em que o racismo parece estar ganhando força – com manifestações de ódio pela internet e até comentários preconceituosos de âncora de telejornal – a única arma possível é a informação.
Todos os filmes da lista estão disponíveis através de links (é só clicar no nome). Os outros podem ser encontrados na Netflix. Divirta-se!
1- Ganga Zumba (Carlos Diegues – 1964)
Primeiro dos filmes de Cacá Diegues que aborda o tema da escravidão – os outros dois são Xica da Silva e Quilombo – Ganga Zumba é baseado no livro homônimo de João Felício dos Santos. No século XVII, na Capitania de Pernambuco, após a fuga de escravos do engenho de cana-de-açúcar, é criado o Quilombo de Palmares, situado na região montanhosa da Serra da Barriga. Em pouco tempo, Ganga Zumba torna-se o líder da comunidade e comanda seu povo nos ataques frequentes sofridos pelo quilombo. Destaque para a participação pra lá de especial do mestre Cartola.
2- Quilombo (Carlos Diegues – 1986)
Cacá Diegues volta ao tema para contar a história de Zumbi dos Palmares. O personagem principal, interpretado por Antônio Pompêo, herdeiro e afilhado de Ganga Zumba, contesta o acordo de paz assinado pelo tio, e encabeça a resistência contra a opressão dos portugueses enfrentando o maior exército jamais visto na história colonial brasileira. Zumbi é considerado um dos maiores líderes da nossa história e o “Dia da Consciência Negra” é comemorado, em alguns estados brasileiros, em 20 de novembro, data da sua morte.
3- Atlântico Negro – Na Rota dos Orixás (Renato Barbieri – 1998)
O primeiro filme da série “Atlântico Negro”, relata a importância da influência africana na vida brasileira. Usando a religião como tema principal, o filme mostra as ligações das raízes da cultura jêje-nagô nos mais antigos terreiros da Bahia, do Maranhão e de Pernambuco com as cidades de Aboney e Ouidá, no Benin. O ciclo se completa com os relatos emocionante dos Agudás, descendentes de mercadores de escravos e escravos alforriados no Brasil, que fizeram a viagem de volta, levando elementos brasileiros que agora fazem parte da vida da sua comunidade.
4- Cruz e Sousa – O Poeta do Desterro– O Poeta do Desterro (Sylvio Back – 1998)
A vida de João da Cruz e Sousa, um dos nomes mais representativos do simbolismo brasileiro. Como parte das comemorações do centenário do poeta catarinense, Sylvio Bach retrata a obra, as paixões e a tragédia através de 34 estrofes visuais.
5 – Abolição (Zózimo Bulbul – 1998)
Este documentário, produzido na época do centenário da assinatura da Lei Áurea, reflete sobre o que mudou na vida dos negros no Brasil desde então. O ator Zózimo Bulbul, em sua estreia na direção, reúne depoimentos de importantes personalidades como Grande Otelo, Dom Elder Câmara, Gilberto Freire, e também presidiários, artistas e pessoas que vivem às margens da sociedade.
6 – A Negação do Brasil (Joel Zito Araújo – 2000)
Um panorama da representatividade do negro na teledramaturgia brasileira. Partindo das lembranças do próprio diretor, que recorda a repercussão causada por Mamãe Dolores, de “O Direito de Nascer”, primeira personagem negra a fazer sucesso na TV brasileira. A promessa de maior protagonismo para personagens negros nunca se realizou, relegando atores como Ruth de Souza, Milton Gonçalves, Zezé Motta, Nelson Xavier, Léa Garcia, entre outros, à representação estereotipada como escravos, empregados domésticos, jagunços e porteiros.
7- Madame Satã (Karim Aïnouz – 2002)
A história de João Francisco dos Santos, lendário personagem da boemia carioca, nos anos 30 e 40, magistralmente interpretado por Lázaro Ramos em sua estreia no cinema. Depois de passar 10 anos na prisão acusado de assassinato, João – negro, pobre, marginal, violento e homossexual – transforma-se em Madame Satã, figura emblemática da noite do bairro da Lapa. Uma vida tão rica em elementos quanto trágica.
8- Quanto Vale ou é por Quilo? (Sérgio Bianchi – 2005)
O cineasta Sérgio Bianchi leva para o cinema sua adaptação do conto de Machado de Assis, “Pai contra Mãe”, de Machado de Assis, traçando um paralelo entre a escravidão do século XVIII e a exploração da miséria pelo Terceiro Setor nos dias atuais.
9 – Besouro (João Daniel Tikhomiroff – 2009)
Baseado no livro sobre um capoeirista famoso no Recôncavo Baiano, o filme marca a estreia no cinema do premiado publicitário João Daniel Tikhomiroff. Apesar da abolição da escravatura, nas lavouras de cana de açúcar, no interior da Bahia, os negros ainda são tratados como escravos e tem suas práticas religiosas reprimidas pelo dono do engenho. Nesse cenário, surge Manoel Henrique Pereira, conhecido como Besouro Mangangá, exímio capoeirista que se rebela contra a opressão. O filme está disponível na Netflix.
10- Aquém das Nuvens (Renata Martins – 2011)
A delicada história de amor de Seu Nenê e Dona Geralda, que vivem uma vida feliz por 30 anos, até o dia em que o destino decide separá-los. Uma fábula em que a vida e a morte são representadas de forma alegórica.
11- Abdias – Raça e Luta (Maria Maia – 2012)
Documentário sobre Abdias Nascimento, um dos nomes mais importantes do Movimento Negro no Brasil. Fundador do Teatro Experimental do Negro, companhia teatral responsável pela formação dos maiores atores negros do país, durante a ditadura militar ficou 10 anos no exílio. Na volta, dedicou-se à política, primeiro como deputado federal, depois como senador, e teve papel importante na redação da Constituição Federal de 1988.
12 – Dona Dalva – Uma Doutora do Samba (Lindiwe Aguiar – 2013)
Documentário sobre Dalva Damiana de Freitas, fundadora do Grupo de Samba Suerdieck e uma das responsáveis pelo reconhecimento do Samba de Roda como Patrimônio Imaterial do Brasil. Dona Dalva, como é conhecida, ganhou o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia.
13- O Dia de Jerusa (Viviane Ferreira – 2014)
Uma pesquisa de opinião sobre sabão em pó é o fio condutor dessa delicada história. No dia de seu aniversário, a solitária Jerusa recebe a pesquisadora e através das perguntas do questionário acaba contando suas memórias.
14- Kbela (Yasmin Thayná – 2015)
Qual é lugar da mulher negra na sociedade contemporânea? A partir dessa pergunta, a diretora Yasmin Thayná reflete sobre a identidade feminina, os padrões de beleza e a apropriação da herança africana como forma de resistência.
15 – Branco Sai, Preto Fica (Adirley Queirós – 2015)
O nome do filme vem de uma frase dita por policiais quando invadiram um baile de Black Music na periferia de Brasília nos anos 80. Os tiros disparados ferem dois homens, o DJ Marquim da Tropa, que fica paraplégico, e Chockito, que perde a perna no incidente. A eles se junta Dimas, personagem vindo do futuro para reunir provas sobre o acontecimento. O filme faz parte do catálogo da Netflix.
16 – As Minas Do Rap (Juliana Vicente – 2015)
Através de depoimentos de nomes de destaque, como Karol Conka, Mc Gra, Dj Vivian Marques, Mc Soffia, Negra Li e Sharylaine, este documentário conta a história ainda recente das mulheres do Rap.
17- Rapsódia para o Homem Negro (Gabriel Martins – 2015)
A história de dois irmãos, Odé e Luis, um procurando seu lugar no mundo e o outro envolvido na luta social. Com a morte de Luis durante uma ocupação, Odé é obrigado a buscar a vingança como única saída possível. Permeando toda a narrativa estão os orixás e vários elementos do candomblé.
18- Mundo Deserto de Almas Negras (Ruy Veridiano – 2016)
Uma sociedade em que o preconceito acontece ao contrário: os negros são a elite e os brancos estão à margem, sofrendo com a falta de oportunidades. Esta é a premissa desse filme, que mistura o clima de filme noir com elementos do tropicalismo. Primeiro trabalho do grupo criativo Heavybunker, formado na Faculdade Zumbi dos Palmares, no Rio de Janeiro.
19– Esconde-Esconde (Dom Felipe e Luciana Bolina – 2016)
Curta metragem de apenas 4 minutos, mas profundamente perturbador. Partindo da visão de um jogo infantil, o filme propõe uma reflexão sobre a violência policial contra o negro.
20- Menino 23: Infâncias Perdidas no Brasil (Belisario Franca – 2016)
No Estado Novo, 50 meninos negros foram levados para uma fazenda no interior de São Paulo para trabalhar como escravos. Vítimas de uma tentativa de “higienização” dos orfanatos, os meninos sofreram todo tipo de castigos físicos e emocionais.