Setembro Amarelo: Taxa de suicídio em idosos é 50% maior em comparação a outras faixas etárias
Números do setor reforçam a importância de cuidados com a saúde mental do grupo
- Data: 13/09/2024 10:09
- Alterado: 13/09/2024 10:09
- Autor: Redação
- Fonte: Acuidar
Idoso
Crédito:Rafa Neddermeyer - Agência Brasil
Registros divulgados pelo Hospital Santa Mônica mostram que os índices de suicídio em pessoas com mais de 60 anos são quase 50% maiores em comparação ao restante da população. Entre os idosos acima de 70 anos, essas taxas são ainda mais elevadas, destacando-se, sobretudo, entre homens.
De acordo com Jéssica Ramalho, cofundadora e COO da Acuidar, rede especializada em cuidadores, esses números são alarmantes e reforçam a necessidade urgente de uma atenção maior à saúde mental dos idosos. “A prevenção é essencial, pois muitas vezes sinais de alerta passam despercebidos, tanto por familiares quanto pelos próprios profissionais de saúde”, explica Ramalho.
Ainda segundo a especialista, o processo de envelhecimento, quando não acompanhado de um suporte adequado, pode gerar isolamento social e sentimentos de inutilidade. Esses fatores são agravantes para o desenvolvimento de transtornos mentais, como a depressão, que, conforme ressalta Ramalho, é um dos principais gatilhos para o suicídio na terceira idade. “Cuidar da saúde mental do idoso é prevenir que essa pessoa se sinta abandonada ou sem perspectivas, condições que aumentam o risco de suicídio”.
Jéssica também chama a atenção para a importância de iniciativas preventivas. Para ela, “não basta tratar as doenças físicas; é fundamental olhar para o lado emocional do idoso”. Com uma abordagem humanizada, ela afirma que o acompanhamento de cuidadores especializados pode ser um passo decisivo para minimizar esses riscos, ao garantir tanto o cuidado físico quanto o mental.
Causas
De acordo com dados da Faculdade de Medicina da UFMG, transtornos mentais, depressão, uso de álcool e o diagnóstico de demência são responsáveis por 71% a 97% dos casos de suicídio entre idosos. A presença de condições médicas, como dor crônica, também é um fator agravante, que eleva em até 10 vezes o risco de suicídio entre homens, e em 2 vezes entre mulheres. O impacto da dor persistente, associado à falta de mobilidade e perda da autonomia, acarreta em danos graves a saúde mental nessa faixa etária.
Outro aspecto relevante é o impacto do luto e das perdas acumuladas ao longo da vida, que podem intensificar a sensação de solidão e desamparo nos idosos. Ramalho aponta que, com o envelhecimento, muitos enfrentam a morte de cônjuges, amigos e parentes, o que gera um vazio emocional difícil de preencher.
“A ausência dessas pessoas próximas, somada a uma possível falta de suporte social adequado, pode agravar a tristeza e o isolamento, aumentando o risco de comportamentos suicidas”, explica. Ela acrescenta que, em muitos casos, o idoso não encontra espaço para expressar seu sofrimento, o que reforça a necessidade de apoio especializado.
Como lidar
A prevenção do suicídio entre idosos passa pelo reconhecimento precoce dos sinais de alerta e pelo suporte imediato. Jéssica defende que é fundamental haver uma rede de apoio tanto emocional quanto prática para o idoso. “O suporte imediato é crucial. Um cuidador especializado pode fazer toda a diferença, ao garantir uma rotina saudável e atenta às necessidades não apenas físicas, mas também emocionais”, afirma. Ela lembra que o cuidador, ao acompanhar de perto o idoso, pode identificar alterações comportamentais e agir preventivamente.
A profissional também enfatiza que o diálogo contínuo com o paciente, aliado a uma rotina que promova a autonomia dentro de suas limitações, é uma medida eficaz na prevenção de pensamentos suicidas. Atividades que estimulem o senso de pertencimento e a utilidade social do idoso, como pequenos projetos ou tarefas domésticas, podem reduzir consideravelmente os sentimentos de inutilidade e isolamento. “A convivência ativa e o apoio emocional são pilares para preservar a saúde mental dos idosos”, ressalta.
Nesse panorama, Ramalho sugere que a busca por um cuidado especializado, por meio de cuidadores, seja vista como um investimento na qualidade de vida do idoso. “O cuidador não é apenas um auxiliar nas tarefas diárias, ele se torna um ponto de referência emocional e social, ajudando a criar um ambiente mais acolhedor e seguro”, conclui.