Sucuri grávida é atropelada e perde 40 filhotes na rodovia MT-338

Especialistas alertam sobre impactos ambientais e necessidade de proteção.

  • Data: 08/01/2025 20:01
  • Alterado: 08/01/2025 20:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Sucuri grávida é atropelada e perde 40 filhotes na rodovia MT-338

Crédito:Reprodução/ Instagram

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Na última segunda-feira (6), um trágico incidente envolvendo uma sucuri-verde (Eunectes murinus) ocorreu na rodovia MT-338, em Porto dos Gaúchos, a 644 km de Cuiabá. O animal, que estava grávido, foi atropelado, resultando na expulsão de cerca de 40 filhotes, conforme relatado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O agrônomo Adriano Próspero, que se dirigia a Cuiabá, se deparou com o corpo da serpente, que media aproximadamente oito metros. Ele registrou o acontecimento em vídeo, posteriormente compartilhado por Ederson Negri Antonioli, criador do canal no YouTube @ederfisherman.

“Inicialmente pensei que o animal estivesse vivo e diminui a velocidade. Ao me aproximar, percebi que já estava morto. Parei para filmar. Com certeza o acidente ocorreu à noite, pois quando cheguei pela manhã os filhotes já estavam sem vida. A cena era aterrorizante e representa uma perda inestimável”, relatou Próspero.

A doutora Daniella França, especialista em répteis e anfíbios, destacou que acidentes como este são comuns nas estradas brasileiras e afetam especialmente essas espécies. Segundo ela, as sucuris-verdes geralmente atingem cerca de sete metros de comprimento, embora algumas possam ser maiores. As fêmeas tendem a ser maiores que os machos e podem estar buscando locais próximos a corpos d’água para dar à luz.

“Os filhotes observados nas imagens pareciam quase prontos para nascer”, avaliou França. Ela também mencionou que o espalhamento dos filhotes pelo asfalto pode ser explicado por traumas causados pelo atropelamento ou pela contração muscular da mãe no momento da morte, o que poderia ter feito com que alguns filhotes saíssem pela cloaca.

As fêmeas da espécie são capazes de gestar até 60 filhotes de uma só vez e, como são vivíparas, dão à luz filhotes já aptos a sobreviver sozinhos, com aproximadamente 50 centímetros de comprimento.

A morte da sucuri grávida e a consequente perda de seus filhotes têm implicações ambientais significativas. Segundo a especialista, as sucuris desempenham um papel vital como predadores de topo de cadeia e sua extinção pode afetar o equilíbrio das populações animais na região.

Anderson Ferreira Carnaúba, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), esclareceu que as sucuris não são venenosas, mas podem atacar se se sentirem ameaçadas.

O Ibama expressou sua tristeza em relação ao incidente e ressaltou que é responsabilidade das concessionárias rodoviárias implementar medidas para mitigar os impactos sobre a fauna silvestre. “O atropelamento de animais em rodovias é uma das principais ameaças à biodiversidade no Brasil, especialmente em regiões ricas em biodiversidade como Mato Grosso. A gestão ambiental eficaz dessas áreas é essencial para minimizar tais ocorrências”, concluiu o órgão.

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  • Data: 08/01/2025 08:01
  • Alterado:08/01/2025 20:01
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  • Fonte: Folhapress









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