TSE vê ‘motivação política’ em ataques virtuais à Justiça Eleitoral
O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, disse nesta segunda-feira, 16, ver "motivação política" nas tentativas de ataques virtuais sofridos pela Justiça Eleitoral no domingo, 15
- Data: 17/11/2020 12:11
- Alterado: 17/11/2020 12:11
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Barroso
Crédito:Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ele apontou ação de “milícias digitais“, no dia de votação do primeiro turno das eleições municipais. Segundo ele, houve uma atuação articulada para tentar “desacreditar” as instituições do País. Barroso, no entanto, afirmou que os ataques foram neutralizados e não tiveram relação com o atraso na divulgação dos resultados.
“Milícias digitais entraram imediatamente em ação tentando desacreditar o sistema. Há suspeita de articulação de grupos extremistas que se empenham em desacreditar as instituições, clamam pela volta da ditadura e muitos deles são investigados pelo (Supremo Tribunal Federal) STF“, disse Barroso em entrevista no TSE, em Brasília. As suspeitas serão investigadas pela Polícia Federal.
O ministro evitou apontar as ligações políticas dos grupos que embarcaram na campanha de desinformação a partir das primeiras notícias de ataques ao TSE. Mas relatório produzido pela SaferNet, que colabora com o Ministério Público, mostrou que perfis bolsonaristas e ligados a movimentos de extrema-direita foram os que mais deram eco às informações falsas sobre a lisura do processo. Barroso disse que pediu para que sejam investigados “não apenas o ataque específico, mas a orquestração para desacreditar o sistema e as instituições”.
De acordo com a apuração da SaferNet, às 9h25 do domingo foram divulgadas informações de servidores e ex-ministros do TSE obtidas em ataque ocorrido em 23 de outubro. Os dados, porém, eram referentes ao período entre 2001 e 2010, e não tinham qualquer relação com o processo eleitoral.
Mesmo assim, o fato foi usado nas redes para colocar em dúvida a segurança das urnas eletrônicas. “A divulgação foi feita no dia da eleição para trazer impacto e para fazer parecer fragilidade do sistema eleitoral”, declarou Barroso. Um dos que deram vazão a esta narrativa foi o deputado federal bolsonarista Filipe Barros (PSL-PR), investigado pelo STF no inquérito das fake news.
Na sequência do vazamento dos dados sobre servidores, às 10h41, o TSE passou a sofrer um chamado “ataque de negação de serviço”, quando há milhares de tentativa de acesso para derrubar o sistema. As tentativas partiram do Brasil, dos Estados Unidos e da Nova Zelândia. Com 436 mil conexões por segundo, os sistemas ficaram lentos, mas resistiram.
Na manhã de ontem, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, o próprio presidente Jair Bolsonaro colocou em dúvida a lisura das eleições. “Nós temos que ter um sistema de apuração que não deixe dúvidas. É só isso. Tem que ser confiável e rápido não deixar margem para suposições”, disse o presidente, sem apresentar qualquer evidência de irregularidade (mais informações nesta página).
Atraso
Barroso também deu uma nova versão para o atraso na totalização dos votos no primeiro turno, feita apenas às 23h55 de anteontem. Segundo ele, a entrega de um “supercomputador” pela empresa Oracle foi atrasada por causa da pandemia do novo coronavírus. Comprado em março, o equipamento chegou em agosto.
Assim, afirmou o ministro, não houve tempo suficiente para testes prévios e a inteligência artificial do sistema não foi capaz de aprender a tempo a processar o volume de informações que recebeu. “Imaginar que um atraso de duas horas e meia na contabilização possa repercutir no resultado é não lidar com a realidade. A realidade sai da urna”, disse Barroso. “Em nenhum momento a integridade do sistema esteve em risco.”