Suspensão da Fundação IBGE+: Alívio Temporário ou Solução para Crise Interna?

Suspensão da IBGE+ gera alívio temporário, mas tensões entre servidores e administração permanecem. O que vem a seguir para o IBGE?

  • Data: 29/01/2025 19:01
  • Alterado: 29/01/2025 19:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Suspensão da Fundação IBGE+: Alívio Temporário ou Solução para Crise Interna?

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Crédito:Tânia Rêgo - Agência Brasil

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A suspensão temporária da Fundação IBGE+ foi anunciada pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na tarde desta quarta-feira (29). Embora essa medida possa amenizar a crise interna que envolve os servidores do órgão e seu presidente, Marcio Pochmann, especialistas alertam que não resolve as tensões acumuladas nas últimas semanas.

Funcionários do IBGE manifestam forte descontentamento em relação à atual administração, especialmente após declarações de Pochmann que insinuaram a disseminação de informações falsas por parte dos servidores. O comunicado emitido em 15 de janeiro gerou indignação e exacerbou as relações já conturbadas entre a gestão e o corpo técnico.

Embora a criação da IBGE+ tenha sido um fator central na crise, os servidores também demandam maior diálogo sobre outras questões que impactam o funcionamento do instituto. A nova fundação foi criticada por sua proposta de captação de recursos privados, levando a acusações de que estaria criando um “IBGE paralelo”.

Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do IBGE, compara a nota de suspensão a uma tentativa inicial de controlar um incêndio. Ele enfatiza que, embora seja um bom começo, é fundamental restabelecer os laços entre a administração e os funcionários. Rabello descreve a situação atual como um grande ressentimento dentro da instituição e reconhece que Pochmann enfrentará desafios significativos para restaurar a confiança.

Os conflitos tiveram início em setembro, quando a proposta da IBGE+ foi anunciada. Além das críticas relacionadas à nova fundação, os funcionários expressaram preocupação com mudanças como o retorno ao trabalho presencial e transferências de sede que resultaram em dificuldades logísticas para muitos.

Roberto Olinto, que dirigiu o IBGE entre 2017 e 2019, classifica a suspensão como um “paliativo”. Para ele, o problema começou com a implementação da IBGE+ e foi intensificado pela postura combativa da administração atual. Em resposta ao anúncio da suspensão, a assessoria de imprensa do IBGE não comentou oficialmente.

Pochmann defendeu sua gestão em declarações recentes, argumentando que as fundações podem trazer inovações e ampliar orçamentos nas instituições públicas. Entretanto, sua abordagem tem sido criticada por falta de diálogo e por decisões consideradas autoritárias por parte dos trabalhadores.

A Assibge, entidade sindical dos trabalhadores do IBGE, avaliou a suspensão da fundação como uma vitória parcial. Apesar disso, destacou que ainda há necessidade de esclarecimentos sobre os próximos passos e sobre as ações antissindicais que ocorreram nos últimos meses.

A demógrafa Suzana Cavenaghi também apontou para uma perda significativa de confiança entre os técnicos e a presidência. Ela argumenta que somente suspender a IBGE+ não será suficiente para restaurar essa confiança deteriorada.

Nos bastidores, acredita-se que essa decisão foi uma tentativa não apenas de minimizar o conflito interno, mas também de preservar Pochmann no cargo, uma vez que ele foi nomeado pelo presidente Lula. O futuro da gestão Pochmann no IBGE continua incerto enquanto as tensões internas permanecem elevadas.

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  • Data: 29/01/2025 07:01
  • Alterado:29/01/2025 19:01
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  • Fonte: Folhapress









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