Renan Filho usa leilões de rodovias do governo Lula para se contrapor a Tarcísio
Ministro dos Transportes participa, nesta semana, do sexto leilão de rodovias do governo Lula; Tarcísio não comenta
- Data: 30/10/2024 14:10
- Alterado: 30/10/2024 14:10
- Autor: Redação
- Fonte: André Borges/Folhapress
Crédito:Agência Senado
O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), usa o sexto leilão de rodovia do governo Lula 3, marcado para esta quinta-feira (23) na B3, para realizar um contraponto à gestão Jair Bolsonaro (PL) e ao então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Republicanos), hoje governador de São Paulo.
“Até o fim do ano, vamos chegar a 11 leilões em apenas dois anos de governo. Em um ano e meio, fizemos o que Tarcísio e Bolsonaro levaram quatro anos para fazer”, disse Renan Filho à Folha.
“O resultado, hoje, é real. Não temos vozes defendendo modelos do passado. Até o fim de 2026, nossa meta é fazer 35 leilões novos de rodovias, além de relicitar 14 concessões do passado, que ficaram com obras paradas. Vamos levar a leilão novamente. Isso pode gerar 49 contratos, contra os 6 que eles fizeram em quatro anos”, disse o ministro.
Padrinho político de Ricardo Nunes (MDB), agora reeleito para a Prefeitura de São Paulo, Tarcísio de Freitas é considerado o nome da direita mais bem posicionado atualmente para se candidatar à Presidência da República em 2026, caso Bolsonaro permaneça inelegível. A imagem de político que “entrega resultado”, construída ainda na Esplanada dos Ministérios, continua a ser a principal marca de sua gestão.
A reportagem procurou Tarcísio de Freitas para comentar as falas de Renan. O governador disse que não iria se manifestar. Nesta quarta-feira (30), Tarcísio participa do leilão estadual da Rota Sorocabana, que abrange 460 quilômetros de rodovias, com investimento previsto de R$ 8,8 bilhões.
Procurado, Bolsonaro não respondeu.
Entre 2019 e 2022, o governo Bolsonaro fez a concessão da BR-364 e 365, entre Minas Gerais e Goiás; da BR-163 e 230, entre o Mato Grosso e Pará; da BR-116/493/465, entre Rio de Janeiro e Minas Gerais; e da BR-101, em Santa Catarina. As outras duas concessões foram a Dutra, que passou por relicitação após o término do contrato; e a BR-153, após ser devolvida pela concessionária anterior.
Na esfera federal, Renan Filho afirma que, entre as mudanças realizadas nas concessões rodoviárias, buscou-se maior alinhamento às exigências impostas pelo TCU (Tribunal de Contas da União), o contato com políticos ligados aos Estados cortados pelas estradas e a padronização dos contratos, com maior previsibilidade para o setor privado.
Nesta quinta, o ministro estará nas instalações da B3 para acompanhar o leilão da BR-262, no trecho que liga as cidades mineiras de Uberaba e Betim. A concessão da rodovia, conhecida como “Rota do Zebu”, prevê um total de R$ 8,54 bilhões de investimentos no trecho, sendo R$ 4,39 bilhões em obras de longo prazo e R$ 4,14 bilhões em manutenção e operação da via.
“O mercado sabe que o modelo do passado demorava demais para fazer os leilões, para trazer concorrência e competitividade”, disse Renan Filho. “O resultado disso também foram contratos malfeitos, com as autorizações e prorrogações de ferrovias. Estamos revisando, trazendo resultado e caixa para a União.”
Parte dos contratos de concessão que passaram por relicitação foi firmada ainda na gestão da então presidente Dilma Rousseff (PT), porque as empresas não conseguiram fazer frente ao volume de duplicações e obras que assumiram à época.
No dia 5 de dezembro, o governo realiza o leilão da “Rota da Celulose”, com oferta do trecho BR-262/267/MS e MS-040/338/395. No dia 12 de dezembro, será concedida a “Rota Verde”, entre Rio Verde, Goiânia e Itumbiara, em Goiás. Na mesma data, ocorre o leilão das “Rodovias Integradas do Paraná”, que inclui trechos estaduais e da BR-369. Em 19 de dezembro, será a vez da ponte São Borja, que liga o Brasil à Argentina, cruzando o rio Paraguai, além de mais um bloco das “Rodovias Integradas do Paraná”, desta vez ligado à BR-163.
Se considerados apenas os investimentos pesados previstos nestes contratos de concessão, chega-se ao valor total de R$ 37 bilhões.