16ª Águas de Iemanjá celebra cultura afrodescendente
Cerimônia reúne palestras e exposições artísticas que enfatizam a essência da orixá Iemanjá, entidade de matriz africana.
- Data: 07/02/2024 12:02
- Alterado: 07/02/2024 12:02
- Autor: Redação
- Fonte: PMD
Teo Lima
Crédito:Mauro Pedroso
Evento destaca a importância cultural da orixá Iemanjá por meio de quadros, artigos regionais, dança e palestras; exposições serão realizadas no Museu de Arte Popular e no Centro de Referência das Culturas dos Povos Tradicionais e Matrizes Africanas
Diadema realiza, no dia 7 de fevereiro, a 16ª Águas de Iemanjá, cerimônia que reúne palestras e exposições artísticas que enfatizam a essência da orixá Iemanjá, entidade de matriz africana. As atividades serão realizadas em parceria com o Museu de Arte Popular (MAP), Secretaria de Cultura, Fucabrad e Centro de Referência das Culturas dos Povos Tradicionais e Matrizes Africanas Pai Francelino de Shapanan.
A importância cultural é um tópico abordado do início ao fim das atrações. Os colaboradores da exposição de pinturas e artefatos “Iemanjá, Mar de União”, Vitor Amra e Teo Lima, de Diadema, pontuam a relação da etnia e cultura como um aspecto da apresentação. “Esse convite vindo do MAP representa um resgate significativo para mim. Gostaria de retratar Iemanjá com a pele e as feições do meu cotidiano negro, como uma forma de representatividade da etnia e cultura”, relata Teo Lima.
Com novas abordagens, o Grupo Cavalheiros Doçú apresenta a dança carimbó como parte da cultura, da luta e da resistência dos povos africanos. A diretora do conjunto musical, Cecília Mani, reflete sobre a simbologia dessa forma artística. “É uma dança da comunidade e símbolo de resistência. Sentimos a necessidade de preservar a memória do povo paraense carimbó. Basicamente, é a reflexão sobre a própria história”, afirma Cecília. “O Terreiro dos Cavalheiros de Doçu é o único a ensinar o Carimbó ligado às origens africanas e a se apresentar em centros culturais em Diadema”, complementa.
Além disso, Juliano Martins, integrante da tribo Mubangí, que interpreta cantigas que demonstram a fé na orixá Iemanjá, considera fatores históricos à comunidade religiosa e africana como parte da cultura. “A manifestação folclórica e cultural traz a história do negro que foi escravizado. Em alguns grupos de capoeira, serve como um resgate às raízes da dança”.
Uma das organizadoras do evento e assessora de museologia do MAP, Andreia Alcantara, enfatiza como a troca de informações fortalece o entendimento da cultura brasileira ligada à origem africana. “Realizar um evento que fala sobre a vinda dos povos africanos para o Brasil e manifestações culturais atuais das nações herdeiras de suas tradições, como exposições e louvores, faz com que tenhamos uma visão mais clara de como se dá nossa formação cultural”, explica. “Como a união dos povos nos ajuda a romper a barreira do preconceito instalada em nossa sociedade”, completa.
Confira a programação:
7 de fevereiro, a partir das 19h
Centro Cultural Diadema
Rua Graciosa, 300, Centro
Espaço Cândido Portinari
Cantiga de acolhimento
Tribo Mubangí
Puxada de rede Pescador de Xaréu
Tribo Mubangí
Coordenação: Luanda Ferreira Martins da Silva
Produção: Mestrando Juliano Martins
Teatro Clara Nunes
Palestra Tradições dos Povos de Matrizes Africanas
Acácio Sidinei Almeida Santos é docente da Universidade Federal do ABC (UFABC). Tem doutorado em Sociologia e pós-doutorado em Saúde Pública, ambos pela USP. Desde 1999 desenvolve pesquisa na Costa do Marfim, país do Oeste da África. Sua palestra vai trazer um panorama dos diversos grupos étnicos africanos vindos no período da escravidão e que hoje mantém suas características próprias e um caráter de união, representado pela figura de Iemanjá.
Louvação a Iemanjá na Umbanda
Tenda de Umbanda Caboclo Ubirajara e Esù Ventania – Pai Cássio Ribeiro
Louvação a Abê Manjá no Tambor de Mina
Bou Hou Mina Jeje/Nagô Vodum Toy Agadjá Doçu – Dáda Voduno Leonardo de Toy Doçu e Nochê Beth de Oyá
Casa das Mina de Thoya Jarina
Toy Voduno Márcio de Boço Jara
Louvação a Iemanjá na Nação Queto
Ilè Asè Alaketù Osùmàrè
Iyalorisà Mãe Célia de Bessem
EXPOSIÇÕES
Espaço Cândido Portinari
Visitação até: 1 de março de 2024
Exposição: Yemanjá, Mar de União
William Teodoro e Amra
William Teodoro e Amra se uniram para nos brindar com uma envolvente exposição em homenagem a Iemanjá, símbolo incontestável de união para a humanidade. A exposição conta com obras produzidas em conjunto e peças individuais especialmente produzidas a 16ª Festa de Águas de Iemanjá.
William Teodoro é Artista Visual, Arte Educador e Multiartista. Formado em Artes Visuais e design de interiores é representante de Artes Cênicas no Conselheiro de Cultura de Diadema e integrante de movimentos de promoção da igualdade racial.
Amra é multiartista preto e periférico da região de Diadema, busca entender e expressar formas humanas no seu cotidiano inconsciente da realidade, materializando sua arte no muralismo, escultura, pintura em tela e pirografia.
MAP – Museu de Arte Popular
Visitação até: 1 de março de 2024
Exposição: Yemanjá, Obras do Acervo
Por meio de pinturas e objetos tridimensionais do acervo do MAP que representam Iemanjá e orixás que a cercam, a exposição é um tributo à Senhora das Águas, uma celebração da união que ela representa entre a humanidade e os elementos primordiais.
24 de fevereiro, a partir das 14 horas
Centro de Referência das Culturas dos Povos Tradicionais e Matrizes Africanas Pai Francelino de Shapanan
Rua Marcos Azevedo, 240 – Vila Nogueira
Acolhimento
Exposição: Orixás e o Sagrado
Geni Santos
Na exposição ‘Orixás e o Sagrado’ Geni Santos explora o sincretismo nascido durante a escravidão, onde cada orixá se entrelaça com um santo católico. Sob a imposição do catolicismo aos negros, essa roupagem tornou-se a estratégia para preservar a vitalidade de seus deuses originais, revelando a complexidade e resistência espiritual dessas tradições
Geni Santos A artista se destaca por suas expressivas esculturas de orixás. Sua arte não apenas reflete sobre as religiões de matriz africana, explorando a riqueza visual das manifestações religiosas e o sincretismo como elementos essenciais de sobrevivência, mas também nos convida à reflexão sobre as mudanças e preservação dessas expressões culturais.
Visitação até 30 de abril de 2024
Explanação e Louvação a Iemanjá na Nação Queto
Ilê Axé Nochê Abê Manjá Orubarana
Bàbálorisá Nelson de Ty Yemanjá
Carimbó
Grupo Cavaleiros de Doçu, Direção Cecília Mani
O Grupo Cavaleiros de Doçu, sob a direção de Cecilia Mani, apresentará o Carimbó, um ritmo de dança indígena que se miscigenou ao receber influências, principalmente da cultura negra, e que ressurge nas últimas décadas como música regional e associada às festividades religiosas.