Surto de virose no Guarujá pode ter vindo de esgoto clandestino
Condição médica é denominada virose devido ao fato de mais de 95% dos casos serem causados por vírus, como norovírus, rotavírus e adenovírus.
- Data: 05/01/2025 12:01
- Alterado: 05/01/2025 12:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Governo de São Paulo/Divulgação
No último sábado (4), a Prefeitura de Guarujá, localizada no litoral paulista, divulgou uma notificação à Sabesp, a companhia responsável pelo saneamento no estado, levantando preocupações sobre possíveis vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na área da praia da Enseada.
A administração municipal acredita que esses fatores possam ser responsáveis pelo aumento significativo dos casos de gastroenterocolite aguda, uma inflamação que afeta o estômago e os intestinos, situação que tem gerado uma sobrecarga nos hospitais da região. Outros municípios nas proximidades também relataram um aumento de casos semelhantes.
Em comunicado oficial, a gestão de Guarujá expressou sua frustração por não ter recebido uma resposta da Sabesp. Em contrapartida, a companhia negou ter sido oficialmente notificada e afirmou que o surto em questão não está relacionado às suas operações. “Não foram identificados problemas na rede que pudessem afetar as praias do Guarujá. Todos os sistemas de água e esgoto da Baixada Santista estão funcionando normalmente e são monitorados continuamente”, informou a empresa em uma nota enviada na noite do mesmo dia.
A Sabesp acrescentou que já havia esclarecido as suas ações à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A empresa ressaltou que aproximadamente 45 mil imóveis na cidade são irregulares, possibilitando que o esgoto seja despejado em galerias pluviais, o que poderia impactar negativamente a balneabilidade das praias. Essas galerias desembocam diretamente no mar e, portanto, exigem supervisão da prefeitura.
Em declarações anteriores, a companhia informou à Folha que houve um vazamento de esgoto na praia da Enseada na quinta-feira (2). No entanto, enfatizou que essa ocorrência era pontual e não relacionada ao surto viral que afeta várias cidades. A Sabesp alegou que não é viável haver contaminação simultânea em locais distintos e garantiu que as limpezas necessárias já haviam sido realizadas.
A condição médica é denominada virose devido ao fato de mais de 95% dos casos serem causados por vírus, como norovírus, rotavírus e adenovírus. Outras causas podem incluir bactérias, parasitas ou ingestão de alimentos contaminados. O município aguarda resultados de exames enviados ao Instituto Adolfo Lutz para identificar a origem do surto.
Além disso, conforme noticiado pela coluna Painel, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) enviou ofícios à Sabesp, à CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e à Secretaria Estadual de Saúde solicitando esclarecimentos sobre o surto. Nos documentos, ela questiona as medidas adotadas para garantir a qualidade da água fornecida à população e a balneabilidade das praias.
Neste início de ano, Guarujá tem observado um aumento alarmante nos casos de virose. Segundo dados da prefeitura, houve um incremento de 42% nas reclamações relacionadas a quadros virais nos serviços de pronto-atendimento. Em dezembro passado, foram registrados mais de 2.064 atendimentos relacionados.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Enseada e Rodoviária receberam reforço em sua equipe para atender os pacientes com maior eficiência. Desde 3 de janeiro, foi acrescentado um médico e um enfermeiro às equipes dessas unidades. A pasta declarou que o tempo médio de espera neste sábado foi reduzido, embora ainda superior a uma hora.
Além disso, as Unidades de Saúde da Família localizadas nos bairros Jardim dos Pássaros, Vila Rã e Cidade Atlântica agora funcionam até as 22h sem necessidade de agendamento prévio para consultas.
Moradores e turistas das cidades vizinhas como Santos, Praia Grande e São Sebastião também relataram sintomas gastrointestinais similares.
Os principais sinais clínicos da virose incluem diarreia, vômitos, dor abdominal, febre, náuseas, dores musculares e cefaleia.
Marco Chacon, coordenador da Vigilância Sanitária de Guarujá, destacou medidas preventivas essenciais para evitar contaminações: lavagem frequente das mãos e alimentos, abstinência do consumo de produtos desconhecidos ou expostos ao sol (como gelo), evitando aglomerações e preferindo ambientes ventilados.
Para atenuar os sintomas associados à virose é recomendável repouso adequado, hidratação constante com água ou isotônicos e restrição ao consumo de leite e derivados, café, refrigerantes e alimentos gordurosos ou crus. Caso os sintomas persistam por mais de 12 horas, é crucial buscar atendimento médico imediatamente.