Sesc Santo André dá continuidade ao projeto Cenas Centrífugas em maio
Espetáculos, rodas de conversa, oficinas e ocupações convidam o público a conhecer os bastidores da produção teatral, e vivenciar as noções de centro e marginalidade na atmosfera artística
- Data: 02/05/2019 09:05
- Alterado: 02/05/2019 09:05
- Autor: Redação
- Fonte: Sesc Santo André
Era Uma Era
Crédito:divulgação
No mês de maio o Sesc Santo André dá continuidade à programação do Cenas Centrífugas, projeto que convida a refletir sobre as noções de centro e margem a partir de encontros entre grupos teatrais do ABC Paulista e da cidade de São Paulo. Nesta primeira edição, foram convidados a Coletiva Pássaro com Cabeça de Mulher, de Santo André, o Teatro de Torneado, de Ribeirão Pires, e a Cia. Mungunzá, de São Paulo. A programação conta com uma série de espetáculos e atividades que aproximam o público da linguagem do teatro.
O Cenas Centrífugas apresentará obras individuais dos grupos em diferentes datas, além de ações que propõem o trabalho coletivo entre eles por meio de oficinas, debates, e uma espécie de residência teatral coletiva, que reunirá todos os coletivos sob orientação do dramaturgo andreense Marcio Castro.
O público será convidado a mergulhar nos bastidores da linguagem teatral visitando os cenários dos espetáculos, que permanecerão montados e abertos à visitação durante todo o período do projeto. Concebida em parceria com o cenógrafo e artista visual Julio Dojcsar, esta instalação pretende convidar as pessoas, familiarizadas ou não com o teatro, a mergulharem nos detalhes deste universo artístico.
Além das interações com os grupos teatrais selecionados para a primeira edição do Cenas Centrífugas, o projeto também promove rodas de conversa com a dramaturga Dione Carlos e o diretor Lubi Marques, mestres da Escola Livre de Teatro, para discutir seus processos criativos, propostas de encenação, estéticas e modo de produção teatral.
O Cenas Centrífugas busca enaltecer “afinidades entre três grupos artísticos e os convida para residirem por um mês, apresentando não só suas obras para um determinado público, mas compartilhando entre si suas incongruências, pensamentos, concordâncias, discordâncias e modos operantes”, afirma Verônica Gentilin, integrante da Cia. Mungunzá de Teatro. “Há que se pensar margem e centro como condições geográficas, culturais e sociais”, completa.
No que se refere ao teatro, atualmente, a cena do ABC estabelece relações diversas com a cidade de São Paulo. Estas conexões ou desconexões produzem tensões que, muitas vezes, são refletidas nas produções teatrais regionais e têm impacto nas proposições estéticas e políticas.
Para William Costa Lima, curador artístico do Pequeno Teatro de Torneado, “fazer parte do Cenas Centrífugas nesse atual momento de nossa trajetória de fixação num território do ABC Paulista significa fortalecer a importância de que, em assunto de cultura, não se cria cena central”.
Confira a programação do Cenas Centrífugas para o mês de maio.
Sesc Santo André – Cenas Centrífugas
De 1 a 19 de maio de 2019
Espetáculo
Epidemia Prata, com Cia. Mungunzá
Dia 3/5, sexta, às 21h.
Ingressos em R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia-entrada) e R$ 6,00 (trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes com Credencial Plena).
Recomendação etária: 16 anos.
No Espaço de Eventos.
O espetáculo traz relatos dos atores sobre as relações tecidas com os usuários de crack e os moradores de rua, em sua atual residência no Teatro de Contêiner Mungunzá localizado na Cracolândia (região vulnerável no centro da cidade).
Espetáculo
Poema suspenso para uma cidade em queda, com Cia. Mungunzá
Dia 4/5, sábado, às 20h.
Ingressos em R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia-entrada) e R$ 6,00 (trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes com Credencial Plena).
Recomendação etária: 16 anos.
No Espaço de Eventos.
O espetáculo é a costura de fragmentos das biografias dos atores, alinhavados pela história metafórica de um corpo que cai do topo de um prédio e nunca chega ao chão. Enquanto o corpo permanece suspenso, a vida dos moradores desse prédio se congela em seus próprios traumas e as histórias de cada morador vão se amarrando de formas inusitadas.
Espetáculo
Pássaro com cabeça de mulher, com Coletiva Pássaro com Cabeça de Mulher
De 5 a 19/5. Domingos, das 19h às 20h30.
Ingressos em R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia-entrada) e R$ 6,00 (trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes com Credencial Plena).
Recomendação etária: 16 anos.
No Espaço de Eventos.
Criação teatral, política e poética inspirada no feminismo. O trabalho parte da crítica do ideal de feminilidade propagado pelo patriarcado para discutir a violência contra a mulher, a sexualidade feminina e a necessidade de solidariedade entre as mulheres. Num primeiro momento, as performers e musicistas trazem para a cena o embate entre verbos públicos e privados para a mulher e a destituição destes espaços. Num segundo momento, deslocando-se para outro lugar o que se constrói é um espaço de fala para todas as que se sentem representadas no feminino. Uma dança-trauma.
Espetáculo Infantil
Era Uma Era, com Cia. Mungunzá
Dias 5 e 12/5. Domingos, às 12h.
Ingressos em R$ 17,00 (inteira), R$ 8,50 (meia-entrada) e R$ 5,10 (trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes com Credencial Plena).
Livre para todos os públicos.
No Espaço de Eventos.
O espetáculo infanto-juvenil conta a história de um Reino que quer preservar a todo custo sua memória, através de selfies, HDs e linhas do tempo de redes sociais. Uma fábula digital contemporânea que explora, discute e reflete sobre as novas ferramentas de comunicação.
Oficina
Iniciação ao Teatro, com Cia. Mungunzá, Coletiva Pássaro com Cabeça de Mulher e Trupe Teatro de Torneado
Dias 7 e 14/5. Terças, das 14h às 18h
Grátis. Vagas limitadas. Recomendação etária: 14 anos.
No Espaço de Eventos.
Voltada para jovens interessados em teatro, mas sem iniciação artística, a oficina pretende oferecer um primeiro passo pelos muitos caminhos da linguagem teatral. Partindo de discussões sobre identidade, representatividade e performance, os grupos envolvidos no projeto lançarão mão de suas propostas pedagógicas e referências artísticas para traçar junto com os participantes estes deslocamentos.
Ocupação
Ateliê Aberto: TRANSE, com Cia. Mungunzá, Coletiva Pássaro com Cabeça de Mulher e Trupe Teatro de Torneado
Dias 8 e 15/5. Quartas, das 14h às 18h.
Grátis. Recomendação etária: 16 anos.
No Espaço de Eventos.
Provocados pelo dramaturgo Marcio Castro, os grupos envolvidos no projeto desenvolverão experimentações a partir do texto “TRANSE”, de autoria de Marcio. Por meio de proposições práticas e teóricas, os atores e atrizes serão estimulados a perceber as aproximações e os afastamentos entre suas propostas estéticas. O público está convidado a participar, assistindo ou mesmo interagindo com os artistas.
Marcio Castro é artista teatral, bacharel em história e mestrando em história social pela FFLCH/USP com a pesquisa Com quantas vozes se faz um coro: Teatro Forja, formação cultural e sindical (1979-1986). Também é formado em interpretação teatral pela Escola Livre de Teatro de Santo André. Atuou em espetáculos e integrou companhias diversas do ABC e da cidade de São Paulo. Como dramaturgo adaptou a obra de James Joyce, Ulisses, para a Cia Estrela D’Alva, em parceria com Lucienne Guedes; escreveu Movimentos para Embarcar, do Coletivo Intrânsito e Os Negros – Uma Lacuna, a partir do fragmento homônimo de Lima Barreto, em parceria com Salloma Salomão. Escreveu Otelo e a Loira de Veneza,adaptação da obra de William Shakespeare para a Cia. Lona de Retalhos e estreou o espetáculo Trotsky – Peça para Televisores e não Televisores, concepção em parceria com Talita Araújo, do núcleozonaautônoma. Trabalhou como agente cultural no projeto Cidadania Rodante: Ação de redução de danos na Luz – Cracolândia pela Casadalapa / Casa Rodante, em parceria com a secretaria de direitos humanos da cidade de São Paulo.
Bate-papo
Momentos Críticos, com Dione Carlos e Lubi Marques
Dias 8 e 15/5. Quartas, às 20h.
Grátis. Livre para todos os públicos.
Recomendação etária: 16 anos.
No Espaço de Eventos.
Os grupos integrantes do projeto se reúnem com a dramaturga Dione Carlos (dia 08) e o diretor Lubi Marques (dia 15), mestres da Escola Livre de Teatro de Santo André, para discutir seus processos criativos, propostas de encenação, estéticas e modo de produção teatral.
Dione Carlos cursou jornalismo na Universidade Metodista de São Paulo. Estudou atuação na escola de Teatro Globe/SP. Atuou como atriz na Cia. Teatro Promíscuo, de Renato Borghi e Élcio Nogueira. Formada em Dramaturgia pela SP Escola de Teatro, desenvolve parcerias com Cias. de teatro. Trabalhou com a Cia. do Pássaro, Cia. do Mofo, Cia. Club Noir, Cia. do Caminho Velho, Cia. Livre, Coletivo Legítima Defesa, além de parcerias com artistas (de modo autônomo). Assinou a dramaturgia de doze peças encenadas. É responsável pelo Núcleo de Dramaturgia da Escola Livre de Teatro de Santo André e dramaturga convidada do Projeto Espetáculo da Fábrica de Cultura da Brasilândia. Em 2017, lançou Dramaturgias do Front, seu primeiro livro, com três peças de sua autoria: Sete, Bonita e Kaim.
Nascido em Santos, Lubi Marques integra o Grupo XIX de Teatro, desde 2001 e o Teatro Kunyn, desde 2009, sendo diretor e co-criador dos espetáculos: Hysteria; Hygiene; Arrufos; Marcha para Zenturo; Nada aconteceu Tudo acontece Tudo está acontecendo; Teorema 21 , Intervenção Dalloway, Hoje o escuro vai esperar para que possamos conversar e Estrada do Sul (em parceria com Teatro Dell´argine – Itália). Fora do XIX, criou e dirigiu mais 15 peças em parcerias com grupos de São Paulo, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Espírito Santo e Acre. Suas peças já foram encenadas em mais de 100 cidades no Brasil e 24 no exterior (Cabo Verde, França, Guiana Francesa, Inglaterra, Itália e Portugal) sendo feitas em inglês, francês e italiano. Ao longo de sua trajetória acumula entre prêmios e indicações mais de 15 menções nos principais prêmios do país.
Oficina
Laboratório de Criação Cênica, com Cia. Mungunzá, Coletiva Pássaro com Cabeça de Mulher e Trupe Teatro de Torneado
Dias 9 e 16/5. Quintas, das 14h às 18h.
Grátis. Recomendação etária: 16 anos.
No Espaço de Eventos.
Por meio de discussões, exercícios e experimentações, a oficina oferecerá a oportunidade de conhecer mais intimamente as propostas estéticas e os processos criativos de cada um dos grupos envolvidos no projeto. Voltada para atores e atrizes, formados e em formação, a oficina pretende instituir um espaço colaborativo de criação cênica – podendo, inclusive, redundar numa apresentação para o público.
Espetáculo
Por que a criança cozinha na polenta?, com Cia. Mungunzá
Dia 10/5, sexta, às 21h.
Ingressos em R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia-entrada) e R$ 6,00 (trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes com Credencial Plena).
Recomendação etária: 16 anos.
No Espaço de Eventos.
O espetáculo é a adaptação do livro autobiográfico de Aglaja Veteranyi e conta a saga de uma família circense que foge da ditadura de Ceaucescu na Romênia e vem para o Ocidente. As desventuras dessa família refugiada é narrada pela ótica de uma menina de 13 anos.
Espetáculo
Luis Antônio-Gabriela, com Cia. Mungunzá
Dia 11/5. Sábado, às 20h.
Grátis. Recomendação etária: 16 anos.
Ingressos em R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia-entrada) e R$ 6,00 (trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes com Credencial Plena).
No Espaço de Eventos.
No espetáculo, o diretor Nelson Baskerville coloca em cena sua própria história, onde o irmão mais velho, Luis Antonio, desafia as regras de uma família conservadora dos anos 1960 e parte para a Espanha sob o nome de Gabriela.
Instalação
Cenas Centrífugas, com Cia. Mungunzá, Coletiva Pássaro com Cabeça de Mulher e Trupe Teatro de Torneado
De 16/4 a 19/5. Terças a sextas, das 13h30 às 21h30 (exceto dia 19/4).
De 20/4 a 19/5. Quarta a sábado, das 10h30 às 18h30.
Grátis. No Espaço de Eventos.
Recomendação etária 16 anos.
Os cenários dos espetáculos dos grupos envolvidos no projeto permanecem montados durante um mês numa espécie de instalação-residência, concebida em parceria com o cenógrafo e artista visual Julio Dojcsar. O público está convidado a transitar por entre os espaços e estruturas cênicas, bem como a interagir com os atores e atrizes durante montagens, ensaios, aquecimentos e outras atividades. A ideia é revelar, descortinar os bastidores da linguagem teatral que estão além da cena.
Julio Dojcsar é cenógrafo e grafiteiro. Desenvolve seu trabalho com base em intervenções urbanas e seus desdobramentos em outras mídias (teatro, vídeo e instalações), buscando provocar o publico a responsabilizar-se com a obra de arte, evidenciando questões sobre a apropriação do que é público e ocupações do espaço. Integrante do coletivo casadalapa e da frente 3 de fevereiro. Cenógrafo dos Grupos Coletivo Negro, Cia. Treme Terra de Música e Dança e do Núcleo Zona Autônoma. Com a Frente 3 de Fevereiro, desenvolveu várias intervenções que provocam a discussão do racismo institucionalizado no estado brasileiro. Participou da Copa da Cultura em Berlim 2006, do Fórum de Artes Públicas em Johannesburgo – África do Sul 2008 onde realizou intervenção artística na tríplice fronteira África do Sul/Moçambique/Zimbábue, No Brasil coordenou uma série de intervenções que estão registradas na trilogia Zumbi Somos Nós. Co-criador com a casadalapa e aliados da Série Enquadro – uma série de 9 intervenções que narram a vida nos territórios da cidade de São Paulo. (2007 – 2017).
Sobre os grupos teatrais da 1ª edição do Cenas Centrífugas
Trupe Teatro de Torneado
O Teatro de Torneado é uma trupe de artistas que, desde 2005, tem construindo uma importante trajetória de iniciação e formação, recebendo diversas críticas e sendo indicado ao Prêmio Shell 2015 na categoria Inovação. Em sua trajetória estão espetáculos como Primavera, Peter em Fúria e Do Ensaio para o Baile. Com o passar dos anos, a trupe se aprimorou na construção de fábulas que refletem questões socioculturais.
Coletiva Pássaro com Cabeça de Mulher
A Coletiva Pássaro com Cabeça de Mulher, fundada em 2015 por mulheres, mães, artistas do ABC, pretende uma criação manifesto em busca da defesa da mulher, da crítica ao patriarcado e à opressão de gênero sempre em relação com as questões de raça e classe. Para tal lança mão da performatividade e das sonoridades da improvisação instrumental. A cena é espetáculo, intervenção, ato, grito.
Cia. Mungunzá de Teatro
A Cia. Mungunzá de Teatro desenvolve há dez anos uma pesquisa focada no teatro contemporâneo, onde a organização, produção e criação artística é executada por um núcleo de sete artistas que, além das montagens teatrais, também propõem iniciativas socioculturais. Em 2017 construíram e inauguraram o Teatro de Contêiner Mungunzá, espaço cultural, localizado na região da Luz, próximo à Cracolândia.